Capítulo 42

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Ryan 

A tensão que pairava dentro daquele recinto, que apelidava de meu "Mini hospital" era intensiva. O silêncio ensurdecedor era ainda nosso companheiro, no entanto, a minha mente estava no mais alto nível de reflexões e, existiam replicações que  tinha de encontrar, mas por incrível que pareça, aquele fragoroso silêncio fora exposto aos gritos, isso porque aquela memorável mulher, acabara de o romper.

— Onde estou e por que estou aqui? —  Pergunta ansiosa, mas firme.

— Prazer, Ryan Rosland, e tu? — Indico provocativo — Estás bem? — Questiono audacioso, podendo assim reparar, que a memorosa mulher, se começava a irritar.

— Se eu quisesse saber o teu o nome, te tinha perguntado há segundos, apenas diga-me onde estou e evite tamanhos constrangimentos. — Informa seca e fria.

— Então, creio que temos uma bela fera por aqui. — Sentencio continuando no mesmo timbre e, já apresentando algum sorriso, que consequentemente, a levava as estribeiras.

— Eu não tenho tempo e nem energias para desperdiçar com piadas mal acabadas, portanto, apenas desempenhe a sua útil função e encurte o enredo. — Profere áspera e com um certo grau de sarcasmo.

— Ui! — Vozeio irreverente — Parece que a donzela, não teve o tão sonhado dia de libertação pelo príncipe encantado. — Contraponho com aquelas vozes de desenhos animados e já rindo.

— Por acaso apetece-te brincar com tudo isto? — Inquire alterando-se.

— Primeiro, precisas de te acalmar e, segundo — Garanto fazendo um recesso em meu discurso — Eu creio que tu saibas melhor o que se passou, visto que não há vestígios de teres danificado a parte do teu cérebro, responsável pela tua memória. — Findo fora de piadas.

E, no minuto a seguir, a tensão e o silêncio voltaram a fazer-nos companhia, entretanto, desta vez, por um período de tempo mais curto, pois agora, o rompidor era eu.

— Por que estavas naquele imenso mar, completamente entregue a ele? — Interrogo calmamente.

— Eu creio que este é um assunto que não te diz respeito. — Retruca severa.

— A partir do momento em que te hei encontrado, já se há tornado um assunto do meu respeito, agora diz-me, por que tentaram matar-te? — Demando serenamente e mantendo-me no igual ponto.

— Não foi uma tentativa de assassinato eu... — Corto-a sem a deixar finalizar — Então, foi uma tentativa de suicídio de tua parte. — Concluo inclemente, mesmo já sabendo a iminente resposta.

E, pela sua expressão, era legível que não podia negar, ou refutar a afirmação anteriormente dita por mim, dado que em seu rosto, havia a resposta dos observações que tanto me tinha reprimido em pensar.

— Que raios aconteceu para que te tentasses eliminar? — Interpelo sério.

— Há situações que não devem ser contadas e, eu prefiro não falar sobre este assunto — Assegura exercendo um intervalo em seu enunciado, todavia, avançando logo de seguida — É realmente verdade que tu não me consegues reconhecer? — Interroga desconfiada, porém consistente.

— Não me digas?! — Refuto extasiado.

— Ao que te referes? — Lança baralhada — Não te consigo compreender. — Manifesta numa certa entoação de desalinhamento.

— Eu não acredito que não me contaste! — Exclamo incrédulo.

— Como? — Mantém-se confusa — A que raios te referes? — Questiona ela com exasperação.

— Tu és a Rihanna disfarçada e não me disseste nada?! — Pergunto vozeiando e já indignado.

— Mas que diabos?! — Repõe rígida  — Eu refiro-me a mim, reconheces-me ou não? — Demanda exaltada.

— E quem não haveria de reconhecer a imponente, determinada e intransigente Lúcia Morgan? — Redarguo satírico — Eu creio que toda Manchester, além de Liverpool conhece e, quiçá, toda a Inglaterra também, pois caso não saibas, as notícias da tua morte foram reportadas por todo território, porém, as causas não foram reveladas. — Revelo descarado.

— Então, a que deveu-se tudo isto? — Inquire descortês.

— Isso pergunto eu, a ti. — Retruco circunspecto.

E então, a inconfundível Lúcia Morgan manteve o seu mutismo,  prestando bastante atenção em meu discurso dito e o que haveria de ser dito, pois de certa forma, sabia que eu ainda detinha algumas palavras.

— Eu não sei qual foi o mal que te levou para aquele fundo mar, mas deixa-me dizer-te que — Digo constituindo uma efémera suspensão em minha narração, mas seguindo prontamente — Viver é muito mais do que pensar em morrer. — Concluo sossegadamente em provérbios, que foram criados por mim.

Dito isto, a sua expressão outrora intolerável, se tornara pensativa, dado que vira o impacto que minhas últimas palavras, tiveram sobre a memorável Lúcia Morgan, ainda assim, as nossas atenções foram desviadas pelo som que provinha da Tv, anunciando o início de mais um diário telejornalístico, contudo, não era o diário de notícias que nos causava tamanha perplexidade, mas sim, o novo conjunto de actualizações, acerca da suposta morte da mulher, que naquele momento, compartilhava o mesmo recinto que eu.

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