EYES & EYES

Parte IV

Amaro

Já em minha estância, depois de despedir-me de Bovery, contava às horas para que pudesse vir o mostrado dia, que era precisamente hoje, para ir mais cedo à British Company e, encontrar a minha Lúcia, sendo que assimilava que para alcançar o mais alto nível, como a minha Lúcia se apresenta agora, ser rigoroso com a assiduidade, era um dos predicados que faziam parte de seu currículo, o que se igualara a mim, posto que conhecera, de similar maneira, que detestara atrasos, pois nos tempos de escola, eu não somente a observara, mas como também a estudara, porque em todos os nossos encontros, sempre comparecera ao ponto e, de parecido modo, me relatara que desgostara de retardos e, hoje felizardo, roubara o beijo que há anos, de certa forma, ansiava, o que valera o desassossego, já que seus abrasadores e grossos lábios, além de avermelhados, eram o caminho para me perder, tanto que desnorteado, eu sempre estivera. E, naquele presente átimo, pude destruir qualquer impaciência que ainda restava, acerca da relação intimista existente entre o tal dito Robert Gold e minha Lúcia, pela razão de que quando mencionara indirectamente a sua musculatura, vira a sua tensa reacção, o que a entregara, além da viva aliança em seus dedos, o que confirmara que sim, era real a união preservada entre aquele cínico varonil e minha Lúcia, porém, se aquele atraiçoado homem pensara que minha Lúcia haveria de usufrutuar, era melhor que ela mesma lhe falasse que o exibido material redondo em seu dedo, não mais constaria, pelo motivo de que já avisara a minha Lúcia que, a completa laranja eu teria de contemplar e, ao anoitecer, provar.

Em sequência de um longo período extraviado em minhas reflexões, com minha Lúcia vencendo o protagonismo, e dentro do meu seleto Mustang, decido despertar deles, para dar origem ao sentido com o destinatário de meu aposento, sendo que aquele fogo eu tinha de cessar com uma mulher que encontrasse e, se dispusesse a acompanhar-me, uma vez que minha Lúcia era como um vinho, que quanto mais tempo lhe passasse, mais prazeroso se tornava e, apenas no momento exacto e acertado, se poderia então, usufruir. Depois de vaguear as alargadas ruas da emérita Manchester, aparecera, por fim, ao edifício de meu domicílio, estacionando no minuto a seguir, o meu harmonioso Mustang no parque de estacionamento que lá ficava.

Arriara igualmente do meu bem-posto Mustang, subindo desse jeito, para o meu mais moderno escaninho, autonomeado de "lar" e, assim, ligar a Bovery, com vista de informar-me se na atraente Manchester existiam casas nocturnas, com mulheres disponíveis para o serviço de acompanhante, posto que tinha estado na considerada Manchester tempo suficiente para conhecê-la, pois se tão prontamente providenciara um endereço e um ataviado carro, o conhecimento acerca de casas noctívagas, não faltaria, uma vez que era comum fazermos tais acções na velha França, além de que compreendera a personalidade de Bovery e, uma das suas propriedades, era de ser submisso a rabos de saia, por isso, não dispensava uma procura de domicílios que oferecessem tais actividades, independentemente do local em que estivesse e do tempo que permanecesse.

Depois de fazer o já habitual processo para alçar até a minha moradia, que consistia resumidamente, em internizar ao elevador e esperar a sua subida até ao piso pretendido, estava agora diante da minha porta, para que dessa maneira, pudesse descerrá-la e interiorizar o meu assento e, com isso, realizar os meus ardentes desejos. Ao passar a chave pela porta, que compunha-se na figura de um cartão, visto que a abertura era automática e, era apenas necessário passar a igual chave, no dispositivo electrónico colado a ela, para que se descolasse, sou surpreendido com o cheiro de uma agradável refeição ao introduzir-me e, consequentemente, cerrá-la. Aquilo não era regular, já que vivera apenas com a companhia de minha fisionomia e, no comenos em que defini, em conclusão, palmilhar o caminho de onde provinha aquele aprazível eflúvio, a fim de reaver respostas para as perguntas que agora tinha, sou mais uma vez embasbacado em meu endereço, com o aparecimento de minha mais nova companheira, o impensável em tudo isto, era que mesmo com o aroma de seu fruitivo regabofe, a irrefutável fragrância de minha Lúcia, ainda estava impregnado em minha roupa, no encadeamento de um esbraseante soflagrante que passáramos hoje mais cedo e, até agora, sentira-o, por isso, precisava apagar a queimante lubricidade que minha Lúcia tinha despertado em mim. E, para a minha mais nova companheira não reparar no meu rosto incrédulo com sua presença, delibero avançar e dar início ao acto que a todo momento me perseguira, desde o meu quente beijo com minha Lúcia.

Quando chegara perto do arrasador corpo de minha companheira, pedira inconscientemente para que não notasse a efluência inegável de minha Lúcia, pois eu captava que ambas eram amigas e por serem mulheres, punha a situação num ensejo mais delicado, caso minha nobre cônjuge descobrisse, dado que eu apreendera que mulheres, ainda mais sendo melhores amigas, partilhavam estes acessórios e, mesmo que assim não acontecesse, sabiam destes particulares aspectos uma da outra, pela convivência que detinham e os anos de confiança, além de que eu crescera numa família maioritariamente constituída por consortes, então, de maneira certa, tinha conhecimento destas minúcias.

Com as mãos à volta de sua cintura e puxando para mais perto o seu adusto corpo, pude sentir o apreço dos seus fartos seios e uh! Raios! Que corpo era aquele? Não podia distinguir se era pela acre apetência, ou pela sua delirante conformação, mas eu precisava fazê-la minha, necessitava experimentar a sua compleição física por entre o meu e, ouvir de seus lábios, o meu nome sendo pronunciado. E, foi nesse período, e sem mais me poder conter, que a erguera e entrelaçara em torno do meu cós, porque os seus pés apenas prosseguiram dançando a melodia da música, que já começara a tocar ao redor de minha cinta. Com os seus fartos seios tocando o meu peito, arrancara dela no minuto a seguir, o mais incansável beijo, fazendo-me esquecer, desse modo, a ideia que outrora retinha, acerca de Bovery ajudar-me com uma mulher que  pudesse acompanhar-me, uma vez que Milena, agora era a afortunada.

Continua...