Capítulo 41

46 5 30
                                    

Acordara com o enorme reflexo solar, que adentrara através das aberturas presentes nas paredes daquele quarto. Parecia um "Mini hospital", pois era devidamente bem equipado e, a cama personalizada, retirava todas as hipóteses de possíveis dúvidas. Era vasto, espaçoso e, muito bem harmonizado, o que fazia contraste, com os níveis de pensamentos que me ocorriam. A pergunta, cuja qual, buscava incessantemente a resposta era: Por que estava ali, se a morte já era dada como minha companheira?

Eu recordava-me de tudo, desde o momento em que havia saído da British Company, até ao preciso instante em que deixara o Robert, o meu Robert, dormindo reconfortantemente. Eu me tinha entregado a imensidão daquele mar, porque ele era a única opção viável, para deixar Robert viver a sua felicidade, sem o arrastar ao meu universo mais sombrio. Talvez não percebam, mas é como digo a mim mesma, eu não quero que entendam, nem que muito menos aceitem, pois porque a única coisa que quero, é que respeitem as minhas escolhas. Só haviam duas escolhas: Ou me perdia completamente em seus braços, arrastando-o ao meu universo mais sombrio, ou o deixava ser livre, relembrando um amor que jamais fora experimentado e, sinceramente, escolhi a segunda.

Eu não podia e nem tinha forças para retirar de Robert, a oportunidade de experienciar um amor, numa nova perspectiva, para carreá-lo e prender, numa ilusão que Lúcia Morgan é e, eu sabia que ele não o faria, portanto, só espero que algum dia, ele seja capaz de me perdoar, porque o meu amor eu tive de enterrar, para o poder libertar.

Milena, Romando e Rara, talvez nunca me haverão de perdoar por isto, sendo que nos últimos acontecimentos, antes da minha suposta morte, os ânimos entre nós, já não eram os melhores e, agora, nunca irei saber como haverão de ficar, porque Lúcia Morgan, agora é o vestígio de uma doce e amarga memória.

Levanto-me apressadamente da cama personalizada em que me encontrava, saindo assim, do meu mais profundo grau de pensamentos. Vagueio pela ampla ala, estudando-a, a fim de encontrar alguma coisa, que pudesse ajudar-me a recordar, o modo como fui parar naquela nobre casa, que pelos vistos, era verdadeiramente extensa.

Continuo reparando o local milimetricamente, quando subitamente, os meus olhos foram ao encontro de um homem, cujo porte físico e o rosto, eram desconhecidos para mim. Aquele homem era o que a maioria das mulheres qualificava como: "A minha doce e lunática perdição", pois ele era consideravelmente bonito. Era moreno e tinha as íris acinzentadas, porém, num tom mais escuro e com um brilho inegável, estrutura física atlética e bastante acentuada, uma boca lapidada na tonalidade rosa, mas não de forma abundante e excessiva, além de uns dentes alinhados ao detalhe, sabido por mim, uma vez que no minuto a seguir, esboçara um branco sorriso.

Pude notar que me analisava as minúcias e, sua expressão, era de um êxtase carregado com interrogações, isso, porque com certeza, possuía perguntas em sua mente, que necessitavam de respostas de minha parte e, nesse ponto, nós nos entrelaçávamos, visto que tanto ele como eu, necessitávamos e procurávamos por respostas que, nesse caso, ambos simplesmente, éramos capazes de tirar.

A tensão era reconhecível quando o seu olhar se cruzou com o meu, era como se estivéssemos a olhar para uma pintura de um quadro em uma galeria, cuja qual buscávamos saber, qual foi o tipo de tinta usado para a execução de tal quadro e, ao mesmo tempo que explorávamos a devida tinta, as semelhanças e as diferenças se faziam presentes, porém, nesta situação, examinávamos, a todo custo, o ponto de convergência em todas as divergências encontradas. Era nele e somente nele, que eu haveria de encontrar, a resposta a minha pergunta anteriormente feita. O nome daquele homem, cuja qual desconhecia, era o que marcaria o início do novo capítulo da minha vida, aquele era o homem que ressuscitara Lúcia Morgan e, aquele era o homem, que haveria de marcar de forma excêntrica, a nova divisão da vida de Lúcia Morgan, isto não era algo que sabia, pois porque era algo que sentia...

EYES & EYESOnde histórias criam vida. Descubra agora