Rara
— Como? — Interrogo embasbacada — Robert, eu sei que tu te agarras a... — Impede-me Robert, sem a oportunidade de me deixar terminar — A minha pequena Lúcia está viva, e eu posso contar o que realmente sucedeu. — Afirma Robert ainda arquejante, mas já com timbre audível.
— Por favor, não omitas nenhum detalhe. — Requere Milena com um vagido que se formava em seus olhos, chegando perto de nós.
Já com Milena no limítrofe de nós, Robert, até agora, abatido, institui o seu discurso, ao todo, entregue a desdita que aquilo lhe provocava. E, a cada minúcia, ou facto revelado por Robert a mim e a Milena, constávamos, rumorosamente, despedaçadas, porque era incrível como tamanha verdade tinha vindo a nós, depois de tanto tempo, sem ao menos, nos darmos conta das claras minudências, imperceptivelmente, ignoradas por todos, que sem dúvidas, serviriam para refutar o exício de minha Lúcia. Ao final da narrativa de Robert, o sentimento desesperador, se havia instalado no local, que ironicamente, conservava a vivacidade de minha Lúcia, porque a pergunta que, nesta ocasião, todos nós procurávamos consecutivamente a resposta, era: Onde poderia estar a minha Lúcia, depois de 2 anos chorando interminavelmente a sua morte? Era essa a questão, que constituía o maior e pior dilema de todos os tempos.
O silêncio ensurdecedor tinha-se acomodado entre nós, sendo que era visível que, todos ainda necessitávamos digerir, a desmesurada notícia, que agora fazia parte da nossa mesa, visto que nossos pensamentos e sentimentos foram agoirentamente extintos, mas precedentemente a evolução, daquela retumbante quietude para escalas maiores, somos tirados de nossos mais profundos graus de ideias, pelo barulho instantâneo de chávenas que chocavam contra o chão, pois a porta estava aberta, e se podia ouvir o fragor característico, o que era incomum, dado que Matilde era excessivamente cuidadosa.
Isto ocorrendo, na centésima de segundo a seguir, eu, Milena e Robert largamos subitamente o quarto de minha Lúcia, para saber o que se passava e, para averiguar, se Matilde se havia magoado, porém, quando nos exibimos ao ponto onde se formavam as escadas do piso superior, somos, aterradoramente, assombrados com a presença de uma figura, que era identificada, exclusivamente, pela recendência que expelia, e que quando as nossas íris se alcançaram, eu tive a certeza de que era ela, era a minha Lúcia, a Lúcia que há 2 anos, eu desesperadamente deblaterava e chorava por sua comparência, todavia, não estava sozinha, com ela se fazia acompanhar um homem, até então desconhecido por mim e creio que por todos, posto que o seu rosto, era novo, o qual eu já não sabia se era uma imaginação, ou era o fruto de uma fértil ilusão...

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EYES & EYES
RomanceArrogante para muitos e incompreendida para os mais próximos. Fria, ríspida e asentimental, assim é Lúcia Morgan, a mulher que esconde em seu olhar, a sombra de um passado turbulento, no que diz respeito ao amor, portanto, abstém-se do mesmo. Alegr...