Capítulo 43

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Talvez se algum dia nos dissessem, que tudo aquilo que menos queremos que aconteça, é exactamente tudo o que acontece, certamente, não haveríamos de acreditar, isso porque acreditar em algo não real, não constitui uma verdade e, nós enquanto seres humanos, precisamos viver para crer e saber o que verdadeiramente é real. Ainda assim, toda esta teoria não se aplicava naquele momento, pois o irreal, começava a parecer real.

— Boa tarde caros telespectadores, seguimos agora com as novas actualizações, acerca do caso da imponente e empresária Lúcia Morgan — Discursa um dos jornalistas, fazendo uma reduzida folga no seu discorrer, através do som que provinha da Tv, entretanto, prosseguindo imediatamente — A influente CEO e dona de uma das companhias mais importantes a nível de toda a Inglaterra, foi encontrada morta hoje, perto da beira marítima da praia de Formby Beach, facto esse que sucedeu, após entrar nas frias águas da praia aqui mencionada, sendo assim, não restam dúvidas que a imponente empresária está morta, isso devido as várias cicatrizes registadas em seus pulsos, segundo um dos médicos que fez as análises em seu corpo, nos levando a compreender que a vítima sofria de um quadro de depressão avançado, o que a terá levado ao suicídio. O que irá ver agora, é de carácter sensível, então, sugerimos que não veja, se não conseguir digerir — Naquele exacto momento, slides de fotografias com uma mulher inacreditavelmente parecida comigo e já sem vida, passavam pela Tv — Pois é, por hoje ficamos aqui, restos de um bom dia. — Conclui o outro jornalista, terminando assim, aquela sessão de notícias.

E, naquele preciso instante, eu senti as minhas pernas fracas, fazendo com que me desequilibrasse logo de seguida, mas antes mesmo que pudesse cair ao chão, o homem cujo nome era Ryan, em um acto reflexo, segurou-me, impedindo, desse modo, um estrago de maior amplitude. Eu estava pasma e arrepiada, se algum dia alguém vos dissesse que existia uma cópia de vós, provavelmente não acreditariam, mas aquela mulher que passou pela Tv, era a maior prova de que algo do género, poderia acontecer.

Era inegável e inexplicável a tamanha semelhança entre nós, eu atrevia-me a dizer a estrondosa igualdade presente entre nós, aquela mulher não era uma simples sósia, ela era a cópia de Lúcia Morgan no mais alto nível de qualidade, éramos como o 6 e o 9, sendo que a única diferença entre eles, era a maneira de como eram escritos, tornando-os nesse caso, relativos, porque ambos dependem apenas de um ponto de vista. Assim era aquela mulher, cuja qual desconhecia o nome e eu, existindo somente contraste entre mim e ela, no que dizia respeito, a maneira de como as nossas histórias eram posicionadas nesta eventualidade e, de como vamos depender do ângulo de cada pessoa que nos olhasse, para encontrar as diferenças. Ainda estupefacta, lágrimas incessantes despencavam sobre o meu rosto, e verificara que Ryan se havia apercebido, pois no mesmo período, passou as suas mãos de forma delicada, por entre minha face, limpando-as pressurosamente.

— Just keep calm little girl*. — Exprime Ryan meigamente e já com as suas mãos, dançando sobre o meu coro cabeludo.

— Eu só queria que... — Intersecta-me Ryan incontinentemente — Não precisas me explicar tudo agora, ainda tens muito tempo para isso. — Conclui Ryan e pude constatar que exibira um sorriso terno.

E, então, assim seguiu-se, eu nos braços de Ryan chorando incansavelmente e, ele a todo custo, segurando-me, não só para que não oscilasse, mas para que também, me acalmasse. Era perceptível a conexão que eu e Ryan tínhamos, eu não sabia explicar como e o porquê, porém, Ryan era o porto seguro que necessitava ter, não era algo que pudesse explicar, era algo que simplesmente sentia e, eu pressentia que este homem, chegara para ficar, não só presente em minha vida, mas como também, em minha razão, mente e coração...

Tradução

* Just keep calm little girl :

«Apenas fique calma pequena menina», para o português PT.

«Apenas fique calma pequena garota», para o português BR.

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