Capítulo 16

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Rara

Assim que desloquei-me do escritório de Lúcia, não prestava muita atenção enquanto andava e, por isso, colidi-me com alguém. Apresso-me para que me possa recompor e, assim, poder desculpar-me, mas quando oriento o meu olhar para cima, a fim de me permitir ver quem era a figura em que havia descuidadamente esbarrado, defronto-me com uns olhos castanho-claros que copiavam o mel, porém, que de certa maneira, não me eram estranhos, porque apesar de estar longe da empresa por minhas merecidas férias, mantinha-me sempre informada para que nada me escapasse, e só então, lembrei-me que ele era o tal dito Robert Gold, o assistente de Lúcia, ou melhor, o seu ex coadjutor, porque como disse, gosto de preservar dados, visto que já me havia inteirado de tudo, através de Milena e de Romando do que ocorria, assim como da inflexível discussão que tiveram com Lúcia, que na sucessão disso, partilhavam comigo várias ideias, com o fim de juntar os dois, isso, enquanto usufruía do meu último dia de férias e, posteriormente, quando cheguei à empresa também. Eis, então, que surgiu a ideia em minha cabeça, já bem conhecida por Milena e Romando, dado que já tínhamos conversado.

— Desculpe por isso. — Comunico tranquila.

— Não se preocupe, isso às vezes acontece, faz parte. — Exprime exibindo um sorriso meigo.

Reparei em sua simpatia, então, sem perder muito mais tempo, vou directo ao assunto.

— Eu sei que não nos conhecemos e, que talvez possas achar a proposta que te vou fazer um bocadinho inusitada, mas acredita que tudo que mais quero, é a vossa felicidade. — Manifesto apressada e pude notar que ele esboçava um olhar confuso.

— Desculpe senhorita, mas eu realmente estou surpreso e, com essas parábolas, não posso entender imediatamente ao que se refere. — Expressa ainda baralhado.

— Amas a Lúcia, ou não? — Pergunto  um tanto quanto nervosa.

Ele assente rapidamente.

— Então, vem comigo. — Comento puxando-o pelo braço e, guiando-o até ao meu veterano Porsche. Ligo o carro e dou partida na rota para a minha casa e, Robert, continuava sem entender o que se passava. Então, desse modo, me conectara com Lúcia por intermédio de uma chamada e, de imediato, ele começava a ter concepções do que estava a suceder, e qual era o plano.

— Lúcia? — Clamo seu nome pelo telefone — Se ainda continuas a trabalhar, ordeno-te para que pares, porque precisas ir rapidamente para minha casa. — Digo efectuando o telefonema.

— Passa-se alguma coisa? — Inquire Lúcia desconfiada e, de alguma forma, ansiosa.

— Primeiro acalma-te, porque não é nada de grave, no entanto, preciso da tua ajuda para resolver certas questões. — Retruco com a voz firme.

— Tudo bem, eu já vou para aí. — Relata desconectando-se.

Depois disso, manteve-se um profundo silêncio entre mim e Robert, que após tanto rebater-se, decidiu pôr um ponto final nesse período.

— A Lúcia me vai detestar ainda mais e... — Intersecto-o sem o deixar terminar — Apenas pense positivo, a Lúcia só precisa de ter essa conversa contigo e, eu sei que ela te vai ouvir. — Pronuncio tentando reconfortá-lo.

— Mas, e se não resultar? — Interroga preocupado e, de algum modo, desesperado.

— Mas, e se resultar? — Reponho a questão, devolvendo, dessa guisa, algumas esperanças a ele.

A seguir a isso, permanecemos no trajecto até minha casa. Eu sei que me estou a meter em grandes sarilhos e que Lúcia provavelmente, não me irá perdoar na sequência disso, mas se ela não o faz , eu faço por ela, porque sei de tudo que já passou e também de seus momentos mais sombrios, porém também sei que ela ama este homem e, apesar de não o admitir, sei que ele é o seu único remédio e, a única chave, da porta de sua felicidade.

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