Capítulo 103

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Igor ✕

—  Tem certeza que é isso que tu vai fazer? Tu sabe que pode dar certo do mesmo jeito que pode dar merda, né? —  Smith disse

— Cara, é tudo ou nada. —  digo, tragando um cigarro — Se der merda, cuida da minha família por mim, já é? 

—  Vai pra porra, Igor. Não sei onde eu tô com a cabeça te apoiando nessa porra. —  ri, negando com a cabeça — Só espero que dê tudo certo, o papo de talaricagem é certo. 

—  Não cismo com uma coisa atoa. É vida por vida. 

(...) 

Cheguei em casa e Camila tava no sofá com o Thomás e a Isabela, me sentei ao seu lado e selei nossos lábios.

—  O que foi? —  ela sorriu.

—  Tu é a mulher que eu escolhi pra minha vida. É a mãe dos meus filhos e eu sei que não sou o homem perfeito pra tu, mas tudo que faço por você hoje é sempre dando o meu melhor. — ela sorriu me beijando de volta. 

—  Eu sei amor... —  alisou o meu rosto —  Mas por que você tá me dizendo essas coisas, parece que tá se despedindo, sabe que não gosto disso.

—  Eu não tô me despedindo não. Só quero que tu se lembre disso. 

—  Igor... —  seus olhos se encheram de lágrimas —  Você vai fazer esse negócio mesmo? —  afirmei com a cabeça —  Cara... —  ela deixou a primeira lágrima rolar —  Eu sei que não vou te convencer a parar, porque você é vingativo demais pra isso, e não está errado, mas pensa nos seus filhos só um pouquinho.. por um minuto. 

—  É por eles que estou fazendo isso também. —  peguei em seu rosto — É tudo ou nada, e eu prometo que eu vou te dar a vida que tu merece. Longe disso tudo porque a minha família é tudo pra mim. —  ela soltou as lágrimas. 

—  Promete voltar pra casa assim que isso tudo acabar? —  concordei com a cabeça —  Eu amo você, amo muito...  

(...)

Mesmo eu rezando pra que o dia não acabasse, ele acabou. A noite se pôs e o amanhecer chegou e junto dele eu e a Camila se amava, como se não houvesse amanhã... Mas houve.

Mesmo eu de olhos fechados, eu sentia que Camila me observava. Essa decisão de primeira nem me preocupou, lógico que bateu aquele nervosismo, aquela adrenalina, mas chegando em casa que eu pude sentir o peso das minhas escolhas. Na época que eu era novinho, não ligava pra porra nenhuma, não tinha ninguém pra me preocupar, não dava nem valor pra nada mesmo não... Mas hoje em dia eu tenho algo, criei laços, planos pra um futuro e dou valor aquela que me amou de verdade, que fechou no claro e no escuro e mesmo quando teve mil motivos pra me odiar, ainda sim arrumou um pra me amar. Por essa eu dou minha vida na moral mesmo, igual a ela eu não encontro em lugar e eu tô ligado nisso, por isso que ela é minha pelo resto da minha vida.

Levantei e ela estava de olhos fechados, tomei um banho e sai do banheiro, Camila estava sentada na beira da cama.

— Bom dia amor — lhe dei um beijo e ela ficou me observando com os olhos cheios de lágrimas.

— Toma... — ela veio até a mim, me mostrando uma correntinha fina — Eu estava com isso quando tive o Thomás, e eu sei que você vai chegar salvo em casa, mas só quero prevenir. — ela colocou no meu pescoço — Eu já te perdi uma vez Igor, não vou fazer isso de novo.

— E não vai. — peguei pela sua cintura, selando nossos lábios.

(...)

— Qual foi Dentinho! — parei minha moto enfrente a calçada que ele estava — Bora ali na quadra comigo, preciso de ajuda num bagulho.

— É importante? — perguntou com o cigarro na mão.

— Pra caralho. — ele concordou com a cabeça.

Minha vontade era de estourar ele ali mesmo, sem dar chance nem pra pedir piedade, na moral... Meu sangue fervia.

Antes chore a família dele que a minha...

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