EYES & EYES

Capítulo 22

1 Semana depois...

Havia-se passado uma longa e fria semana, desde que havia feito aquele telefonema ao Dr. Miller, porém, ainda estava sem respostas definitivas em relação a esse assunto, não sabia se realmente Dr. Miller conseguira, o que lhe pedira. Nada verdadeiramente mudou, nem mesmo com meus melhores amigos, pois continuávamos severamente magoados uns com os outros, fazendo com que esse fosse o período mais longo que não nos falássemos, desde que havíamos discutido. E, apesar de trabalharmos todos na mesma empresa, raras vezes nos esbarrávamos, dando-me a entender, que cada um queria um certo espaço. Eu me encontrava a trabalhar na empresa, assim como todos dias faço, a mim se fazia acompanhar o meu eterno café, quando e por algum motivo, Alice entra em meu escritório, fazendo-me compreender que queria passar-me alguma informação.

— Desculpe incomodá-la senhorita Lúcia, mas é que o Dr. Miller ligou e, pediu para dizer-lhe que daqui a um par de horas, irá ligar para si. — Enuncia apresentando o seu caloroso sorriso.

Demarcara-me a assentir, mas antes mesmo que pudesse ir, puxa cuidadosamente, uma das cadeiras que existia em meu escritório, sentando-se de frente para mim e, empeçando o seu discurso.

— A senhorita está realmente bem? — Demanda receosa — Digo isso, porque tenho notado a sua expressão nestes últimos dias, e ela não parece positiva. — Diz sossegadamente.

E, nesse momento, dou um profundo suspiro, porque abertamente falando, nesta última semana, confesso que não tenho estado nos meus melhores ânimos, isso por causa dos antecedentes acontecimentos, além de reflexões e minhas recorridas insónias.

— Eu estou bem, não se preocupe senhorita Alice, são só alguns problemas. — Afirmo forçando uma alegria e, ela reparou nisso.

— Problemas tais como: — Palestra estabelecendo uma matreira pausa — Robert Gold? — Pergunta Alice e, de certo modo, causando-me algum espanto.

— Como é que tu sabes? — Inquiro incrédula.

— Ah senhorita Lúcia! — Profere suspirando 一 Eu posso ser uma simples funcionária, mas eu tenho olhos e ouvidos, além de que já conheço-a há um bom tempo e, eu sei exactamente quando existe um problema e, consequentemente, qual o seu autor. — Finda meigamente.

Delimito-me a olhar para ela e, prestando bastante atenção em suas palavras ditas, assim como as que virão, porque percebi que tinha mais algo a dizer.

— Senhorita Lúcia, eu sei que ama o Robert Gold e ... — Interrompo-a — Eu não o amo! — Exclamo.

— A senhorita pode até negar redondamente, mas isso vê-se perfeitamente em seus olhos, portanto, diz-me, se realmente não o ama, por que suas acções demonstram o contrário? — Interroga sem algum desconforto — Por que chora incessantemente e, em muitas vezes, dentro deste escritório por ele? — Impele incansável — E, principalmente, por que tentas protegê-lo de si mesma? — Solta na normalidade — Inconscientemente e irracionalmente, a senhorita grita que o ama desesperadamente, porque suas acções assim o demonstram, e só quem é atento tal como eu fui, é capaz de descodificar as mensagens encriptadas que o seu corpo, mente e coração dão. — Revela serena e deixando-me sem palavras, dado que mesmo que o negasse, era a mais pura realidade.

— Eu não posso amá-lo, Alice, eu não posso fazer isso com ele e nem comigo. — Digo com os olhos marejados.

一 Eu sei que provavelmente deve ter algum motivo bem forte para não se permitir amar novamente, mas contudo, deixa-me dizer-lhe uma coisa, aquele homem realmente ama a senhorita e, digo isso, porque nunca vi um homem chorar e rir intensamente por uma mulher, tal como ele faz, quando se refere a senhorita. — Conclui e, dessa guisa, sai de meu escritório, abandonando-me completamente sem vocábulos, mais uma vez.

"Um homem chorar e rir intensamente por uma mulher, tal como ele faz, quando se refere a senhorita", as palavras de Alice ficaram durante minutos, presas em minha memória, deixando-me assim, no meu mais profundo grau de pensamentos.