Estava no escritório, quando inesperadamente recebi a chamada de Rara, dizendo que precisava que fosse até sua casa. Apesar de sua voz firme, reparei que em algumas vezes, parecia insegura e trémula em suas palavras, mas talvez fosse somente algumas inquietações minhas. Isto ocorrendo, termino de ler os últimos contractos que tinha por assinar e, assim sendo, ligo ao senhor Park para que me possa vir buscar. Num par de minutos, chegara, isto posto, apresso-me para sair da empresa e, ir de sentido ao meu amado e simples Ranger. O caminho até à instância de Rara foi calmo e rápido, portanto, avistei minha 2ª casa prontamente. Desço e me despeço de senhor Park, pois por enquanto, não haveria de importuná-lo, mas contudo, disse-lhe para não percorrer longas distâncias e manter-se por perto, porque poderia precisar dele a qualquer momento. Como ninguém vinha, decido empurrar o portão, comparecendo, dessa maneira, instantaneamente à porta de sua casa, tocando a sua eterna campainha. Batia freneticamente e, como ninguém aparecera igualmente, defino rodar a maçaneta, que para o meu espanto, estava desprendida, era como se aquilo já tivesse sido premeditado.
Assim que me introduzo em seu aposento, deparo-me com um profundo silêncio, o que era estranho, pois o endereço de Rara apesar de estar permanentemente sossegada, nunca tinha chegado àquele mutismo, com isto acontecendo, vagueio pela casa e, com isso, descubro a sala, a qual defronto-me com o inimaginável. Era Rara e ele. Posto isso, a preocupação que tinha, evoluíra para uma enorme exaltação.
— Que raios significa isto, Rara?! — Pergunto indignada.
— Eu sei que provavelmente não me vais perdoar, mas tinha de fazê-lo, então, simplesmente, desculpa-me. — Palestra saindo em passos apressados, deixando assim, eu e meu ex coadjutor, completamente a sós.
— Lúcia, eu só quero conversar e tentar explicar o que sinto. — Declama com os olhos marejados.
— Lúcia? — Reponho severa — Para ti, é senhorita Lúcia! — Lanço inclemente — E o que me vais dizer?! — Questiono nervosa e exasperada.
— Que eu simplesmente te amo! — Grita desesperado.
— Cale a boca — Apelo grosseiramente — E, nunca mais repita isso! — Profiro com lágrimas, mas consistente.
— Mas por que me tratas assim, se a única coisa que fiz e faço, é amar-te? — Inquire já chorando e, desse modo, pude enxergar o seu sofrimento através de seus olhos.
Apenas rio sarcasticamente entre minhas gotas de água e, prossigo.
— Tu achas que eu nunca estive na tua situação? — Disparo rígida, aproximando-me de sua fisionomia — Tu realmente achas que eu não sei o que é amar alguém as escuras? — Descarrego encarando minuciosamente seus olhos, possibilitando, dessa forma, que os nossos, se encontrassem.
— Então, por que não me permites amar-te? — Interpela com os olhos avermelhados.
Esses, em que começava a ver-me perdida.
— Porque eu não acredito nisso que julgas chamar de amor! — Declaro berrando — Tu apenas estás confuso e, sou capaz de entender isso, mas essa sensação que tu dizes sentir por mim, não é amor. — Clarifico rude e fria.
一 Por que duvidas disso? — Replica mantendo o seu intenso olhar sobre minha figura, alternando suas flexões a nível das pálpebras, entre minhas íris e meus lábios — O que será que eu tenho de fazer para te provar que verdadeiramente TE AMO? — Grita ainda mais arrebatado.
— Tu estás doente! — Devolvo no mesmo timbre, porém, orientando os meus órgãos visuais, fixamente em sua grossa e abrasada espessura bucal.
— Então, apenas deixe que ela me possa possuir. — Revela numa ínfima distância de meus lábios, tanto que seu descompassado anélito, já poderia sentir.
— Não faças isso — Clamo aos sussuros, apercebendo-me de suas reais intenções, todavia sendo interrompida, porque suas mãos surpreendentemente subiam pelos meus braços, chegando até meu presente queixo, com um tacto que me causava arrepios — Desculpa-me — Suplica antes de continuar com a sua acção — Não te vou amar por isso. — Refiro tentando persuadir a minha própria física compleição, no entanto, nem com isso se importando, rouba-me, deste jeito, mais um escaldante beijo.
Era como um narcótico, ainda assim, eu sabia onde isto terminaria e, eu, não poderia, porque me perderia, e apenas quando faltava o ar, somente desta guisa, pude largá-lo e compeli-lo.
— Saia — Digo deixando de o encarar — Lúcia, eu amo-te! — Impede-me ainda esperançoso — SAIA DAQUI! — Vozeio e com fortes lágrimas nas íris, ele se vai.
Depois de sua ida, o pranto marcava o meu rosto. Repentinamente, Rara aparece na sala incrédula e, sem entender muito bem o que acabara de acontecer. Limitei-me a encarar-lhe frivolamente, começando assim, mais uma intensiva e tensa discórdia.
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EYES & EYES
Roman d'amourArrogante para muitos e incompreendida para os mais próximos. Fria, ríspida e asentimental, assim é Lúcia Morgan, a mulher que esconde em seu olhar, a sombra de um passado turbulento, no que diz respeito ao amor, portanto, abstém-se do mesmo. Alegr...