Capítulo 29

75 19 77
                                    

Robert

Há tantos meses não a via, no entanto, era incrível como os seus lábios estavam com a mesma textura, isto é, irrevogavelmente ternos e carnudos como sempre, isso não só parecia, mas como também era, pois eu lembro que apesar dos infortúnios, fui o felizardo de os tocar. Os nossos olhares ainda permaneciam fixos um ao outro, todavia, estabeleci romper este momento, porque sabia que havia um assunto para tratar.

— Por favor, entre. — Inicio sossegadamente, estendendo a minha mão, dando passagem para que a minha pequena Lúcia, pudesse entrar.

Sem mais demoras, internizou e sentou-se no nobre sofá de seda, que se situava no centro da sala, com isso, fechara a porta, orientando-me, desse modo, ao mesmo sofá, como também, me ajeitando para que pudéssemos conversar, ou pelo menos era o que esperava.

— Aqui está a tua encomenda. — Expressa Lúcia, colocando o envelope por cima da mesinha de centro.

Simplesmente paro perplexo, porque era incrível como Lúcia nunca percebia, que aquilo que fazia, era porque queria, que estivesse sempre por perto, ou melhor, perto de mim.

— Tu sabes que nunca foi pelo dinheiro. — Comento indisposto.

— Oh! — Vozeia indiferente — Por favor! — Vocifera ressaltando a sua sobrancelha — Não te faças de inocente agora, porque bem disseste ao Dr. Miller, que se não pagasse a quantia que tanto querias, haverias de processar à British Company e, consequentemente, a mim. — Exprime a minha pequena Lúcia sarcasticamente.

— Eu sei, mas eu também sei, que tu poderias mandar um outro alguém no teu lugar, para que efectuasse o pagamento, no entanto, tu decidiste cá vir — Apresento-me cínico, fazendo uma paralisação em minha linguagem, porém, adiantando-me prontamente — E, eu me pergunto: — Constituo uma folga proposital — Por que será? — Findo no mesmo tom de atrevimento.

Naquele igual momento, a minha pequena Lúcia se levanta, fazendo com que eu me levantasse também e, na hora em que me ia pôr, a marca dos seus cinco dedos, outra vez, surpreendentemente agarro-lhe pela cintura, encostando-a com uma certa pressão à parede, devido aos movimentos e, prendendo os seus braços, para que não se soltasse.

— Tu não sabes o que te... — Interrompo-a colocando o meu indicador, no meio dos seus macios lábios — Eu sei que tu também me amas —  Nesse instância, não pude resistir, uma coisa era certa, o beijo era incrivelmente apaixonante.

O corpo de minha pequena Lúcia suplicava por aquele beijo, eu pude sentir o seu corpo trémulo, era como se o meu, fosse o seu protector. Já eu, estava completamente embriagado pelo seu corpo, queria que aquele instante perdurasse, porque o forte desejo e o interminável calor que internamente se estabeleciam no meu corpo, gritavam por mais, o beijo de minha pequena Lúcia era o combustível que alimentava as minhas funções vitais e, jamais poderia viver sem ele.

Era absurdo o efeito que um beijo terno, único e quente poderia causar em alguém e, eu, era a prova disso. Lúcia entrelaçou delicadamente suas pernas à volta de minha cintura. Eu queria fazer-lhe minha, queria tocar e sentir cada milímetro de seu corpo, assim como as suas felizardas roupas,  queria inalar cada gotícula de seu perfume, sem que restasse alguma e, acariciar cada canto do seu encantável corpo, porém, assim não aconteceu, porque no minuto a seguir, Lúcia empurra-me por falta de ar, e logo de seguida, desentrelaçara suas pernas de minha cintura, pousando-as no chão, marcando-me estrondosamente, com os seus cinco dedos, após a sua acção. Então, rapidamente percebi o que ocorrera.

— Tu nunca mais me voltas a tocar! — Berra ofegante e com os olhos marejados.

Nos segundos vindouros, ausenta-se repentinamente, deixando-me completamente só. Uma lágrima ameaçava cair, porque mais uma vez, não podia acreditar no que estava a acontecer, mas foi nesse período, que Cassandra entrara, impedindo-me de prosseguir com aquelas lágrimas.

— Tu ainda a amas, não é? — Questiona Cassandra pacientemente.

— Eu só queria ... — Corta-me Cassandra sem deixar-me finalizar — Não precisas de me dar explicações, eu ouvi tudo e, os teus olhos, denunciam-te, como sempre ocorreu. — Conclui Cassandra no mesmo tom.

— Lúcia Morgan é o meu grande pecado e a minha maior doença. — Conto destroçado.

Depois disso, não haviam mais palavras para serem expressadas, a única coisa que não me saía da cabeça, é que daqui a um par de horas, eu teria de voltar à British Company para pegar os meus pertences, pois com todos aqueles ocorridos, foi impossível...

EYES & EYESOnde histórias criam vida. Descubra agora