Parte II

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Antes de nos despegarmos ao todo, Ryan tinha-me dito que, iria aparelhar o seu elegante Maserati para a nossa saída, assim, logo após isso, eu segui para a repartição que até aquela altura, recebia o nome de "meu quarto". Já dentro da divisão, consonantemente, bem decorada, fazia as arrumações de todos os pertences, que me foram presenteados por Ryan.

Ao final de tudo, duas malas médias bastaram, dado que eu sempre fui muito prática, em adição, passava maioritariamente o tempo em casa e, não havia necessidade de se comprar roupas mais detalhistas, excepto quando Ryan me levava para jantares fora do endereço e, aí sim, me providenciava peças com tais propriedades, contudo, todos os lugares eram reservados e de seus conhecidos, visto que eu não poderia circular livremente, pela condição em que me encontrava. Pós as organizações, apresso-me para partir daquele espaço e, quando assim o faço, vou em direcção as magníficas escadas do piso ressaltado, arriando-as no mesmo soflagrante. Já no pavimento inferior, vou andando de sentido à cozinha, sendo que lá se localizava, uma das portas de entrada a emérita garagem de Ryan, posto que existia mais de uma via, sendo uma delas, a porta principal, porém, neste caso, teríamos de sair primeiro para o exterior da casa e depois ir perambulando em orientação à oficina.

Dentro do local que servia para guardar carros, encontro Ryan já entre os bancos de seu seleto Maserati, e que sem dúvida, estava à espera de mim, então, sem mais demoras, coloco as médias malas no íntimo do porta-malas, sem alguma contradição, visto que as malas não possuíam um peso elevado, além de que queria minimizar o esforço de Ryan, que já no seu intrínseco carro, se preservava. Depois disso, internizo, de correspondente forma, ao carro, fazendo companhia ao lado de Ryan, e com ele empeçando a rota, que mesmo negando infindamente, eu queria voltar a calcorrear.

Nos fazíamos a estrada há uns 30 minutos e, como o estômago de Ryan, dava indícios de que se precisava alimentar, Ryan decidiu parar perto de algum estabelecimento alimentício da praia, que marcava o princípio e o final de um capítulo de minha vida,  que em minha memória, sempre haveria de permanecer. Ryan havia-me perguntado se queria alguma coisa, antes de deslocar-se do automóvel, entretanto, lhe tinha denegado, pois não me conservava com fome. Posteriormente ao seu egresso, entretenho-me estudando aquele ataviado carro, sendo que eu nutria uma paixão por aquelas peças aglomeradas, que em um conjunto, davam o formato de uma viatura, quando nesse mesmo átimo, as minhas íris se deparam com uma agregação de papéis em um envelope, já aberto.

Eu compreendia que não devia fazê-lo, pelo motivo de que, certamente, ninguém gostaria de ter a sua privacidade exposta, apesar disso, não foi preciso eu pegar nos impressos, dado que lia-se perfeitamente as escrituras, porque estavam em um tamanho legível. Era um convite para Ryan e sua equipa, para participarem de explorações marinhas a nível da Islândia e, eu não pude acreditar, visto que Ryan tinha escondido de mim, esse facto. Uma sensação de ardor se fazia presente em minha configuração, já que sentia-o atear, mas desta vez, quem me havia queimado, era quem menos havia esperado. No tempo em que me aprestava para desaparecer mais uma vez, porque era tudo que me ocorria naquela décima de segundo, Ryan chegara ao carro, interiorizando-o logo de seguida, impedindo-me para que, sequer, descesse.

— Muito bem, já podemos voltar a voar, porém por terra. — Preconiza Ryan animado, referindo-se a velocidade com que fazíamos o percurso, que era considerada razoavelmente alta e já com um aspecto nutrido, sem, ao menos, notar a lacrimação, que se produzia em minha face.

— Então, eis a razão para o teu grande empenho, para que algum dia retornasse. — Prego com lágrimas nos órgãos ópticos e, apontando o dedo, para o papel presente na área ao lado do suporte para copos, no centro do automóvel, observando-o perduravelmente nos olhos.

— Lúcia, eu posso explicar o... — Impossibilito-o no mesmo comenos, sem o permitir findar — E que raios me vais explicar? — Liberto em excessos — Ou melhor, que artimanhas vais utilizar para me tentar convencer? — Pergunto descarinhosa.

— Lúcia, tu sabes que eu desgosto quando utilizas esse tom. — Repreende Ryan rigorosamente.

— Não precisas de o aturar por muito mais tempo, afinal, a partir de hoje, eu sou uma completa desconhecida para ti. — Recalcitro pétrea.

E, na época em que planeava abandonar o seu bem-parecido Maserati, Ryan agarrara-me pelo braço, fazendo com que eu, em um acto imediato, me virasse e o ferreteasse com o traque dos meus cinco dedos em seu fronte, porém, em nenhum momento, tinha largado o meu braço, fazendo de igual modo, com que a minha compleição se achegasse a sua.

— Tu podes até marcar o meu rosto com as tuas garras, mas eu não vou deixar de amar-te por isso. — Externa Ryan firme, desaferrando o meu membro, retrogradando o itinerário, dantes interrompido, ilibando qualquer reacção de minha parte.

O trilho que restava até a minha imorredoura residência, foi feito em um mutismo matador, tanto de minha parte, tal como da parte de Ryan. Ryan não fizera um ruído sequer, após as suas últimas palavras pronunciadas e, podia e conseguia, entender o porquê. Ao contrário do que muitos possam pensar, os últimos vocábulos de Ryan, não inibiram o incomensurável sentimento fraterno, ou a conexão que sinto com ele, pois eu inferia que o amor que Ryan fazia menção em seu último discorrer, era o amor fraternal. Já na porta de minha casa, antes que pudesse distanciar-me do seu arreado carro, estabeleci colocar um ponto final, naquela mudez abismal.

Continua...

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