EYES & EYES

Parte VII

Robert

O que muitos poderiam considerar como perda de liberdade, eu avaliava como a restauração da minha sanidade, estar trancado a nível destas 4 paredes, era, severamente, mais reconfortador do que se me permitisse lutar, pela minha inacessível independência, porque além desta ser, praticamente, impossível, eu não me autorizaria, a outra vez viver, ou sentir, pois morto eu estaria, sendo que a única figura, que detinha o poder, para tal efeito, já não mais entre os seres privilegiados, por ainda conterem oxigénio em seus pulmões, se posicionava, que era a minha pequena Lúcia, portanto, estas taipas, eram até bem acolhedoras, posto que perdia o meu tempo, entretido no ricochete de seu esbelto corpo, que se metia e se reflectia, em uma daquelas cinzentas paredes, possivelmente, poderia ser uma peripécia de minha irrecuperável mente, alucinando o seu reflexo, visto que, verdadeiramente, era demasiado realista, ou provavelmente, também fosse real, afinal, eu era capaz de sentir a brasa de seus quentes, grossos e rubros lábios, quando atrevidamente, porém, igualmente, embraçada me beijava, em uma das tórridas noites que tivéramos.

 Entretanto, eu não tinha capacidade, ainda, para profundamente, tocá-la, pelo motivo de que o nosso matrimónio, teríamos de projectar e, com essas eventualidades, perdera a noção da quantidade de vezes que, nesta gélida cama, que agora, colocava-se a minha musculatura deitada, hei dormido, sem algum vestígio alimentício, já que a projecção da minha pequena Lúcia, possuía ATP suficiente, para manter-me equilibrado e, sinceramente expressando-me, tampouco, hei-me importado em alimentar-me, apesar de todos os dias, chegar uma porção energética, no grau do espaço em que me inseria trancafiado, eventualmente, isso terá influenciado, nas enormes perdas de massas corporal, em que hei desgarrado, pois no ponto daquele quádruplo ambiente, existia um lavatório, para o seu preciso uso, no encadeamento de funções biológicas, com um certo espelho embutido na parede, o que serviu para a minha estrutura física analisar, não obstante de, constantemente, alucinar a carne de minha pequena Lúcia, contudo, discernimento da realidade, eu ainda não extraviara, no entanto, eu não me importara com o meu aspecto físico, porque já esmarrido estava, apenas faltava o meu devido enterramento, quando se registasse, o meu passamento.

Do que dizer do meu judicial processo? Resumidamente, era uma causa irreparável, posto que condenado, julgado e, com a pertinente pena de prisão maior, por um homicídio ter comido, eu tinha recebido, cujo qual, não demonstrara e, muito menos, algum dia, manifestarei remorso, porque tudo voltaria, nobremente, a repetir, se se tratasse da higidez de minha pequena Lúcia em recessão, apesar de Dr. Miller, tudo fazer, para poder de um impossível, não aprisionamento de minha estatura, liberar  e, que durante toda andança de audiências e sentença, mantivera-me sempre informado, não somente sobre assuntos jurídicos, que envolviam a minha configuração, mas como também, as condições que tudo englobava, fazendo com que, eu entendesse, por exemplo, o porquê de senhorita Milena, senhorita Rara e senhor Romando, não me virem visitar, visto que a princípio, julgara que a minha repugnante fisionomia, os fosse incomodar, porém, quando Dr. Miller há-me esclarecido todas as disposições, ficara mais descansado, pela razão de que, ao menos, eu não era detestado por eles, porque já bastava a sociedade exercer, essa sua desprezativa função, caso algum dia, daqui saísse e, se realmente, daqui me fosse, ainda com oxigénio em meus pulmões, uma vez que aqui, era a verídica "luta pela sobrevivência", em que a corda, continuamente, rebentaria para o lado mais fraco. Dr. Miller e eu, fincáramos, cada vez mais, o nosso laço, à medida que decorria o processo de meu julgamento, dado que não era novo, o seu rosto diante de mim, sendo que não era a primeira vez, que uma cerimónia de carácter constitucional, haveríamos de dividir, pois outrora, já nos tínhamos encontrado, em ocorrências que dispenso apresentações.

Repartia a cela, somente, com a minha segura companhia, por isso, não fora um mister árduo, abandoná-la, para dirigir-me ao encontro de minha pequena Lúcia, no seu mortório, que se assinalava na data de hoje, posto que como tivera dito, Dr. Miller alicerçava-me com informações e, quando me há dado esta notícia, permiti-me estar alegre, isso, por Dr. Miller ter conseguido, o que, juridicamente, designa-se Habeas corpus, o que significa o meu livramento, destas cinzentas taipas, no dia de hoje, nem que fosse apenas, por um período de tempo, prontamente, calculado, era como se de uma programação se tratasse, em que os "objectos abarcados" tinham um intervalo de tempo a cumprir. O regozijo não era pelo facto de minha pequena Lúcia, compor-se desprovida de algum gás respiratório, mas era porque, possibilitaram-me ir ao seu encontro, nem que pela última vez, a fosse despedir.

 No interno do veículo militar, onde pela primeira ocasião, fora brutalmente espancado e, também, devidamente acompanhado com os "guardas de proteçcão", que recebiam a antonomásia de polícias, quando estavam a transportar-me para o cárcere, que, neste momento, é a minha contemporânea localização, uma vez que de acordo com os polícias, era o modo como davam as "boas-vindas", aos novos "inocentes", da grandiosa "família", dado que, assim os clamara, no instante em que me auto declarava, enquanto violentamente, rompiam todas as articulações de meu corpo, o que de certa forma, contribuiu para os hematomas que tinha em meu fronte, o que não me surpreendera a desfiguração dele, pois durante o tempo em que me trucidavam, o meu rosto, fora por muitas vezes, a direcção que mais ia de acordo com os seus paladares, posto que eram dois polícias, com uma musculosidade bem definida e muito trabalhada, logo, nada poderia fazer e, sequer, queria defender-me, ou revidar suas acções.

Assim sendo, velozmente, iniciáramos o percurso com destinatário sabido por nós, sendo que a viatura, em que nos adicionávamos, já dava indícios da sua deslocação, ou movimentação. Após longos minutos, no seu núcleo, em deslocamento, pudera, finalmente, sentir a sua paralisação, porque aquele militar transporte, era despido de alguma janela, com um transparente vidro, para poder ver, a paisagem a fora, o que indicara, com a sua suspensão, que chegáramos ao itinerário.

Estava consciente de que pessoas poderia encontrar, no entanto, não me interessaria pelas suas reacções, acerca da minha postura, pois com certeza, extasiar-se-iam com a nova "persona", que reencarnara na minha figura, uma vez que não era, infimamente, semelhante a que sempre os brindara, à vista disso, decidira não conservar um contacto visual, inobstante de saber que, presumivelmente, magoaria a senhorita Milena, a senhorita Rara, ou o senhor Romando, todavia, era melhor que se assim efectuasse, dado que queimado eu já me preservava e, não os queria contaminar, com a minha morta sombra ambulante. Depois de receber a permissão dos "guardas de protecção", que no centro da viatura se organizavam, para que pudesse abandonar, o interior em que nos acrescentávamos, desalgemando-me, no minuto a seguir, visto que assim me firmava, no percurso de toda a minha deslocação, do meu mais novo endereço, partira, seguidamente, daquele meio de veículo, já que, ao menos, aqueles polícias respeitaram a minha perceptível dor, e sabendo que não haveria, para algum lado, fugir, porque não detinha essa possibilidade, sendo que mesmo que assim acontecesse, seria, rapidamente, descoberto, sendo que a minha pequena Lúcia, era amplamente, conhecida em toda Manchester e, os relatos de sua morte, já espalhados, com os cognomes englobados em todo conjunto, já devem estar, totalmente, verificados, para mais, esta opção, era irracionalmente coerente, porque o único lar, que poderia refugiar-me, seria na presença de senhorita Milena, senhorita Rara e senhor Romando que, a todo custo, eu não queria em risco, suas vidas e integridades físicas, colocar, deixaram-me do privado do veículo, ausentar-me, sem os seus acompanhamentos, posto que, com certeza, eles sabiam em que recinto nos expúnhamos, uma vez que eram, racionalmente, notificados, porque ordens superiores, também obedeciam.

Continua...