Capítulo 111

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Bônus Aline (1/2)

Comentários geram engajamento e ajuda a autora aqui, então vamos comentar!

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Parecia uma coisa, eu sentia a presença dessa karma, só não sabia que ele estaria tão perto.

Desde que ele apareceu aqui na minha porta com a Camila minha vida desandou. Como, depois de vinte e poucos anos eu iria explicar pra minha filha que aquele merda de homem era o pai dela?

Roni foi o causador de todos os meus traumas com meus filhos, todos os meus medos, minha preocupação e cuidados extremos com meus filhos. O motivo de eu ter prendido tanto a Camila e cobrar tanto dela a ponto dela explodir.

Mas a vida é traiçoeira e ela faz a gente pagar o que temos pra pagar aqui. Eu, que tanto escondi, tendo desfiz, tive que ver minha filha seguindo o caminho mesmo sem saber que eu própria trilhei. Me senti na pela da minha mãe e agi igualmente ou pior a ela. O que tanto me doeu na época, eu fiz doer pior na Camila. E eu não me orgulho.

Roni veio para colocar minha vida de ponta cabeça de uma maneira ruim. Só eu sei o amor que senti por esse traste, o amor doentio que ele despertou em mim e eu nele. Era uma coisa doida, era combustão imediata quando estávamos juntos. Seja bom ou ruim, sempre era um incêndio.

Eu tinha apenas quatorze anos quando fui morar com ele. Era nova, iludida com a vida e com a minha mãe que me proibia de vê-lo. Mas diferente de mim, ela não me pois pra fora como fiz com a Camila. Eu sai por achar que minha vida seria melhor ao lado dele. Mau sabia eu, cabeça de vento.

Roni me dava tudo desse dinheiro sujo. Tinha as melhores roupas, sapatos, bolsas, tudo. Mas com isso veio o controle. Roni controlava cada peça que eu usava para tentar diminuir seu ciúmes incontrolável e eu sempre fui muito bonita assim como Camila, podia estar como uma mendiga que ainda assim chamava atenção.  E era isso o começo de tudo.

Tudo começou com uma discussão, logo depois com um xingamento, um grito, uma segurada forte no braço, uma enforcada no pescoço e quando dei por mim, era um porradeiro no fim. O ódio do Roni é que nunca abaixei a cabeça pra ele, era uma briga sem fim, e ele usava apenas o que podia, sem o uso de qualquer arma.

E logo depois Camila chegou e mudou nossas vidas por um tempo. Veio uma onde de calmaria para o meu agrado. Mas como eu devia desconfiar, nada na vida é bom por muito tempo.

Roni fazia muita coisa na rua, coisas que eu repreendia totalmente mas de certa forma usava.. ele era ganancioso, sempre foi, quanto mais ele tinha, mais ele queria.

Eu sempre dizia ao Roni que essa obsessão o levaria ao fundo do poço e não foi diferente.

Eram inúmeras traições da parte dele que virou algo rotineiro. Foi quando um certo dia eu olhei para Camila pequena e vi que eu não era o exemplo que eu queria que ela tivesse quando crescesse e ali me condenei. Chorei, me xinguei, me condenei e me perdoei para que eu pudesse seguir o meu caminho do zero.

Eu estava com três meses de gestação do Davi quando peguei a Camila, com uma bolsinha que continha seu leite, um pacote de fralda, algumas roupinhas e sua boneca preferida e sai daquela casa, apenas com a minha roupa do corpo. Não levei nada que era do Roni, nada que tinha sido com o dinheiro dele, nada me faria lembrar ele além dos meus filhos.

Eu nem olhei para trás para não correr o risco de voltar, eu sabia que precisava daquilo e saberia o quando doeria.

Eu não tinha pra onde ir, minha mãe havia voltado para sua cidade natal depois que sai de casa e de qualquer forma eu não voltaria pra sua casa, eu não queria ter que ouvir aquelas palavras amargas de "eu te avisei" saindo de sua boca. Por mais que eu soubesse que era tão verdade assim como o céu é azul, eu não daria o gosto dela dizer com razão.

Uma tia minha que era a única mais próxima na época, me abrigou no Lins, o morro um pouco distante do quê eu morava, até o Roni me achar aqui ia ser difícil..

Minha gravidez do Davi foi um completo inferno, eu passava mal, desmaiava, e tive enjôos até o nono mês. Eu rezava todos os dias para que ele nascesse bem e em perfeito estado.

Fiquei sabendo que o Roni estava louco atrás de mim, que se me visse na rua me mataria com as próprias mãos por sumir com os filhos dele. Ele não chegou a conhecer o Davi mas sabia que eu estava grávida. Em todo meu pensamento eu pedia para o Roni sumir da minha vida, nem que ele morresse, mas que me deixasse em paz.

E bem, por um tempo deixou.

O Marreta era irmão dele por parte de pai e eu nunca soube até a volta do mesmo. Parece que há anos atrás o Marreta fez uma casinha pro Roni e bem... Ele caiu.. nove anos recluso. Não faz pouco tempo que ele saiu da cadeia. E demorou apenas três anos pra ele nos achar novamente. Se não tivesse sido pelo Igor..

Eu não o culpo, ele jamais saberia, para Camila seu pai era um filha da puta (que não deixa de ser) que me abandonou ainda grávida do Davi.

Ter ele de volta em minha vida é um tormento, tenho medo de tudo que eu tenha construído com meus filhos vá de água abaixo.

Eu sei que a Camila é adulta e não deixaria se levar tão fácil, apesar de tudo que passamos, hoje eu tenho uma relação ótima com a minha filha, a relação que eu poderia ter tido sempre se eu não fosse tão extremista.

Agora o Davi... É meu menino, tá na fase de se deixar levar.. meu medo é que ele esqueça do futebol, que se deslumbre com essa vida de merda que o pai dele leva, que ache que tudo que vem fácil é melhor, que na primeira dificuldade que ele passar nos estudos e no futebol ele jogue tudo pra cima e entre nesse lado errado. Isso eu não vou aceitar jamais.

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