Capítulo 48

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Robert

Era a primeira vez, que eu estava perante a porta da casa da mulher, cuja qual, me havia, lancinantemente, apaixonado e, eu sabia desse particular aspecto, porque já fora seu assistente, e o facto de já ter organizado a sua agenda, permitiu-me obter várias informações, inclusive, esta. A sua memorável porta tinha características, que só com um olhar ligeiro, se atinaria que se tratara de Lúcia Morgan, isto é, da minha doce e terna pequena Lúcia. Aquela abertura era como uma galeria de cores, pois o brilho e a vivacidade, faziam um magnífico contraste com o ambiente, irrevogavelmente, bem planeado. E lá estava eu, observando, amorosamente, cada detalhe, dado que era como se a escultura do seu inegável e elegante corpo, se fizessem transparecer por meio dela.

Passados diversos minutos, perdido em meus pensamentos, sendo Lúcia Morgan, a protagonista em todos eles, decido, finalmente, batê-la com subtis toques, ignorando, totalmente, a campainha que lá se fazia presente. Num abrir e piscar de olhos, aquela memororiosa porta, se descola, revelando uma mulher, já com altos níveis de idade, cujo rosto, eu desconhecia, mas que transluzia uma harmonia, que logo se via, que era uma mulher de alegria.

— Boa tarde senhor! — Reverencia respeitosamente — Em que lhe posso ser útil? — Sonda a carismática mulher.

— Desculpe o incómodo, mas a senhorita pode dizer-me se as senhoras Milena e Rara se fazem presentes? — Pesquiso meigamente e, mostrando um sorriso.

— Sei que a minha idade já não me permite, por isso chamar-me de senhorita, é digno de um verdadeiro gentleman de sua parte — Afirma alegremente a mulher, sendo o seu respectivo nome, ainda desconhecido por mim, constituindo suspensões em seus vocábulos — Contudo, as senhoras Milena e Rara não se fazem presentes. — Finda o seu discorrer, dando ênfase a palavra "senhoras" de modo anedótico.

— Pois então, virei em outro horário e, já agora, agradeço a sua disposição em atender-me. — Cito educadamente e, já me preparando para deixar aquele recinto.

— Desculpe, mas qual é o seu devido título? — Diligencia a simpática mulher, impedindo assim, a progressão do meu movimento.

— Robert Gold. — Redarguo pacificamente.

— Ah! — Exclama surpresa — É o tal dito Robert Gold? — Demanda para ter certeza — Sendo assim, faça-me o favor de entrar. — Articula com serenidade a prestigiosa mulher, convidando-me para o interior da casa de minha pequena Lúcia.

Excluindo atrasos e em passos largos, Introduzo-me a inconfundível casa de minha pequena Lúcia. E, ao primeiro contacto, cada vez mais, tive firmeza de que aquela, era a sua residência, pois não era, unicamente, o seu irrefutável aroma exalado em cada canto de sua adorável moradia, mas, como cada objecto que lá pertencia, sendo que cada um deles possuía uma história, um toque e uma emoção que minha pequena Lúcia fincara, para mais, todos eram dotados de uma decoração característica, digna de umas mãos e um gosto imprescindível.

— Sinta-se em casa. — Assegura a afável mulher, com um rosto abatido.

— A senhora sente-se bem? — Interrogo preocupado.

— Ah meu rapaz! — Anuncia desconsolada — Lamento a informalidade, mas que mãe está preparada para enterrar os seus filhos? — Avalia já consumida, a mulher dantes alegre.

— Lamento eu a imprudência, mas se me permite, quantos filhos a senhora tinha? — Inquiro ainda inquieto, porque era nítida a dor, que se transmitia por entre os olhos daquela nobre mulher.

— Apenas uma que a vida, afortunadamente, me dera e, quando pequena, corria pelos espaços desta ampla casa, apelidada por ela de "Mini mansão" — Palestra exercendo um curto intervalo em sua manifestação — A criara com todo coração, desde que seus pais hão falecido, todavia, agora ela também já se há partido, deixando o meu coração, completamente, destruído. — Evidencia a acolhedora mulher com os olhos encharcados.

No momento em que o seu discurso, chegara ao ponto final, logo soube que se referia a minha pequena Lúcia, visto que a expressão em seu rosto a entregava e, só alguém com tamanho sentimento, e que conhece, verdadeiramente, a minha pequena, é capaz de utilizar tais palavras.

— Como devo eu tratá-la? — Interpelo compadecendo-me com a sua algia, posto que era a mesma que experimentava.

— Matilde, trate-me por Matilde. — Menciona a mulher, cuja qual, eu acabara de descobrir a antonomásia.

Depois disso, lágrimas profissionais despencavam sobre o meu fronte, dado que eu queria poder dizer e gritar, energeticamente, a senhora Matilde, de que Lúcia, a minha pequena Lúcia, ainda respirava, no entanto, mesmo que assim o fizesse, eu não tinha como o provar, sendo que eu não detinha a resposta da pergunta que, não se queria calar: Onde a minha pequena está? Pois, mesmo que accionasse o dectetive Cowell, já se iam 2 anos e, então, onde poderíamos começar a procurar? Visto que a maioria das pessoas, já acreditara que ela estivesse morta. Condoendo-se com o meu sofrimento, procede o início de sua mensagem oral, com tópicos que me mantiveram incrédulo.

— Suba, tome um banho e descanse, isso são pedidos da senhorita Milena e da senhorita Rara, sempre que elas cressem que o senhor pudesse vir, e com isso, poderei levar-lhe um chá. — Informa Matilde com brandura.

— Todavia, a senhora conhece-me? — Pergunto banzado.

— Após 2 anos, fiava mesmo que eu não haveria de saber, o nome do homem, cuja a mente, razão e coração roubara de minha Lúcia? — Profere Matilde, com o seu doce regozijo.

Ainda pasmo e apresentando um igual riso, posiciono o meu corpo na direcção das escadas, na qual vou andando em passos lentos, entretanto, quando planeava subi-las, a curiosidade residente em meus pensamentos, bradou mais alto e, assim sendo, decidi eliminá-la.

— Mas como verdadeiramente soube?— Insisto ainda em êxtase.

— Isso, são segredos que uma mãe e duas corujas não podem revelar. — Expõe prosperamente, indo no mesmo instante, para a cozinha.

Isto posto, na sequência, alço as escadas, de sentido ao nicho de minha pequena Lúcia. Havia 3 quartos, porém, eu não tive dificuldades em encontrar o quarto de minha pequena Lúcia, porque o intenso eflúvio que provinha de um deles, o acriminava. Após chegar e me internizar, descubro roupas masculinas, secas e limpas por cima da cama de minha pequena Lúcia, era como se a senhorita Rara e senhorita Milena, já aguardassem a minha visita a tempos. No seguimento, dispo-me logo de seguida, entrando, prontamente, ao banheiro. Abrasador e reconfortante, assim podia descrevê-lo. Depois do banho, visto as aconchegantes roupas varonis, outrora no alto da cama, e vou andarilhando, orientando-me a grande abertura na parede, que lá se identidicava. Ao sentir o ar bater contra o meu frontispício, não evitara que um pranto pudesse surgir, porque a pergunta que não se quer ir, ainda tinha o seu papel por cumprir...

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