Capítulo 67

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Camila ❁

Esses minutos que estou sentada chorando aqui no sofá, parecem horas.

Por que o Igor é tão filha da puta? Mal saiu da cadeia e já atrasa a minha vida e a vida do meu filho! E daí que eu não contei pra ele? F O D A S E! Ele nem merecia minhas palavras depois de tudo que fez, e como ele me fez sofrer a minhas duas gestações. Se não fosse pelo Bruno eu quase teria perdido o Thomás, mesmo ele não sendo obstetra.

O filho é meu cara, MEU! Ele não deveria ter mérito nenhum sobre meu filho! Porque eu não fugi pra bem longe e criar meu filho sozinha? Burra, sou muito burra!

Eu odeio tanto Igor, mas tanto! Por que ele não continuou preso? Minha vida estava fluindo tanto, e agora vem todo esse inferno de novo!

— Garota... — Talita chegou na porta ofegante — Nunca subi esse morro tão rápido! — ela respirou mais uma vez — Achei que tava vendo miragem quando vi o Igor com o Thomás... Tu contou?

— Não. — limpei o rosto — Sei lá como ele viu, mas o Thomás tem a mesma marca da Isabela e dele... Ele ligou a idade e os meses do Thomás ao tempo que ele ficou preso.

— Eu acho que tenho um pouco de culpa em como ele viu...

— Talita!

— Me desculpa! — ela se sentou — Ele estava lá em casa, fui na banheiro e pedi pro Léo olhar ele pra mim, quando voltei o Thomás já estava no colo dele. E o Léo me disse que ele foi sozinho, sem que chamasse... Me desculpa Mila, não achei que ele ia reconhecer o sinal... Mas mais horas ou menos horas alguém do morro ia contar, porque todo mundo já sabe, só não falam.

— Eu sei... — me levantei — Eu errei, sabia como o Igor é em relação a filho, sempre foi um ótimo pai e eu fiz merda... Mas cara é meu filho! Ele vai se exibir pro morro todo com o MEU FILHO, TALITA, MEU FILHO!

— Tá, você está puta porque o Igor fez isso tudo, ou porque vocês está com ciúmes do Thomás?

— OS DOIS! — sentei no sofá novamente — O Thomás só parece comigo fisicamente, porque a personalidade é toda do Igor, e eu sei que o Igor vai amar ele... Isso não é justo cara!

— Eu falei isso assim que tu decidiu fazer essa maluquice e vou repetir agora. Tu acha que foi justa? Que agiu certo?

— Não, não acho. Mas eu estava protegendo meu filho!

— Ou a si mesmo? — ela me encarou — Amiga, me desculpa, mas você ainda estava bem sentida com ele quando descobriu a gravidez do Thomás. Você agiu de cabeça quente e deixou isso se levar até a agora. Tanto quanto ele e você estão errados nessa história. Deveriam sentar e conversar porque agora vocês são pais de uma criança e sempre terão esse laço, sempre estarão nas vidas uns dos outros.
 
— Eu sei Talita... — passei a mão no rosto — Tô morrendo de dor de cabeça.

— Tá, vai tomar um remédio, deita e descansa, tá? Sabe que seu filho está em boas mãos!

— Mas eu fico preocupada, né!

— Você deveria é ficar preocupada com você, não sabe é se o Igor vai te deixar em boas mãos. — revirei os olhos e dei dedo a ela.

Fiz uma mochilinha com uma peça de roupa, fralda, fruta e biscoito. Dei pra Talita entregar a ele, tomei um banho e deitei pra descansar.

(...)

Acordei com a campanhia tocando e era o Igor, sai correndo e peguei o meu neném do colo dele.

— Ela tá inteiro, ridícula. — ele disse, já entrando na minha casa, quem deu essa confiança a ele?

— O que você quer, em? — perguntei, entrando logo atrás.

— Primeiro que quero e vou passar o Thomás pro meu nome, ele tem um pai que sou eu. — engoli a seco.

— Igor, o menino já tem documentos, vai ser maior burocracia isso tudo... — ele me encarou.

— Eu acho que você não entendeu o que eu disse. Eu não te perguntei se você quer ou não, eu disse que quero e VOU! — ele deu ênfase — Você não fez a tua arte? Agora se vira! — concordei, engolindo a seco.

— Já acabou com a graça aqui? Pode ir embora. — apontei pra porta

— Tá com medo do teu marido chegar e me vê aqui, é? — ele riu, pegando o Thomás do meu colo — Já falou pra ele que foi aqui que fizemos o Tom?

— Se manca e para de dar vulgo pro meu filho! — ia pegar o menino mas ele se afastou.

— Não sabia que teu dedo estava tão poderoso! — dei dedo a ele.

— Anda Igor, tchau! — ele riu

— Tá com medo de quê, cara?!  Falar nisso, o que tu viu nele? De bandido a médico, se superou.

— Nunca quis essa vida pra tu, não vou querer pra mim. — respondi e ele me encarou.

— Tá certa. — ele me entregou o Thomás — Vou te dar o papo reto porque sabe que não gosto de ficar de putaria com essas coisas, vamos ficar de boa até porque o Thomás é nosso filho, e sempre teremos algo que nos ligue. Tu sabe como sou com filhos, ou é 08 ou 80, se tu quiser ficar na paz, vamos ficar de boa, agora se tu quiser fazer disso um inferno, adoro bater um papo com o capeta!

— Credo, para com isso. — fiz o sinal da cruz — Eu não posso proibir você de ver o Thomás, você é o pai, infelizmente. — ele me olhou feio — Mas sabe que vai ter regras, não sou a Brenda que deixa o filho a Deus dará, eu amo meu filho e quero que ele continue comigo.

— Se a gente continuar na paz, todo mundo vai ter direitos. — concordei com a cabeça — Tô indo, depois nós conversa. — ele piscou e saiu.

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