Capítulo 19

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Robert

Depois da turbulenta discordância que tive com minha pequena Lúcia, saí da casa da senhorita Rara completamente devastado. Um pranto ininterrupto despenhava sobre o meu rosto e, de alguma maneira, sabia que algo do género poderia acontecer, mas mesmo assim, eu quis tentar, porque era por ela, era por minha Lúcia. No princípio, estava nervoso por colocar-me em sarilhos com uma senhorita que tinha acabado de esbarrar em mim, contudo, assim que ela pronunciou o nome de minha pequena, eu não resisti, ainda mais quando a espessura de seus grossos lábios, se fizeram, outra vez sentir, por entre meus, num toque que, cada vez mais me consumia. Assim que pusemos os olhos em sua casa, tivemos uma breve conversação em que me havia dito o seu nome, e o que era da minha pequena e, de certa maneira, acalmando-me também. Após isso, moveu-se andando pelos corredores de sua casa para atender as recorrentes chamadas de seu telefone. Porém, por mais uma vez, as coisas não correram bem e, agora, com certeza, minha pequena deve odiar-me mais, o que me deixava mais cabisbaixo. Eu não entendia o porquê de tratar-me assim, quando a única coisa que queria e quero, é fazer-lhe feliz, mas mesmo que ela assim me tratasse, sabia que não podia deixar de amá-la, porque a minha pequena simplesmente, havia-se tornado a minha maior doença.

Afastei-me de minhas reflexões por alguns minutos, sendo que assim que tinha saído da casa da senhorita Rara, demarquei-me a chamar um táxi, visto que havia deixado o meu nobre Lexus na empresa, porque ela trouxera-me. Assim que adentro, faço gestos ao senhor que conduzia, dando-lhe a entender que queria que me levasse para casa, pois não estava em condições para expressar quaisquer palavras, então, a via até minha casa, foi indicado por mímicas vindas de minha parte. Eu não queria voltar à empresa porque sabia que não me concentraria no trabalho e, também, porque de certa guisa, não queria que as pessoas de lá, me vissem neste estado. Apesar de minhas escleras continuarem avermelhadas, as gotas de água que caíam sobre elas, já haviam secado e, foi nesse momento, que vibrações ao longo de um dos bolsos de minha calça, se fundavam, assim sendo, logo percebo que era o meu telefone, retiro-o de lá, e posso ver que era a senhorita Rara na chamada, dado que ela me tinha passado o seu terminal na breve conversa que tivemos em sua casa, além de que foi como uma medida de precaução por parte dela, caso as coisas tomassem diferentes parâmetros.

Demoro um certo instante a atender, visto que estava com receio, no entanto, acabo por responder ao terceiro toque.

— Robert, eu preciso que voltes à empresa. — Assegura praticamente suplicando, o que me deixou, certamente, confuso.

— Passa-se alguma coisa? — Questiono arreliado.

— Se amas a Lúcia verdadeiramente, peço-te para que vás, porque eu temo que algo possa acontecer. — Relata num timbre trémulo.

— Depois da intensa discussão que tivemos, duvido que ela se tenha dirigido para a empresa e, que muito menos, me queira ver. — Confesso num tom sereno, mas realista.

— Robert, conheço à Lúcia o suficiente e, sei que depois de tudo que se passou e o que ela descobriu, ela não haveria de voltar para casa. — Revela senhorita Rara já impaciente.

— Como assim? — Devolvo atônito —O que minha pequena descobriu? — Inquiro sem ter notado que me havia  referido à Lúcia daquela maneira, perante a senhorita Rara.

— Eu instalei alguns microfones em minha casa, para que Milena e Romando pudessem ouvir a vossa conversa, porque de certo modo, foi algo premeditado por nós. — Esclarece com receio e arrependimento em sua voz.

Eu permaneci paralisado naquele momento, agora, sem dúvidas, minha pequena me detestava ainda mais, pois com certeza, pensa o inimaginável.

— Desculpa-me Robert por tudo, todavia, se me permites, peço-te para que vás à empresa e tentes conversar com ela acerca disso, mas principalmente, para terminar o que já tinha começado cá em minha casa. — Conclui senhorita Rara.

— Tudo bem, eu vou para lá. — Digo e na sucessão, desligo a chamada.

Depois disso, peço ao senhor que conduzia o táxi, que mudasse o trilho e, ele assim o fez, nos orientando desse jeito, para a empresa. Eu sabia no grande sarilho em que me estava a meter, mas mesmo assim, eu queria, queria tentar mais uma vez.

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