Parte II

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— Eu creio que existe alguém que procura incessantemente uma resposta. — Aponta Rara patriarcalmente e, logo pude perceber que se referia a Robert, pois no comenos a seguir, subira os imensuráveis degraus para o piso alteroso, orientando-se ao seu dormitório, deixando-me inquestionavelmente para trás, naquela extensiva divisão de minha "Mini mansão".

E lá estava eu, por entre os espaços de minha excelsa estância, com uma realidade que por mais que tentasse negar, era inevitável o seu próximo acontecimento, porque eu já atinara que a partir do momento em que havia reencontrado a negridão viva do meu transcorrido, justificações eu devera ao homem a que pertencia o meu ser, porém, ainda não era uma realidade que eu quisesse ressuscitar, em princípio, não hoje, pela razão que o meu Robert eu precisava proteger de mim, sendo que eu seria o ponto-chave para um avassalador xeque-mate, dado que era algo que podia pressentir, e se isso significasse ter de o abdicar para não o arrastar ao meu universo mais tétrico, eu o faria, mesmo que perdesse, porque escolhera perdê-lo, do que prendê-lo a uma mulher que não se pode permitir viver, pois amar significa a nossa própria renúncia. Então, assim sendo, me direccionara e posicionara o meu corpo para inaugurar o movimento que daria exórdio ao processo de subida aos degraus, uma vez que não se poderia adiar o inevitável, para posteriormente ir ao piso altaneiro.

No chão ressaltado, andava detidamente por entre o corredor de acesso a minha alcova, sendo que assim que chegara à porta de meu compartimento, descerrara-a delicadamente, visto que não descartara a possibilidade de que meu Robert pudesse estar no seu mais profundo sono, introduzindo-me assim, logo de seguida e estreitando-a de imediato. Assim que adentrara ao meu benemérito nicho, percorrera com os meus olhos vislumbrando cada recanto daquela repartição, deparando-me com um par de íris melânicas, ao pé do pilar de minha espaçosa cama, que de certa forma, ansiavam a minha vinda, posto que em seus olhos, se fazia transparecer tudo o que sentira, ainda mais quando neles, sempre há a resposta para as minhas sequentes dúvidas.

O clima que pairava dentro do meu aposento era intenso, porque eu estremava no espectar de meu Robert, as inquietações que guardava acerca dos sucedidos de hoje e, eu poderia entender o porquê, uma vez que não é comum ver a mulher cuja qual te apaixonaras, irreconhecível perante a figura de um até então, desconhecido homem. Robert se encontrara sentado em minha graúda cama, próximo a sua pilastra, porém, logo erguera-se, dado que procedera a abertura de sua expressão, rescindindo, desse jeito, o intensivo ar que consta em meu inaudito dormitório.

— Será que eu já me tornei, suficientemente alguém, para que me possas confiar? — Inquire Robert brandamente e num tom baixo, quase que aos sussurros e já se avizinhando de meu corpo.

— Robert, eu não quero falar sobre isto agora. — Indico cuidadosamente, todavia com os olhos molhados, pois sua anterior pergunta tinha-me fragmentado na totalidade e, com a sua musculatura, perto de minha silhueta.

— Tudo bem. — Externa Robert suavemente, tentando deixar um abrasador beijo em meus lábios, porém não conseguindo, visto que eu desviara o meu delicado rosto para uma das laterais, contrariando assim, a direcção de sua osculação, fazendo com que no minuto a seguir, as suas íris se encontrassem com as minhas, que após a curva, o havia contemplado permanentemente e, com isso, ver a tamanha perplexidade que esboçara, isso pela reacção que tinha tido, sendo que seus idênticos olhos, o denunciavam.

— Eu não posso me permitir sentir outra vez — Explicito arquejante e com a cabeça baixa que batera contra seu macio peito, cortando dessa maneira, a conversação ocular que anteriormente se estabelecera entre nós, retirando a minha inegável aliança que ainda se inseria em meus leves dedos, e já com carpidos infindáveis que desciam de meu rosto, constituo uma fugaz folga em meu discurso, mas prosseguindo prontamente — Eu creio que isto deve pertencer a mulher, que a ti por completo, se poder entregar. — Fecho já com a cabeça erguida e ainda em vagidos, olhando-o sem algum desvio, friccionando o raro material de forma redonda de coloração caliginosa, mas com detalhes dourados, que era nada mais e nada menos do que ouro e, que lhe davam um aspecto único, contra o seu semelhante gentil peito, fazendo, dessa forma, com que percebesse que já não mais me concernia.

— Tu és Lúcia Morgan, a mulher que eu escolhi, com ou sem uma aliança, e mesmo que por completo não te possas entregar, eu sempre te vou amar — Assegura Robert similmente com a respiração desregulada e, também, com plangor nos olhos, exercendo uma curta paralisação em seu enunciado, no entanto, avançando para a sequência — Porque perdido em ti estou, pois lembra-te sempre que, amar significa muito mais do que desejar, e tu sabes sempre onde me encontrar. — Conclui Robert ainda anelante, liberando um terno beijo em minha bochecha, saindo na continuidade, do território intitulado de "meu quarto", deixando a presente aliança em minhas mãos.

E com lágrimas inacabáveis que já despencavam de meu frontispício, permitira a minha débil estatura, entrar em atrição com a branca parede que revestia o meu distinto quarto, uma vez que me encontrava recostada a similar taipa, viabilizando dessa maneira, o deslize das minhas costas, devido ao atrito e, então, deste modo, cair sentada ao frio chão. Gotas de água perseguiam-me a todo momento, pois porque eu sabia que o meu ser a Robert pertencia, mas eu não poderia aprisioná-lo ao abismo que me fazia companhia já há longos períodos, dado que com isso, eu não me condescenderia consignar ao seu abismável amor.

Depois de vários momentos entre inesgotáveis choros e com um frigido chão no meu acompanhamento, decido levantar-me do gelado chão, para no prosseguimento aconchegar-me em minha alargada cama e, desta vez, sem os tenros braços de meu Robert para que me possam refrigerar. Ao chegar a sua borda, abancara-me no mesmo instante, retirando sincronicamente os indiscutíveis saltos, que os meus dóceis pés carregavam, para que assim, eu possa deitar-me na gélida cama, pois o manto que a aquecia, já não se encontrara. Com mais lágrimas que ameaçavam pender de meu rosto, sou aturdida com a cinesia decrescente de minhas pesadas pálpebras, que davam indícios de estarem cansadas, uma vez que com recorrentes pingos de meus castanhos olhos, haviam sido notificadas, sendo assim, a única pendência do dia que era para ser de surpresas, mas que terminara com muitos infortúnios, era dormir, e fora o que fizera.

Em uma nova data e sem registos de Robert do lado oposto de minha profusa cama, o que me produzira profunda dor, sendo que lembranças da noite passada se faziam assentes em minha memória, despertara ao som de gotículas de água que provinham da banda de fora, o que indicara que Manchester tinha acordado molhada e húmida, posto que a chuva fora a sua companheira, visto que sabia desta particularidade, porque guiara os meus olhos a grande abertura que residia em uma das brancas paredes de meu quarto. Pós avistar com os órgãos visuais a paisagem que Manchester nos proporcionara, por meio daquela dilatada frincha, defino altear a minha leve constituição da minha abrangente cama para mais um dia de regular mister. Portanto, dirigira-me ao meu emérito banheiro, para mais uma quente e confortante imersão, dado que surpreendida estava, pelo motivo de que apesar de mais uma vez não dormitar em meu aprazível pijama, depois do meu mergulho nocturno, não havia acordado com as tais ditas dores musculares, que sempre acontecia, quando deliberava não encerrar a trivial acção.

Continua...

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