Capítulo 4

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Chego à porta da sala do escritório de Milena e, abro-a de uma maneira brusca e inesperada, tanto que até a própria se assusta.

— Nossa Lúcia! — Vozeia boquiaberta — Vamos lá com calma. — Vocifera assustada.

— Como posso acalmar-me, se contratas um homem para ser meu assistente sem me dar as devidas informações? — Questiono indignada.

— Lúcia, ele mostrou-se bastante competente e confiável para desenvolver tais funções. — Devolve Milena sem algum desconforto.

— Tu estás a utilizar as minhas palavras para caracterizá-lo? — Interpelo ainda irritada.

— Não! — Pronuncia em divertimento — Querida donzela, estou apenas a fazer das tuas, as minhas palavras. — Diz já rindo e fazendo as suas hilárias micagens.

Suspiro para manter a pacificidade, às vezes, Milena consegue mesmo tirar-me do sério. Mas mesmo que assim o faça, ela continua sendo uma pessoa admirável.

— Eu vou tomar café, é melhor. — Afirmo e saio do seu gabinete.

— Estás mesmo a precisar, aproveita e vê se consegues absorver bem a cafeína, talvez seja a única que te consiga acalmar! — Enuncia Milena gritando através da porta e, pude notar, que se mantinha a regozijar-se.

Depois deste episódio, fui a uma cafetaria perto da empresa, onde a maioria de meus funcionários se encontrava, quando estavam no seu horário livre, ou no almoço. Assim que coloco os pés, pude sentir o maravilhoso cheiro de café que pairava no lugar, algo que realmente apreciava. Não demoro e vou logo ao balcão, onde sou atendida de maneira muito simpática, por uma jovem de nome Lívia, pois no seu uniforme, vinha um crachá que continha o seu nome.

— O que vai ser, senhorita? —  Pergunta alegremente.

— Uno cappuccino, por favor. — Expresso com um sotaque da velha Itália e, de forma, engraçada.

— Já a sair! — Manifesta afortunadamente.

E então, a afável rapariga* sai e, na sequência, volta com o meu pedido em suas mãos, entregando a mim, que me despacho tirando o cartão da carteira, para poder efectuar o pagamento.

— Obrigada! — Agradeço e, ela, simplesmente limita-se a apresentar-me um sorriso meigo e doce.

Depois disso, vou andando até à porta para poder abandonar à cafetaria, porém, eu não me apercebo que enquanto guardava o meu cartão em minha carteira, vinha precisamente em minha direcção, alguém. Foi então, que nesse momento, o meu corpo esbarra numa figura, que era claramente mais forte do que eu, porque ele agarrou-me logo em seguida. Digo ele, já que podia sentir os seus firmes braços em mim, e não devido ao seu perfume, que por incrível que pareça, era doce demais, para ser usado por um homem, o que me deixou verdadeiramente admirada, sendo que pensava eu, que era a única que escolhia, ou que desejava uma fragrância de outro género que não fosse o meu. Resolvo então, olhar para cima, para ver quem era o dono daqueles consistentes membros. Assim sendo, me deparo com um par de olhos castanho-claros parecidos com o mel, já bem conhecidos por mim.

Era ele.

O meu assistente que o havia deixado no meu escritório há um par de horas, estava agora a agarrar-me para que não me desequilibrasse, eu não tirava os olhos dele e, ele, fazia o mesmo comigo, mas esse momento prontamente passou, pois o cappuccino derramado, estava quente o suficiente para nos separar. Mas assim não aconteceu, o que me permitiu estar incrédula. Ele apenas limitou-se a limpar a gotícula por cima de meus lábios, passando os seus dedos, delicadamente sobre eles, esquecendo-se completamente de tudo.

Glossário

* Rapariga = Garota

Rapariga é utilizado pelo português PT.

Garota é utilizado pelo português BR.

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