Capítulo 21

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Retornei à casa devastada e um profundo silêncio reinava sobre ela. Apenas subi ao meu quarto, pousando os meus pertences em algum lugar, para que assim, pudesse despir-me e, ir ao banheiro tomar um banho quente e aconchegante. Durante o banho, mesmo com a água semi-aquecida, notei que lágrimas ainda despencavam sobre a minha face, permitindo-me sentir, o seu gosto salgado. Após o banho, visto o meu agradável pijama, mas nem ele hoje, é capaz de me deixar confortável, então, assim que chego à cama, durmo, ou pelo menos tento. Acordo cedo, porque por mais uma vez, a minha noite havia sido carregada por insónias, pois durante a noite, despertava repentina e repetidas vezes. Por incrível que pareça, a cabeça não me doía, o que facilitou a minha ida ao banheiro para uma nova imersão, e para um contemporâneo dia que acabara de começar. Faço as minhas rotineiras actividades íntimas e, sem perder muito mais tempo, desço. Defino não tomar o pequeno-almoço, fazendo com que não me curvasse à cozinha e, que nem visse Matilde, indo desse modo, directo ao meu simples Ranger, sendo que o senhor Park como todas as manhãs, estava à espera de mim, e num abrir e piscar de olhos, já estávamos nos direccionando para a empresa.

Compareço à empresa num par de minutos, hoje as estradas estavam livres, o que possibilitou o nosso rápido trajecto. Adentro, e como ainda é bastante cedo, não havia funcionários na recepção, então, subo directo ao meu escritório, encontrando, desse jeito, Alice no balcão, o que me espantou, pois era muito cedo, mas limito-me a esboçar-lhe um sorriso afectuoso e, ela faz o mesmo. Entro em meu escritório e sem mais demoras, começo a trabalhar em alguns relatórios. Já era hora do pequeno-almoço, visto que não tomei, liguei à Alice a partir do telemóvel fixo que havia em minha mesa, pedindo-lhe assim, que me trouxesse apenas um café, sendo que não estava com muita fome.

E, num par de instantes, Alice mostra-se com o meu pedido, exibindo-me um regozijo e, antes que ela pudesse sair, a interpelo fazendo um outro pedido.

— Alice, por favor, ligue para o Dr. Miller e transfere a chamada para o meu escritório. — Comunico mansamente.

— Passa-se alguma coisa, senhorita Lúcia? — Inquire duvidante.

— Alice, com todo respeito, peço-te para que não te envolvas. — Exprimo continuando tranquila.

Ela assente e sai de minha sala e, nuns apressados segundos, oiço o mesmo telemóvel fixo tocar, então, resolvo atender de imediato.

— Dr. Miller? — Questiono calmamente.

— Ah! — Exclama engraçado — Minha pequena Lúcia! — Vozeia humorístico — Há quanto tempo? — Demanda divertido.

— Isso digo eu, que desde que te tornaras num renomado advogado, esqueceste-te até de mim. — Declaro no igual tom.

— Ah! — Repõe animado — Minha querida Lúcia, sempre tão dramática, porém sem mais delongas, diz lá, o que tens para me contar? — Interroga ainda alegre e, pude reparar, seu caloroso riso.

— Eu quero fazer uma denúncia. — Enuncio já séria.

— Como?! — Dispara surpreendido  — O que aconteceu, minha querida Lúcia? — Retorna pasmado — Até onde sei, tu nunca foste uma menina de te meter em sarilhos. — Declama inquieto.

— E vou continuar a ser, portanto, não é sobre mim, mas sim sobre um dos meus ex funcionários. — Expresso brandamente.

— E quais são as bases da denúncia? — Pergunta ainda preocupado.

— Perseguição e assédio moral. — Concluo severa.

— Oh! — Grita estupefacto — Meu Deus! — Vozeia boquiaberto — E ele alguma vez, tentou coisa alguma? — Pergunta admirando mais uma vez.

— Bom, na verdade não, ele simplesmente limita-se a declarar-se para mim, quando várias e várias vezes disse para não fazê-lo e, com isso, gostaria que ele fosse, ao menos, sancionado com uma prisão por assediar-me e perseguir-me. — Informo sossegadamente.

— Então — Diz exercendo uma folga — Nesse caso, eu não sei se o juiz poderá ceder a isso, visto que ele nunca tentou agressivamente fazer-te algo, além de claro, declarar-se a ti, porque suponho que esteja apaixonado. — Sugere pacientemente.

— Como assim?! — Disparo estarrecida — Eu estou a dizer que um dos meus funcionários me anda a tirar o sossego, assediando-me moralmente, além de persegui-me, recusando-se a ir embora de minha empresa, e tu dizes-me que nenhum juiz vai ceder? — Berro inclemente — Desde quando é que os crimes começaram a ser normalizados? — Manifesto intrangisente — Onde estão os direitos que vocês julgam defender? — Clamo ríspida — Dr. Miller, se não me vai ajudar, diga-me, e eu contratarei alguém que o faça. 一 Finalizo agastada.

— Lúcia, eu não te posso prometer nada, mas vou ver o que posso fazer, porém, não acredito que vá além de uma preventiva. — Clarifica   rendendo-se.

— Desde que ele fique longe de mim, é o suficiente e, quanto tempo será? — Questiono ávida.

— Possivelmente 1 ano, pois a pena máxima é de 4 anos, sendo que pode ter atenuantes. — Discorre suspirando.

— É mais do que suficiente. — Pronuncio e, logo de seguida, termino a chamada.

Depois disso, pensamentos me vinham a cabeça do que poderá acontecer brevemente, mas contudo, não era nada que não tivesse pedido para que não acontecesse, todavia, se assim aconteceu, é porque essa era a única saída, já que nem meus melhores amigos e nem ele, deram-me alguma alternativa.

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