Parte III

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— Onde julgas que vais, menino Robert? — Pergunta Amaro ousadamente, dirigindo a sua mensagem oral ao meu Robert, ao perceber que tentaria ajudar-me.

— Mas qual classe de homem repugnante, és tu? — Contrapõe o meu Robert, nitidamente, alterado e transtornado.

— Uh! — Descarrega imoral — Que palavras tão más! — Exclama Amaro sarcástico, com um satírico sorriso em seu rosto, igualmente — Mas como eu sou um gentleman, vamos tirar as tuas dúvidas: — Prossegue mordaz — Precisas de alguma ajuda, Lúcia? — Conclui continuando no mesmo timbre.

— Não — Revido, após arduamente, elevar-me da exasperante relva e, numa tonalidade consistente, apesar das inanições — Eu estou aqui, se é a mim que queres, não precisas de matá-lo para isso — Profiro com alguma dificuldade — Deixa-o ir. — Relato com uma corrente lágrima, que escapara do meu destroçado rosto, independentemente de aparentar dureza, fazendo referência, para que isentasse o meu Robert, daquela aterradora situação.

— Lúcia, tu não precisas de fazer isso! — Vozeia Robert com voz mais rouca, o que significava, as abafadas lágrimas que tentara reprimir, e numa sonoridade muito alta.

— Quão linda é a discussão entre ti e o homem que julgas amar, pois é um iludido homem, mas, Lúcia, que raios de ficção, andas tu a assistir? — Lança ironicamente — Isto é, que diabos te passa pela cabeça? — Cospe zombeteiramente — Ou melhor, o que julgas que isto é? — Questiona Amaro, claramente enraivecido, porém, sem o seu tinido ácido — Isto, não é um final de cena das tuas iludidas ficções, em que o vilão, é atrapado pelos bons da fita, porque se julgaras assim, lamento informar-te, que não é o teu presente caso. — Encerra Amaro, com um riso bastante acre e malicioso.

E, quando pensara que o seus vocábulos terminaram, uma vez que seguira com o seu regozijo azedo, avançara, instantaneamente, com os seus dizeres.

— E, já agora, eu não deixara as portas abertas da tua propriedade, para que te permitisses promiscuar, com qualquer novo proprietário, que se dissesse te amar — Dispara áspero — Olha que este teu lado rameiro, não se aproxima, de forma alguma, da inocente menina porque hei-me apaixonado e, repara que, de ti, sempre hei gostado — Procede rude, dando folgas em seus comentários — Diz-me apenas mais uma curiosidade — Insiste com o sonido interrogativo — Nesta vossa ilusão que julgam ser amor, quem fora o sedutor e quem fora o seduzido? — Sonda Amaro, modificando a sua nota, para uma mais cruel e intolerante.

— E o quê que isso importa agora? — Interponho invariável e sem algum tipo de papa na língua.

— Tu já devias saber, que eu não faço perguntas, que não têm uma pronta resposta, portanto, se não quiseres que esta arma, possa, prontamente, fuzilar o homem em que acreditas amar, é melhor começares a elaborá-la, porque dependendo da resposta, haverá consequências diferentes. — Redargua seco e abundantemente empedernido.

— Fui eu a sedutora, feliz com a resposta? — Devolvo a Amaro, mantendo-me na igual soada.

— Lúcia, tu não precisas continuar com isso. — Brada o meu Robert já sem fôlego, contudo, eu sabia que era o único modo de poder desprendê-lo, dado isso, ilibar a sua presença, era a singular maneira de assegurar, o oxigénio em seus pulmões, posto que somente eu, conhecera, o quão Amaro Princenton, um tétrico homem, poderia ser.

— Ah! — Vocifera inclemente — Então foi o teu instinto carnal que falou mais alto — Afirma com uma toada, que mais parecia uma inquisição — Quanta promiscuidade, Lúcia! — Ruge caçoísta — Chega até mim. — Esbraveja Amaro arrogante, na normalidade.

E, a partir do ponto em que me estabelecia, naquele dilatado viridário, e com os clamores de meu Robert, para que não progredisse a minha acção, o que me dilacerava na totalidade e me rompia por dentro, adiantara passos ainda exíguos e lânguidos, para ir ao encontro da figura que, em nenhum momento, retirara a sua AK 47 da direcção de meu Robert, em toda a discussão e, que cuja qual, eu presenciaria os meus últimos suspiros, em suas mãos. Era Amaro Princenton, o homem que me há denegrido, que em minha sanidade, sem remorso, há atirado, e que algum dia, irei, de idêntica forma, sem algum arrependimento, o assassinar, no seu devido altar.

Já diante de sua ignóbil postura, sou violentamente surpreendida, com a marcação de seus desprezativos cinco dedos em meu rosto, fora tão agressiva a sua bofetada, que há rachado os meus lábios, proporcionando, assim, o palato do fluido encarregado por nossos processos metabólicos, em minha zona receptiva e, fazendo com que também, o meu rosto virasse para o respectivo lado, de onde proviera o tabefe, o que não me extasiara, dado que deste vil homem, nenhuma mais, me admirara.

Do outro lado, poderia ouvir os estridentes gritos de meu Robert, pelo feito que acabara de suceder, porém, nada poderia fazer, visto que aquela mal-afortunada AK 47, não saíra de nenhuma maneira, de sua direcção, uma vez que antes da minha verônica virar-se, por causa da invasiva bofetada, assegurara um contacto visual com este menosprezável homem, todavia, não sendo recíproco, porque as suas concentrações, já tinham uma linha definida, além de que, eu estava perante a sua física constituição e, não de frente a ela, fazendo com permanecesse, ligeiramente, na sua lateral e, sem inibir o seu campo de visão, ainda assim, Amaro era capacitado o suficiente para esbofetear alguém, enquanto a outra de suas depravadas mãos, segurara a AK 47, sem, no entanto, desviar a sua atenção, uma vez que eram movimentos muito diferentes, já que não se precisara olhar a uma pessoa, para, seguidamente, estapeá-la. Era apenas necessário, um conjunto de habilidades bem projectadas, que era o que aquele lúbrico homem, tinha.

— Há algum vestígio de dor, Lúcia? — Interroga Amaro desavergonhadamente, sem sequer contemplar-me, posto que a sua orientação, sempre fora o meu Robert.

— Não. — Replico resistente, apesar da queimante algia que experimentava, em uma de minhas bandas, retirando da minha cavidade bucal, todo líquido rubro, no minuto a seguir.

A verdade é que, não existia maneira de eu e meu Robert desatarmo-nos, deste desprezável varonil e desta situação, sem que nenhum de nós, deixasse de respirar, porque vivendo a morte, um dos dois estaria, pois não era possível abandonar aquele quadro, cujo protagonista, era aquele antimoral homem, a pior sombra de meu sombreado pretérito, sem que a ortotanásia, um de nós, fosse experienciar, porém, morta eu já haveria de estar, pela acção que, no minuto vindouro, prontificaria e viabilizaria. Seja qual dos lados escolhesse, o meu desfalecimento presenciaria, entretanto, eu apenas optara por uma doce morte, entre os esbraseantes e macios braços do homem, a que o meu ser, sempre irá pertencer, do que me permitir ser assassinada por um homem, que jamais, me poderá voltar a ter.

Continua...

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