EYES & EYES

Capítulo 47

Robert

Conduzia já há algum tempo, afinal, o curso até Formby Beach não era necessariamente curto, porém, desta vez, não ia à Liverpool para uma habitual visita ao imenso mar que detinha as cinzas de Lúcia, todavia, não as de minha pequena Lúcia, a mulher que me havia perdidamente apaixonado e, que há 2 anos, grito incessantemente por sua presença. A rota até à delegacia onde se encontrava o detective Cowell, parecia cada vez mais encurtada, a cada milésima de segundo que se passava, e o dia que irrefutavelmente era tido como ilusão, começava a ganhar vida, para sair da imaginação, ao mundo real.

Dr. Pierce foi uma peça fundamental para que este dia ocorresse e, era incrível como meras coincidências, podiam mudar a nossa vida no minuto a seguir, e eu era a prova disso. Um homem que até ontem, era um completo incógnito para mim, revogara a forte ânsia que eu tinha para morrer e, ir ao encontro de minha pequena Lúcia, por isso, eu sempre o vou agradecer. Os meus dias ganhavam cores outra vez, e a morte de minha pequena Lúcia ficava gradativamente mais, no retroceder. Entretanto, a grande questão que assombrava a minha mente e os meus pensamentos intermináveis era: Onde está a minha pequena Lúcia? Essa é a pergunta, cuja qual, a resposta ainda tinha de percorrer, mas que a todo custo, eu haveria de descobrir.

Sou tirado de minhas reflexões com o som do toque de meu telefone, que vibrava instantaneamente em minha calça e, pelo sonido que o meu dispositivo efectuara, logo soube que se tratara de uma mensagem. E, para evitar possíveis situações de tragédia a nível do trânsito, decido parar o meu nobre Mercedes, para que assim, possa verificar de que assunto se examinara. Quando ligara o meu apetrecho, que ainda possuía o ecrã* bloqueado, pude ver por meio das notificações, que se assentara na mensagem de Dr. Pierce, acerca da fotografia de Lúcia Parker.

Após desbloquear a tela, sou arrebatadoramente surpreendido com a imagem de minha pequena Lúcia, ou melhor, de Lúcia Parker. Era inacreditável, a semelhança que havia entre a minha pequena Lúcia e a mulher cujo nome era Lúcia Parker. Não era, simplesmente, os primeiros nomes que se igualavam, era basicamente, todo conjunto. As suas características e feições estavam no mais perfeito grau de aproximação de minha pequena Lúcia, mas como bem disse Dr. Pierce, somente quem conhecia a minha pequena Lúcia e fizesse uma análise minuciosa a nível de seu rosto, era capaz de encontrar nas semelhanças, as divergências. E, depois de longos minutos observando detalhadamente o seu rosto, pude finalmente, atingir as diferenças.

Era exactamente aquilo que Dr. Pierce havia descrito, isto é, as diferenças situavam-se no grau de seu queixo, nariz e maçãs do rosto. Progressivamente mais, se consumara a ideia de que, aquela não era a minha pequena Lúcia, porém, ainda tínhamos de passar por um último teste. Dito isto, dou novamente início ao trilho, que outrora tinha parado.

Num par de horas, eu chegara à delegacia onde se localizava o dectetive Cowell. Assim que estaciono o meu honroso Mercedes dentro do parque daquele recinto, saio depressa do carro, entrando, no minuto a seguir, à delegacia. Já no seu interior, avisto dectetive Cowell em conversações com dois salva-vidas, pois as suas vestimentas os denunciavam e, eu creio que trabalhavam na praia de Formby Beach, sendo que esta, é a única praia que se situava perto daquela delegacia, isto de acordo com o mapa.

Assim que me aproximo deles, detective Cowell reconhece-me apenas com um olhar superficial, quando dirige os seus olhos na minha direcção, visto que andávamos muito achegados, já que ele era o detective responsável pelo caso de minha pequena Lúcia e, também, porque fazia parte de seu trabalho, identificar os possíveis contactos que minha pequena Lúcia mantinha, quando a notícia de sua morte foi repercutida e, consequentemente, eu o conhecendo igualmente, que assim sendo, sem mais demoras, cumprimenta-me amavelmente.

— Mr. Robert, em que lhe posso ser útil mais uma vez? — Aborda docemente — Apesar da nossa última conversação não ter sido tão feliz e, já agora, os meus pêsames outra vez. — Afirma tranquilamente.

— Dectetive Cowell, eu vim exactamente por isso — Articulo sem violências — Preciso de sua ajuda para encontrar o salva-vidas, que reportara o incidente daquela manhã fria de Novembro, pois minha pequena Lúcia não está morta. — Apronto sólido.

E a partir desse momento, pude notar a confusão expressa em seu fronte, causada por minhas palavras ditas, que sem perder muito mais tempo, se prontificou em refutar.

— Desculpe, mas como disse? — Retorque espantado — É realmente verdade o que acabara de dizer? — Interroga atordoado — Tem ao menos alguma prova, que comprove as suas teorias? — Inquire ainda com a mesmo semblante de desorientação.

— A cidadã morta naquela manhã de Novembro, não foi Lúcia Morgan, mas sim, a senhorita Lúcia Parker. — Asseguro mansamente e já mostrando a fotografia presente em meu telefone, causando assim, a sua tamanha estuporação.

— Inacreditável! — Vozeia bestificado— Muito bem, vamos falar com o Mr. Goslin, que é um dos salva-vidas mais assíduos desta praia. — Conta e já se direccionando, a uma das figuras que estava a nossa lateral direita, que julgava ser o homem que acabara de mencionar o nome.

— Mr. Goslin, o senhor por acaso constatou a presença de um corpo boiando perto da beira marítima de Formby Beach, em Novembro deste ano? — Apostrofa dectetive Cowell, ao homem cujo nome era Goslin e já apontando o seu dedo para o calendário, que estava fixo em uma das paredes daquela delegacia, que fazia menção ao ano de 2019, pois havia calendários dos 2 últimos anos, em ordem crescente numérica.

— Eu não, mas o meu companheiro Gregory pode ter visto alguma coisa, já que frequentemente me substituía, dado que havia dias em que os meus períodos, eram bastante curtos. — Certifica citando o seu colega de nome Gregory, que estava precisamente ao seu lado e, que no minuto a seguir, iniciara a sua mensagem oral.

Continua...

Glossário

* Ecrã = Tela

Ecrã é utilizado pelo português PT.

Tela é utilizado pelo português BR.