Capítulo 61

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Camila ❁

Estava descendo para ir trabalhar quando vi o Igor e a Isabela descendo também, ela estava toda arrumadinha, com uma mochilinha nas costas... Era seu primeiro dia de aula?

O tempo está passando tão rápido que eu nem estou me dando conta, num dia a Isa era uma menina que quase não falava, hoje ela já vai pra escola?

Ela estava linda, estava de Maria Chiquinha, uma mochila rosa da Marsha e o Urso, sabia que ela gostava.

Não tinha como eu descer e não falar com ela, seria ingratidão da minha parte.

— Nossa, mas tá muito linda essa princesa. — digo, andando ao lado dela e logo Igor me olha, ela abre os braços no sinal de quem quer colo e eu a pego.

— Eu vou "pla cleche" mamãe. — ela disse, mexendo no meu cordão.

— Vai estudar? — ela negou a cabeça e ri.

— Minha identidade tá lá, né? — Igor perguntou e eu confirmei com a cabeça — Tem como tu me entregar depois?

— Quando eu chegar do trabalho eu deixo aqui na tua mãe. — ele confirmou com a cabeça.

— Vem filha, — ele pegou a Isa — Vem que a gente vai em direção contrária.

— Tchau, mamãe.

— Tchau filha, boa creche — ela riu, acenando com a mão e eu também.

Se eu disser que não sinto falta da convivência é mentira, é lógico que sinto. O sonho de ter uma família sempre foi vivido ali quando a Isabela e o Igor estavam ali comigo, sinto falta de todo aquele clima... É difícil.

(...)

Eles já tinham me transferido para Ipanema, então a viagem era mais longa tanto na ida, quanto na volta. Eu sempre voltava cheia de sono, e quase sempre perdia o ponto do ônibus por passar direto.

Aproveitei que recarregou o ticket alimentação e passei no mercadinho daqui de baixo, amém que inventou o ticket.

Estava subindo com os fones no ouvido e algumas bolsas do mercado quando ouvi aquele barulho de moto, mas continuei com o fone no ouvido. Senti a moto parar perto de mim, eu não sabia quem era porque não me dei o trabalho de olhar, eu estava em modo automático, só queria ir pra minha casa.

Ouvi a buzina da moto umas duas vezes, tirei o fone e vi que era o Igor... Que que esse garoto quer?

— Sobe aí, eu te levo lá. — ele disse, com a moto parada perto de mim.

— Não, eu tenho duas mãos e duas pernas, obrigada.

— Para de se fazer, Camila. Essa porra tá pesadona, tá parecendo burro de carga.

— Eu já disse que não.

— Então tá... — ele acelerou a moto — Topetuda do caralho... — e partiu

Eu não sei o que o Igor tá pensando que aconteceu, só porque eu falei com ele não quer dizer que voltou a ser tudo que era antes, que ele vai voltar pra casa e ficar tudo bem. Não. É muito, muito difícil mesmo que haja mais alguma coisa entre eu e ele.

(...)

Eu tinha prometido levar a Isa na pracinha hoje mas eu estava tão cansada... Mas sabe como é prometer coisa pra criança né? E hoje também é sexta feira, amanhã eu posso dormir até mais tarde.

Tomei um banho e mandei mensagem pra dona Nádia, mas ela me disse que tinha saído, e a Isa estava com o Igor, mas que mandaria mensagem pra ele e eu poderia ir lá pegar ela.

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