Capítulo 66

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Milena

Após um dia em que vínculos foram rompidos, conexões destruídas e, elos, tampouco reconhecidos, uma nova data se avistara, o que expressava mais um dia de trivial laboração, na minha consuetudinária rotina. Dilacerada, ou renegada, as minhas funções precisavam de ser realizadas, por isso, elidindo tardamentos, erguera o meu corpo da minha quente cama, para o dia que se avizinhara. A minha noite havia sido indiscutivelmente, transtornada por inegáveis pensamentos, repetidas e repentinas idas ao banheiro e, claro, uma arrogante insónia, que se fazia acompanhar por habilidosas e incansáveis lágrimas. Porém, a vida haveria de continuar seguindo os seus parâmetros e, eu, decidira estar junto, simplesmente.

No prosseguimento de um tórrido banho, encontrava-me, neste momento, a alinhar-me para o pós Broking day, pois era assim que apelidara, este novo dia que começara e, com ele, nada melhor do que um vestido de fenda, na coloração preta, com um corte em V e uma racha vertical na lateral direita, ajustadamente para a silhueta de meu corpo e, uns saltos avermelhados, assim como os meus lábios, não pudessem resolver. Terminadas as higienes intrínsecas a nível corporal, saíra, desse jeito, no minuto seguinte, do interno de minha acolhedora residência e, sem fazer comentários ao pequeno-almoço, porque sem fome estava, uma vez que ela tinha-se esvaziado, tal como as insistentes lágrimas da escuridão transata. Nos setiais de meu admirável Volvo, empeçara o trilho que me levaria a um destinatário, já muito conhecido por nós, que era nada mais e nada menos do que a British Company.

Entre reflexões da noite pregressa, isso permitiu-me observar, acerca de algumas acções que tenho tido, ou que tivera com Rara, que não foram nada animadoras, sendo que ela não era a culpada, por desmedida desumanidade que aquele obsceno homem, que até ao passado dia, ainda podia chamá-lo de meu companheiro, e aquela imoral mulher, que em anos, eu a considerara parente minha, tinham cometido, com isso, sabia que precisava reconectar-me com Rara e, era isso, que eu faria, ainda hoje, pois não deixaria passar, muito mais tempo. Depois de um par de horas, vagueando pelas avenidas de Manchester, exibi-me à British Company.

No seguimento do comum procedimento, para a entrada e subida ao piso superior, para a abertura das utilidades a serem exercidas, procedida da calorosa recepção por parte dos filhos da British Company, me punha a trabalhar, dentro de meu dilatado escrínio. Havia comparecido à British Company, num horário ligeiramente mais prematuro, o que significava que faltavam alguns grossos minutos, até a programação da meritória execução de competências, no ponto de toda a empresa, porém, a maior parte dos funcionários, já cá, se dispunha.

Decidira então, que este seria o momento ideal, para ir à sala de Rara, com o intuito de colocarmos alguns factores no lugar. Inevitavelmente, teria de passar pelo corredor de acesso, daquela imoral mulher, posto que o estúdio de Rara, ficara naquele entroncamento de corrediços, assim sendo, iniciara o processo de movimentos coordenados de meu corpo, com a intenção de ir ao encontro de Rara. Entre as taipas do passadiço de entrada, daquela desavergonhada mulher, cuja qual, um dia a cognominara de fraterna minha, entrevejo a repartição apelidada de "seu escritório" e, pude notar, que se locava, sem a sua presença, o que era incomum, porque apesar de turbulências, nunca se esquivava a um dia laboral, mas creio que, talvez, tenha sido melhor assim, dado que não queria uma dupla dose de tensão do Thanksbroking day.

Acercando-me, cada vez mais, de seu inquestionável gabinete, passara pelo balcão de sua eterna secretária e, sem poder esquivar-me, ouvira o assunto de conversação, que estava em cima da mesa, neste caso, balcão.

— É a Alice, senhorita Rara, Bom dia! — Dizia Alice alegremente, através do telemóvel que segurara em suas mãos, discernindo, no mesmo instante, que compleição se acrescentava do outro lado da linha e, fazendo-me perceber, que Rara também não se instalava entre as 4 taipas da British Company, assim como aquela indecente mulher, possibilitando-me crer, que algo poderia estar a suceder, uma vez que aquele presente lance, era estrondosamente fora do normal, logo, definira continuar ouvindo a palestra entre Rara e Alice, com o propósito de depreender, assim sendo, Alice fizera uma breve pausa em seu discorrer, na contiguidade dos cumprimentos matinais, mas prosseguindo, logo de seguida, a sua inconcluída manifestação — O horário para a abertura de dinâmicas está perto de acontecer e, a senhorita Lúcia, ainda não se encontrara dentro da empresa, assim como a senhorita, pois sei desta singularidade, porque Jordish, seu assistente, me há passado essa informação, sendo que a única figura que se fixa, é a senhorita Milena e, também sei deste factor, por intermédio de Helena, que é, de idêntica feição, a coadjutora de senhorita Milena — Preserva-se no mesmo ponto — Passa-se alguma coisa, senhorita Rara? — Pergunta Alice isenta de quietude, por meio do telemóvel, que, de nenhum modo, saiu de suas mãos, provocando-me, consequentemente, uma ansiedade  por uma resposta, que era a tal dita "curiosidade".

— Certo, igualmente, senhorita Rara! — Aponta Alice, visivelmente menos consumida, do que há um par de segundos, encerrando a corrente ligação.

Isto posto, suprimindo tardadas, estabelecera interpelá-la, a fim de poder cessar a indiscrição, que me acompanhara.

— Bom dia, Alice! — Mesuro vivazmente perante a conformação de Alice, que se locava no seu notável balcão — Hás visto a senhorita Rara pela British Company? — Busco formulando a pergunta, que julgara que haveria de dizimar, com toda a minha bisbilhotice.

— Não — Retorque Alice educadamente, seguindo prontamente, com a sua enunciação — A senhorita Rara, tal como a senhorita Lúcia, trabalharão, a partir de suas respectivas casas, hoje. — Consuma Alice, constituindo um acréscimo na informação reportada.

Porém, ainda faltava saber o motivo de Rara não ter vindo trabalhar, fisicamente, na data de hoje, visto que acerca daquela depravada mulher, não faria diferença alguma, conhecer a seu respeito, contudo, entendia eu, que Alice, não poderia aniquilar esta dúvida que detinha, já que melhor do que a própria figura de Rara, ninguém poderia fazê-lo, e como ao seu encontro ia, não me custaria algum valor monetário, perceber a verdade de seus próprios lábios, por isso, despedira-me de Alice, indo de sentido ao meu grandioso escritório, para pegar os meus pertences necessários, que eram nada mais e nada menos do que a minha careteira e, as chaves do meu admirável Volvo, para por conseguinte, e depois da minha partida da British Company, estrear a via que me transportaria até sua casa. No interior de meu distinto Volvo, na sucessão da minha ida da British Company, entabulara a rota com um itinerário, já muito explorado por nós.

Continua...

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