Capítulo 58

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As revigorantes garras de Rara ainda envolviam-me, enquanto as lágrimas que insistiam em arriar de minha verônica, prevaleciam. Até ao momento, nos aditávamos em meu escritório e, também, com a escuridade viva do meu retroactivo entre nós. As iguais gotas de água que se precipitavam do fronte de Rara e, que se faziam sentir em minha extensão corporal, haviam cessado, pois já não constatara aqueles pingos constituídos por água, que se chocavam contra o meu corpo. E, assim, sempre ocorrera nos momentos mais sombrios, nas datas de um pregresso longínquo, isto é, com Rara sempre confortando-me, mesmo não tendo vocábulos para poder externar, pelo suplício que de idêntica feição aquilo lhe proporcionara, e comigo a todas as épocas desolada, dado que não retinha mais fôlego para poder suportar tudo o que sobreviera, porém, apenas a sua presença e o seu aconchego eram muito mais apaziguadores, do que qualquer locução que se pudesse elucidar, essa era a Rara, a mulher me dava o seu anélito de vida, para que a todo custo, eu não me fosse enforcar.

Na continuação de grossos minutos no consolo de seus membros, Rara pusera um ponto final àquela eventualidade, dando origem ao seu discurso e, suspendendo assim, aquele mortificante mutismo que há longos intervalos perdurava.

— Eu creio que chegou a hora de voltarmos para casa. — Expõe Rara docemente e já desunindo-se de minha carne, para ter potencial de me recompor.

Nos progressos seguintes, eu já estava minimamente reconstruída e, com o propósito de ligar ao senhor Park, para que nos possa vir buscar, uma vez que não discordara da afirmação de Rara, posto que apesar de não lançar alguma mensagem sequer, era distinguido pelo estado em que me encontrava, que eu precisava de ir para casa, depois de um dia tão atribulado no meu recinto de trabalho e, eu alcançava que Rara percebera, sendo que Rara tinha a capacidade de perspicácia bastante elevada, em adição, os anos em que tinha passado revitalizando-me, tinham servido como uma preparação para posteriores episódios, tal como este, que agora nos deparamos. Após efectuar a chamada ao senhor Park, Rara e eu abandonáramos seguidamente o meu estúdio, atravessando mais para frente, o seu corredor de introdução, onde mais cedo, foi o palco para desmedidas excentricidades, indo desse jeito, em direcção ao ascensor, para que possamos chegar ao piso inferior.  No chão ínfero, movíamo-nos em passadas vagarosas, a comunicação que nos levaria ao exterior da empresa e, como já raciocinava, o senhor Park já lá se arrumava, assim que nós nos mostramos ao meu simples Ranger, visto que senhor Park era deveras assíduo, além de pontual.

 No núcleo de meu simples Ranger, o senhor Park, excluindo atrasos, empeçara a via nos transportando para a minha adorável "Mini mansão", uma vez que era o destinatário pretendido. O trilho até a minha histórica porta foi curto, pois as avenidas de Manchester se encontravam livres, como ultimamente já não se via, então, assim que regressáramos, Rara e eu descêramos do meu simples Ranger, deixando assim, o senhor Park disponível para cumprir com as suas outras pendências. Em minha lembrável porta, eu tocara a minha sempiterna campainha, que segundos após o seu toque, fôramos atendidas por Matilde, no entanto, não vinha com o seu habitual tríade sorriso, mas sim com o seu aspecto completamente abatido, o que certeiramente, havia-me deixado sem sossego, pelo motivo que era algo demasiado inabitual e, assim ficara. Com certeza, Rara que a todo momento viera atrás de mim, sendo que sua comparência se podia sentir, haveria de ficar num grau mais altanado, porque que eu conhecera a sua personalidade.

— Passa-se alguma coisa, mãe Matilde? — Pergunta Rara consumida antecipadamente, assim que estabeleceu um contacto visual com Matilde, já que agora estava em minha banda esquerda e poderia notar aquele demonstrado facto, impedindo-me que iniciasse o meu esperado discorrer.

— Oh minhas meninas! — Prega Matilde entristecida, nos fazendo adentrar em minha "Mini mansão", uma vez que cedera passagem para a nossa acção, dando tréguas em sua exposição — A senhorita Milena foi-se embora, mesmo com o cavalheiro Robert a tentando impedir. — Conclui Matilde ainda tocada e connosco no intrínseco de minha moradia e na minha grandiosa sala.

Foi nesse momento que o vagido que outrora havia secado, retornara a sua anterior exibição, pois ouvir aquela notícia, era como se me tivessem dilacerado totalmente, porque Milena era muito mais do que uma simples melhor amiga, Milena era, é e sempre será uma irmã que eu jamais tive a oportunidade de ter, assim como Ryan, Rara e Romando, porque o vínculo que nos unia perdurava há anos, tal como o de Rara e Romando e, apesar, do de Ryan ser o mais novadio, não era factor para o retirar da lista, visto que a conexão que sentíramos era de anos, e quebrá-lo simplesmente pelo aparecimento da sombra viva de meu passado, não era algo que eu pudesse, ou quisesse carregar. Rara, reparando a enchente de lágrimas que se formava em meu rosto, dado que observara-me na mesma hora em que Matilde nos havia dado aquela informação, uma vez que tínhamos firmado uma conversa ocular, principiara assim, a sua exploração vocal para desestruturar a inquietude de minha parte, que veridicamente, já reinava pelos espaços do meu endereço e, consequentemente, em minha imensa sala.

— E onde se encontra o cavalheiro Robert? — Investiga Rara estarrecida, posto que era reconhecível em sua aparência facial, que fora pelo impacto do relato que recebêramos.

— No piso maioral, isto é, no quarto da menina Lúcia. — Informa Matilde amenamente, porém ainda com resquícios de arraso na sua recorrente voz e, dito isto, despedira-se de nós equitativamente destruída, pois era legível apenas com um olhar ligeiro, o sofrimento que aquilo lhe produzira, voltando desse modo à cozinha, porque era o único local que lhe podia vivificar, sendo que amara aquele lugar e, apenas cozinhando os seus inebriantes rangos, seria capaz de não tentar reviver os momentos passados com Milena por entre as paredes de minha "Mini mansão", e eu sabia esta característica, pelos anos que havia passado ao seu lado e, com ela já sendo uma mãe para mim, assim sendo, comigo conhecendo a todo instante, o seu ser.

Perdida em raciocínios, sendo a Matilde a protagonista de todos eles, Rara mais uma vez importuna o meu acto de pensar, obstando, dessa guisa, que mais observações possam surgir, dado que revém com a sua linguagem, todavia, desta vez, surpreendendo-me com suas palavras e sua sucessora operação.

Continua...

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