Robert
Cruzando os atalhos de Manchester, já que fundara o trilho com um rumo desconhecido, assim que me introduzira ao meu mais novo Mercedes, quando ainda me colocava na área da "Morgan & Gold", sendo isso, há um par de horas, estava neste preciso soflagrante, perdido em reflexões, constando mais uma vez, assim como todas as vezes, a protagonista de todos eles, a minha pequena Lúcia. Porém, para evitar possíveis constrangimentos no trânsito, posto que estava severamente distraído, decidira parar o meu notável carro, algures de um parque que ficava entre edifícios, onde num destes períodos, havia tido uma reunião com os fornecedores da British Company, que nada mais era para cumprir, o que chamamos de "formalidades".
Eu reconhecia aquele arvoredo, era onde tivera roubado, o primeiro beijo dos rubros e carnudos lábios de minha pequena Lúcia, seguido de um estalo em meu rosto, de sua parte, por tamanho atrevimento, de minha parte. Assim sendo, arriara de meu conhecido veículo no minuto continuador, em passadas morosas, caminhando por entre os espaços daquele dilatado território. Em pensamentos, estando completamente extraviado neles, chegara ao pé de um banco que naquele recanto se acrescentava, todavia, com uma surpresa, desta vez, não era a minha pequena Lúcia que lá se situava e, sim, um mais velho na já avançada idade, que com ele se fazia acompanhar um livro, que tudo indicava ser um romance, apesar de não ter visto a capa, a sua espessura o denunciava, obra esta, que permanecia em suas presentes mãos, isso por causa de como dispunha o seu exemplar, que era a tão conhecida "posição de leitura". Com isso ocorrendo, me sentara na superfície que havia naquele assíduo assento, fazendo assim companhia, àquele mais velho e, ainda desnorteado, em minhas análises.
Entre suspiros e inquietações, em consequência de considerações, que com certeza, se transpareciam por entre meu rosto, dado que nos instantes sucessores, ao mais velho, cujo qual me fazia companhia naquele tamborete, tinha despertado o seu discurso, dirigindo-se a mim, visto que não se tinha mais figuras perto de nós, excepto eu, sendo que as restantes, estavam a uma distância notável de nós, para que o tom que serviu para dar início a nossa conversação, chegasse até elas.
— Permite-me, jovem rapaz? — Aborda o mais velho, fechando logo de seguida o seu livro, que dantes lera, dando a entender que queria anuência de minha parte, para que prosseguisse com o seu enunciado e, de guisa, pacífica.
— Claro que sim. — Afiança dando a licença para que continuasse com o seu discorrer e, de maneira, similarmente tranquila.
— O que lhe inquieta? — Explora serenamente, o mais velho que me acompanhara naquele banco e, com certeza, percebendo por meio de minha profunda respiração, que algo me importunava, retirando dessa feição, qualquer dúvida que pudesse ter a esse respeito.
— Amar doentiamente uma mulher. — Retruco pacientemente e com um respiradouro, que de nenhuma forma, pude evitar.
— E ela de igual modo, o ama? — Busca sossegadamente o mais velho, sendo que o seu nome ainda desconhecera.
— Eu creio que sim, porém ela não se permite outra vez sentir. — Afirmo calmamente e ainda aos suspiros.
— E já lhe perguntou o motivo? — Examina amavelmente o mais velho, que até ao momento compartilhava o idêntico escano comigo.
— Talvez eu não seja digno de sua confiança. — Replico relatando uma outra opção de pensamento em minha afirmação, no entanto, era o que realmente sentia e, de maneira, terna.
— Oh Jovem rapaz! — Exclama brandamente o mais velho que até então, dessabia o nome, colocando uma de suas mãos em meu ombro, já que a outra segurava o seu inquestionável livro, exercendo uma pausa em seu pronunciamento, mas prosseguindo prontamente — Nem todas as formas de amor são expressas, uma vez que amar, significa muito mais do que se doar, porque amar, quer dizer renunciar e, eu vejo, que este é o caso de sua amada, não é que ela não confie em si, é que por amar demasiado a si, ela prefere perder-se, do que permitir perder-te, pois antes chores por amor não experimentado, do que por um abismo mal curado. — Conclui o mais velho que se fixava ao meu lado naquele banco, cujo qual compartíamos e, de feição apaziguadora, posto que no intervalo seguinte, erguera o seu ainda firme corpo, apesar do tempo que lhe passara, daquele equivalente tamborete, iniciando assim, o seu trajecto para transitar um caminho que desentendia e, deixando-me, totalmente incrédulo e extasiado por suas últimas palavras.
— Desculpe, mas qual seria o seu nome? — Demando ainda pasmo e admirado por suas falas e, em um tinido alto, para que me ouvisse, sendo que já se fixava a uma certa distância do assento que anteriormente repartíamos, e orientando-se numa direcção contrária da que tinha vindo, anulando assim, qualquer opção para que fosse posteriormente ao seu encontro, pelo motivo que haveríamos de percorrer vias distintas.
— Não se preocupe com isso, eu sou apenas um velho observador. — Restitui afortunadamente numa tonalidade também elevada, por causa da janela existente entre nós e, se distanciando, cada vez mais de mim, não revelando o seu título e, me abandonando, desta forma, ainda mais abismado.
E, com seus dizeres, me movera de sentido ao meu mais novo Mercedes, após elevar o meu corpo, do banco que antes dividia com aquele experienciado homem, e locomovendo-me em passos tardios até ao meu nobre carro. Suas elocuções e concepções, tinham sido impregnadas em minha mente, fazendo-me perceber, que abdicar de minha pequena Lúcia, nunca será uma opção minha, isso porque eu a amava nos mais altos níveis dessa emoção, e mesmo que totalmente não se pudesse entregar, eu sabia que o seu grau de ternura, era correspondentemente alteroso.
Dentro de meu meritório carro, suprimindo tardanças, começara a rota até a histórica porta de minha pequena Lúcia, uma vez que agora e a todo custo, queria reverter a vivente situação em que nos metíamos. Após largos períodos perambulando as avenidas de Manchester, regressara à residência de minha pequena Lúcia, estacionando na prossecução, o meu consagrado automóvel, em sua adorável garagem. Assim sendo, logo que descera de minha viatura, movimentara o meu viço até sua marcante porta, para que seguidamente pudesse adentrar em sua estância. No interior de seu endereço, Matilde afirmara-me que minha pequena Lúcia ainda não havia chegado de seu trabalho, visto que fora recebido por aquela afável mulher, depois de ter tocado a eterna campainha que ficava próximo a memorosa porta de minha pequena Lúcia, então, na sequência de saber por meio de Matilde, que minha pequena Lúcia não se fazia presente, defino ir a sua ilimitada sala, para esperá-la, posto que não subira até seu emérito dormitório, para de semelhante forma a aguardar, porque não queria que pensasse que estava a pressioná-la, ainda mais quando conhecia que minha pequena Lúcia precisava de um certo espaço, para que assim, organizasse as suas contemplações.
Portanto, sentado em seu extensivo sofá de seda, acabara me deitando, dado que de certo jeito, já anoitecera e, também, pelo longo dia laboral, apesar de algumas pausas por entre o parque que marcara o meu primeiro beijo, aos lábios de minha pequena Lúcia, e do vivenciado homem com o seu livro em mãos, que com seus vocábulos me extasiara e, havia-me deixado estupefacto. As minhas pálpebras iniciavam a cinesia de descendência, pois estavam pesadas e cansadas, o que indicava que o horário para nanar, tinha aparecido mais cedo para mim. Com os olhos quase fechados, eu sabia que a qualquer instante a minha pequena Lúcia compareceria, e mesmo que não fosse naquela noite e, nem naquele dia, eu tê-la-ia aconchegada ao meu peito, apreciando o seu provado cheiro, seus avermelhados e roliços lábios, e embriagando-me, olhando as suas castanhas e escuras íris, porém brilhantes posteriormente, a qual eu já desejava, para poder outra vez, tocar. E já me perdendo com as observações de seu elegante corpo, durmo em seu grandioso sofá de seda, entretanto, com o desassossego de a poder, mais uma vez sentir...

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EYES & EYES
Roman d'amourArrogante para muitos e incompreendida para os mais próximos. Fria, ríspida e asentimental, assim é Lúcia Morgan, a mulher que esconde em seu olhar, a sombra de um passado turbulento, no que diz respeito ao amor, portanto, abstém-se do mesmo. Alegr...