Parte II

21 3 30
                                    

Robert

Assim sendo, descera seguidamente do meu emérito carro, internizando, logo de seguida, à empresa. Já com a visão dos preparativos deste dia, na recepção da British Company e, sendo calorosamente bem recebido, mobilizara-me ao trivial caminho para originar o procedimento de subida, a fim de chegar ao piso alteroso e, na continuidade, ir ao escritório de minha pequena Lúcia, depois de equitativamente, andarilhar a via do passadiço de ingresso ao seu estúdio.

 Com todas essas etapas concluídas, apresentava-me nesta instância, a percorrer o passadouro de introdução ao seu gabinete e, assim que me aproximara da porta de sua sala, tive a pior visão de todos os tempos, que se consumava através da semelhante porta, uma vez que esta, era feita apenas de vidro, que apesar de fumado, era possível ver tudo o que acontecia no recôndito daquele nicho, dado que não havia sido escurecido de forma intensa. Completamente destroçado eu estava, pois não existiam quaisquer palavras, que pudessem expressar o que sentira, ao ver Lúcia, a minha pequena Lúcia, nos braços e, aos beijos, daquele que julgava ser, o actual companheiro de senhorita Milena.

Eu não queria e nem podia acreditar, naquela dilacerante vista, portanto, no minuto a seguir, desviara o meu olhar, apoiando uma de minhas mãos, numa das paredes daquele corredor de acesso, porque eu não era capaz de suportar. Era como se algum veneno, que nem sequer constava nas veias ao longo do meu corpo, começasse a surtir efeito, visto que minha respiração outrora regular, voltou-se ofegante por causa das correntes lágrimas, que já caíam sobre o meu rosto e, pela pouca presença de oxigénio em meus pulmões, o que resultou num anélito desregular, sentira como se me tivessem a asfixiar.

Após alguns longos segundos naquela situação e, no estado em que me punha, reposicionara o meu corpo, para que desse modo, pudesse introduzir-me em sua sala, sendo que precisava, ao menos, tentar compreender o que se passava, porém, quando me ajeitava para mais alguns passos dar e, finalmente adentrar, ao escritório de minha pequena Lúcia, posto que ainda me fixava a uma ínfima distância de seu escaninho, a porta se descerra, revelando a saída estrondosa daquele desprezível e já conhecido homem, pois batera a porta do escrínio de minha pequena Lúcia, de idêntica maneira ruidosa e, no momento que passara por minha musculosidade, ainda no passadiço de entrada, a poucos passos de seu estabelecido escritório, com o propósito de desarrimar aquela divisão, esboçara um insolente e sarcástico regozijo, porque com certeza, alegrava-se com a ocasião em que me encontrava, assim como minha pequena Lúcia, sendo que olhara afincadamente em sua face, na medida em que se apartava da repartição de minha pequena Lúcia, para buscar perceber, se a nível de seu rosto, havia algum grau de infortúnio, ou distinção de respeito, no entanto, logo me fazendo entender que, não tinha algum vestígio de moralidade naquele cínico homem, na proporção em que passava por minha fisionomia e esboçara aquele irreverente e satírico júbilo.

Isto ocorrendo, depois da ida daquele sórdido homem, interiorizara o escritório de minha pequena Lúcia com os olhos molhados e, com ela, prontamente reconhecendo, não apenas a minha figura, mas como através de minhas íris, dado que observara elas, a razão para a conversação que haveríamos de desdobrar, pois tudo aquilo, poderia significar o fim de uma união, que eu a todo custo, queria viver, mas já não sabia como continuar.

— Eu trouxe-te isto, porque acreditava que haverias de precisar. — Empeço assim, o meu discurso, de forma pacífica, acercando-me de sua adorável mesa de Mármore e, consequentemente, de sua silhueta, para que pudesse poisá-lo, pelo motivo de que estava fazendo referência ao telefone de minha pequena Lúcia, que permanecia em minhas mãos, uma vez que já o tinha tirado do bolso de minha demonstrada calça, sendo que o pusera lá, assim que o havia retirado de sua banca pela manhã, logo que abandonara o seu lhano quarto, palmilhando a via para vir ao seu encontro.

— Robert, eu posso explicar eu... — Intersecto-a sem a deixar findar e, já perto de sua atraente mesa de Mármore — E o que me vais explicar? — Avalio mantendo-me no mesmo acento, colocando o seu telefone sobre sua escrivaninha.

— Robert, não é nada do que estás a... — Corto-a pela segunda vez consecutiva — Lúcia, eu estive, estou e sempre estarei presente em ti, ou assim julgava eu, mas tu estás em mim, e nunca me hás confiado para contar, o que sempre te há assombrado — Exponho desacreditado — Agora eu chego em teu escritório, te encontro aos beijos com aquele homem, e me dizes que algo tens para contar? — Aguço ainda bestificado.

— Robert, eu não sei o que posso dizer. — Comenta minha pequena Lúcia, com lágrimas incessáveis que declinavam sobre sua verônica, que me dilaceravam na totalidade e, de guisa, ofegante.

— Assim sendo, responde-me apenas a essa questão — Articulo serenamente ainda com os olhos marejados, porém firme, constituindo assim, um intervalo em meu discorrer, mas avançando, na sucessão — Na noite em que havias tirado a aliança, tu já te encontravas com ele? — Intensifico, concluindo a minha conferência com uma inquisição e com gotas de água nos olhos, permanecendo na mesma tonalidade.

— Robert, eu não te admito que me possas ofender. — Divulga minha pequena Lúcia áspera, todavia até a este comenos, com pranto ininterrupto em seu rosto e, de semelhante feição, arquejante.

— Eu não te estou a ofender, Lúcia, mas já que a essa questão não me consegues retrucar, então, eu reformulo-a: — Manifesto desamedrontado — Quantos beijos aquele homem te há roubado e tu permitiste? — Interpelo já com prantinas traiçoeiras que escorriam, de forma tranquila, apesar de estar arrasado internamente e, igualmente, esperando uma resposta, que não contrariasse a minha questão, uma vez que os olhos de minha pequena Lúcia, a entregavam, dado que durante toda a troca de falas, o contacto visual fora estabelecido.

E, o silêncio da minha pequena Lúcia, no andamento da minha anterior interrogação, somente serviu para confirmar aquilo que deduzira, que era de que, a minha pequena Lúcia e aquele homem, já haviam colocado os seus lábios em beijos, mais de uma vez, portanto, sem mais nada que pudesse declarar e destruído pelas minhas crescentes gotas de água, dirigira-me, no segundo a seguir, a porta do escritório de minha pequena Lúcia, mas antes que saísse, afirmara no meu último pronunciamento, as minhas, de semelhante maneira, últimas palavras.

Continua...

EYES & EYESOnde histórias criam vida. Descubra agora