Parte IV

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Amaro

Porém, soubera eu, que para internizar uma unidade excessivamente constituída por dispositivos electrónicos visuais, para se assegurar a maior segurança, tal como um hospital, se necessitaria de uma preparação convencional, com isso, retirara do tablier, presente no intrínseco de minha viatura, a minha primorosa AK 47, pois tivera colocado naquele considerável espaço, no igual dia, em que a havia adquirido, porque algo que ninguém conhecera acerca de mim, era que, eu era um cordial apreciador de armas e, nestes dias de hospedagem a bem-conceituada Manchester, um dos sítios que frequentara, fora uma espécie de Weapons store, isto posto, não era uma actividade difícil, fazer à adesão de um material deste calibre, uma vez que o dinheiro, jamais fora um empecilho, além de que a obtivera de um modo pouco recomendável, por isso, dispenso apresentações, dado que de certa forma, quando reencontrara a mulher pela qual há anos procurara, e que era detentora da comoção que me queimava, no maior ponto de escala, que era intitulado de amor, começara a projectar, ou calcular o dia da nossa iminente partida, a única expressão que não soubera resolver, dentro da equação, era o jeito, todavia, este acabara de ser solucionado, sendo ele, o mais inesperado possível.

Isto feito, o dilema agora, era como introduzir-me naquele nosocómio, sem ter todos os olhares, concentrados em minha fisionomia, visto que pela comum porta de entrada, não poderia ser, sendo que não apenas haveria, ou poderia ser visto por minha precedente afeiçoada e, sua "irmã" Rara, através do vitral de seu carro, mas como também, assim que os primeiros passos desse, para interiorizar aquele território, seria velozmente, detido pelos profissionais que lá se instalavam, a produzir o seu ofício e, posteriormente, pelos polícias que chegariam ao ambiente, porque em minha posse, estava uma AK 47, obtida de maneira ilegal, o que não era vulgar de se ver, assim sendo, concentraria todas as ópticas em meu físico, e meramente em segundos, me depararia com as presenças de minha desusada apaixonada, Rara e toda secção de hospital. Olhando ao redor do perímetro, sem ainda desarrimar a minha viatura, notara que existia um caminho feito de arbustos, que por conseguinte, daria acesso a uma zona, daquela superfície hospitalar, supus.

Dito isto, eu tiraria a prova dos 7. Após sair sorrateiramente e ardilosamente do meu automóvel, para que, dessa maneira, não desse qualquer opção de ser avistado, uma vez que na minha visiva fronteira, a minha decrépita prosélita e sua fraterna, ainda lá pousavam, e não podemos ilibar o facto de que, a qualquer momento, pudesse ser descoberto, dado que se os nobres olhos de minha vetusta capatázia, ou de sua parente, se encontrassem com os retrovisores de seu escolhido Volvo, era aquilo que poderíamos chamar, e o que o seres, sempre apelidavam de "fim-da-linha", portanto, em prontidão arriara do meu considerado carro e, aceleradamente, já percorria aquele caminho de possível entrada, previamente citado por mim.

Ao final da linha, pude comprovar minhas suspeitas, posto que aquele trilho de arbustos, dava realmente, acesso à clínica. Porém, apesar de pôr-me entre suas taipas, a minha estatura constava, naquilo que se poderia autodenominar de zona verde de um hospital, isto é, situava-me no jardim daquele ambulatório, cujo qual, em minha vista dianteira, havia um edifício em que visivelmente, observava-se as diferentes divisões dos compartimentos, daquela extensão hospitalar, que recebiam o nome de quartos, sendo que, não era exclusivamente pela veridicidade das repartições possuírem janelas características de um dormitório, seja ele de hospital, ou de um recinto diferente, mas porque, precisamente e, fazendo de idêntica guisa, parte da minha imagem de frente, existia um no piso inferior que dava, igualmente, ingresso ao jardim, em que a minha constituição se localizava, e por estar no pavimento ínfero, dando acesso ao vasto vergel, tinha uma porta corrida, feita de vidraça, que simplificaria as possíveis saídas dos pacientes e, suponho também, as dos profissionais consequentemente, e a acção contrária, se poderia verificar, ou melhor, a entrada naquele amplo nicho, através do viridário de introdução.

Contudo, existia dois corpos no seu centro, cujos quais, apressuradamente reconhecera, o que de certo jeito, minimizara o trabalho cansativo que teria, para tentar encontrá-los ao nível desta grandiosa policlínica, uma vez que para tornar mais laborioso o meu mister, a mim, se fazia acompanhar a minha inegável AK 47, para mais, os seus formatos eram perceptíveis, apesar de conservar-me a uma certa longitude da porta de passagem a imensa alcova, com o título de quarto, visto que ainda entre o caminho de altos arbustos estava, para que não fosse distinguido, não obstante de verificar-me no final de seu curso, sendo os devidos formatos percebidos, o de Lúcia e o daquele iludido homem, que julgara que obtivera de Lúcia, o seu amor, era o tal dito Robert Gold.

Lúcia celeremente desaparecera do meu campo de vistoria, após aquele atraiçoado lhe ter deixado, um sórdido beijo em sua testa, pois adentrara ao retrete daquela divisão, porque acredito que precisava efectuar uma mudança de vestimenta, ou realizar uma outra tarefa.  Apercebendo-me que aquele engabelado, a sós, ficara, remexera propositalmente, aquele conjunto de plantas, para que desse modo, motivasse um certo estrondo, a fim de incitar e, na sequência, direccionar a concentração daquele frustrado homem, àquele grupo de vegetais e, onde irrefutavelmente, se fixava a minha física estrutura, para que com a sua chegada, ao meu encontro, pudesse aniquilá-lo, já que me vem irritando com sua feição, em propriedades que não são da sua íntima posse, assim, deixaria de ser uma peça a menos no baralho, posto que era desnecessária e, tampouco, Lúcia, se importaria com a sua ausência, pois apenas o meu aspecto, lhe era suficiente, além de que eu haveria de lhe proporcionar, tudo o que fosse precisar.

Conseguindo a sua atenção, por intermédio do fragor proveniente da minha acção, quer dizer, o abanar de arbustos, porque ainda me compunha escondido entre eles, dado que já conseguia ouvir os passos, que justificavam a sua iminente vinda, sendo que não poderia ser um corpo diferente, pelo motivo que aquele engazopado varonil, era o único ser que se preservava no interior do compartimento, pós egresso de Lúcia ao banheiro e, assim que percebera, que mais próximo permanecia de mim, por causa de suas passadas, cada vez mais, ruidosas, o que esclarecia a sua vizindade, quando a milímetros aquele ignóbil muque, se encontrava do lugar em que me organizava, surpreendera-o, no mesmo instante, apontando retrincadamente, a minha irrepreensível AK 47 perante a sua postura, assim que me hei desentrelaçado, daqueles robustos arbustos, depois de um ressalto de meu corpo, para simplificar ainda mais, o desvencilho.

Era animador e recompensador, poder ter a efígie do rosto pálido e estupefacto daquele iluso homem e, com esta mesma agradável exibição, iniciara o meu breve discorrer, antes que estreasse a contagem regressiva, para mandá-lo ao altar, que a todo momento, lhe coubera.

— O teu único erro, foi ter pensando que algum dia, Lúcia Morgan, te irá pertencer — Entabulo descarado — Pois, caso não saibas, antes de ti, sempre houve alguém que detivera a chave da porta de seu ser, e a qual, ela sempre irá prevalecer — Articulo mordaz — Clarificando: Lúcia Morgan, é uma propriedade única e exclusiva de Amaro Princenton e, eu não deixara as portas abertas, para que outros proprietários, a pudessem visitar — Prego cinicamente e, num tom ríspido e frio, acordando um contacto ocular, com aquela depravada aura — Assim sendo, antes morta, do que nos braços de um novo proprietário. — Sintetizo continuando no mesmo sonido, o que fincou ainda mais, o espanto daquele mórbido varonil.

Agora, era a hora de contas para acertar e, de enviar um certo ser, no seu devido lugar, porém, previamente ao acontecimento, do seu esmorecido, monótono e ainda descrente rosto, eu queria contemplar, antes que a minha bonita AK 47, fosse manipular, para finalmente o dizimar, pois o seu tempo, se estava a esgotar...

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