Parte II

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Milena

Era Thanksgiving day e, eu e Lúcia ainda estávamos com as instâncias mal solucionadas, isso, à custa da minha grosseira ida de seu domicílio, após o episódio em que se sucedeu, o mal tratamento por parte dela, ao meu actual consorte, no ponto de afluência ao seu escritório, porém, eu não queria permanecer nesta situação por muito mais tempo, sendo que num passado recente, por acontecimentos semelhantes, não a tivemos de volta por dois anos, porque se dava a sua suposta libitina e, aquele desesperador e arrasador contexto, eu não queria retornar a experimentar, ainda mais quando estávamos a repetir os caminhos, portanto, definira ir ao seu gabinete estabilizar a nossa condição, posto que Lúcia, era muito mais do que uma de minhas melhores amigas, ela era uma parente, pois ela era uma das fraternas, que nunca tive a oportunidade de ter, dado que a outra, que fazia parte do conjunto, era Rara, visto que Romando era uma figura masculina e, com isso, considerava-o irmão, pelo motivo de que eu era filha única de um casal de diplomatas.

Sendo assim, guiara o meu corpo até a porta do meu amplo escritório, para poder desertá-lo. Já andejando pelas várias passagens daquele piso, todavia com a finalidade de mostrar-me ao gabinete de Lúcia, quando comparecera quase ao final do passadiço em que me encontrava, porque no seu extremo, existia um entroncamento de corredores, onde ao lado esquerdo, havia o desvio para a entrada ao escritório de Lúcia e, no lado direito, tinha a parede onde estava embutido o elevador, para as pessoas que aterrassem ao presente chão, e em que na qual, curiosamente, saía o meu moderno confrade, pois após cumprir a sua tarefa, que era de levar as figuras até ao recente piso, além dos demais filhos da British Company, ele revelava o egresso de Amaro, depois de abrir as suas correntes portas, ao identificar de que compleição se tratava, uma vez que reconhecia aquele atlético corpo com, ou sem um tecido de roupa, decidira então, ir ao seu encontro, com o propósito de cumprimentá-lo e, dar-lhe uma porção da devida dose extra, que tinha adiado pela manhã, quando ainda me posicionava em seu distinto quarto, porém, não conseguindo, dado que meu contemporâneo cônjuge, partira sem sequer olhar ao seu redor, e em passos apressados, visto que suas pernas moviam-se em ritmo frenético e imparável e, no momento em que me mostrara, finalmente, no término do corrediço e, comigo curvando também, o meu corpo à esquerda, local em que se colocava o corredio de acesso à sala de Lúcia e, de parecido jeito, onde Amaro se cimentara, todavia, já a uma certa distância da zona de que vinha, porque eu estava apenas, no início do corredor.

Na medida em que calcorreava em passadas morosas, para vislumbrar melhor, o que ocorria dentro do compartimento de Lúcia, sendo que meu novo parceiro, já no seu interno estava, o que acreditara ser incomum, pois Lúcia e Amaro não tinham vínculo algum e, dito isto, nada justificava a sua comparência, no íntimo do estúdio de Lúcia, porque se fosse por questões a nível do trabalho, era eu que estava encarregada, já que laborava na assessoria de meu efectivo aliado, eu tive a pior visão de todos os tempos.

Eu não podia e nem queria crer, que aquilo fosse real. Eu havia sido esfaqueada, golpeada e, agora, ensanguentada. As minhas lágrimas decaíam pelo meu rosto sem cessar, mostrando assim, que o traumatismo fora de quem eu menos esperava. Lúcia, a figura cuja qual uma parente considerava, marcara-me com o mais amargo sabor da podridão, que provinha de sua parte. Uma sensação subjectiva, semelhante a fúria, me  invadira, uma vez que não se igualava totalmente, pois esta, estava repartida em percentagens  equivalentes, sendo assim dividida, igualmente, para ambas fisionomias que faziam acontecer tal acto, dentro daquela divisão, no entanto, antes que pudesse alcançar o recinto pretendido, o ascensor, a qual mantivera uma longinquidade, dado que ainda me metia, consideravelmente, no princípio do passadiço, anunciara que mais conformações, haveriam de se fazer assíduas naquele pavimento, pela razão de ser dotado de uma tecnologia, que nos permitia discernir, apenas com um som característico, a vinda e, consequentemente, a chegada de figuras ao andar em que nos situávamos e, como não era de meu desejo, que personalidades, talvez desconhecidas, me vissem naquele estado, então, prontamente regressara ao corredor em que me estabelecia, antes de observar Amaro, sendo que lá, tinha um atalho para as latrinas.

Quando apressadamente, estava apta para internizar aquele considerado atalho e, na subsequência, para os retretes, a porta do elevador se descolara. Sabia desta singularidade, porque já podia ouvir, o barulho proveniente de andaduras marcadas, além de claro, o som do próprio ascensor, indicando que uma vez mais, realizara a sua função, porém, no instante que aquela figura passara atrás de mim, pois eu estava de costas, na origem do corrediço que inicialmente me inseria, e preparada para adentrar no conhecido atalho, eu distinguira aquele aroma, fortemente dulcificado e tão amavelmente tórrido, era Robert.

Eu não tinha dúvidas disso, no entanto, talvez não me tenha reconhecido, porque eu permanecia de costas a ele e, com certeza, por rapidamente querer ir à Lúcia, não tenha analisado o que se passava ao seu redor e, era isso, que me afligira, isto é, saber que Robert estava a milímetros de reparar uma verdade, que eu a todo custo, me negava a acreditar que fosse real. Portanto, com a intenção de tentar pará-lo e protegê-lo de tamanha atrocidade, me virara, para assim, conseguir clamar seu nome e, com isso, distraí-lo, entretanto, na hora em que me movera, Robert, assim como eu, já tinha assistido repulsiva açcão por parte das formas que lá estavam, posto que Robert, sem conseguir sustentar o seu olhar para aquela vista, tal como acontecera comigo, apoiara-se a uma das taipas daquele corredor, desconectando, desta maneira, o seu apreciar da símil vista, uma vez que aquela porta de vidro, era o nosso espelho, ou melhor, o meu e de Robert, para desvendar fragoroso acto repugnante, por parte dos formatos que julgáramos amar.

Tentara acercar-me de Robert para reconfortá-lo, já que ambos partilhávamos a mesma dor, todavia, no mesmo intervalo, Robert reerguera-se, voltando a posicionar o seu corpo, para ir ao nicho daquela que noutro tempo, apelidava de "parente minha", uma vez que para mim, já nenhum vínculo mais, significava a sua comparência, e na proporção que Robert se abeirava do escritório de Lúcia, pude avistar, a partir da abertura de vitral, que aquele homem, em prontidão, haveria de partir daquele sector, visto que era perceptível apenas com um olhar ligeiro, que o "romance" entre ambos, terminara e, somente faltava as considerações finais, sendo que eu não havia visto o filme completo, porque não detinha respiradouro  para ver desmedida operação imoral, além de que, me inquietava com Robert naquele corredio, quase sem oxigénio em seus pulmões e asfixiado, pois aquela desumanidade, o havia feito parar em uma parede do hall*, com uma de suas mãos apoiadas nela, buscando frequentemente, manter-se equilibrado. Como não era um interesse meu, que aquele desprezível homem me visse, voltara a atravessar, a via do passadouro em que primeiramente me punha, contudo, já comigo introduzindo-me, naquele meritório recinto que recebia o nome de banheiro, cujo qual, a British Company possuía.

Continua...

Tradução

* Hall = Corredor de entrada principal de uma casa, mas nesse contexto, seria o corredor principal do escritório de Lúcia.

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