Igor ✕
Eu nunca pilotei uma moto tão rápido, meu coração acelerava e eu tinha até vontade de chorar... Nunca passei por isso com a Camila, nunca tive a sensação de ir encontrá-la no hospital, ao contrário, foi ela quem passou por isso comigo.
Estacionei a moto e sai correndo adentrando esse hospital, só me informei na recepção o número do quarto da Camila e corri pelos corredores.
Eu não avisei ninguém, só pensei em saber como estava a Camila, mas a minha mãe com certeza avisou, porque dona Aline não parava de me ligar.
Entrei no quarto em que Camila estava e procurei pelo seu leito, havia muitos ali.
Me aproximei a fitando, ela estava com olhos fechados, sua perna estava engessada e estava no alto. Seu braço estava enfaixado e estava muito vermelho. Ela havia ganhando pontos em seu queixo e em sua sobrancelha... Fora os lugares visíveis do seu corpo que estava roxo.
A toquei devagar e ela abriu os olhos, assim que seus olhos me encontraram, eles marejaram.
Cara, era um sentimento que nunca tinha sentido na vida, que angústia, que aflição.
— Oi amor... — falei e vi as lágrimas rolando pelo seu rosto — Calma, eu tô aqui... — me sentei ao seu lado na maca e beijei sua testa.
Ela não falava nada apenas chorava. Ela chorava muito porém estava calma, as lágrimas caíram naturalmente, sem esforços. Aquilo quebrava o meu coração pedaço por pedaço.
— Eu preciso saber o que aconteceu... — digo calmo, acariciando seus cabelos — Consegue me falar? — ela concordou com a cabeça.
— Eu estava no ponto de ônibus, meio afastada, acho que estava mexendo no telefone, não lembro direito — ela deu uma pausa — Só consigo lembrar do impacto do carro em mim...— ela me olhou — Eu só lembro disso.
— Não viu quem foi? — ela negou, olhando pro nada — Camila, você não tá escondendo nada de mim, né?
— Não amor... — ela me encarou — Eu só estou tentando me recordar das coisas, ainda estou um pouco confusa... — respirei fundo
— Me desculpa... — limpei as lágrimas em seu rosto — Fiquei preocupado, é uma aflição do caralho te ver aqui. — ela riu, meio sem jeito.
— Agora sabe o que sinto quando vou te ver no hospital. — ela disse se ajeitando na maca.
— Você não vai passar por isso de novo. — digo — Seu queixo ganhou outra cicatriz. — ela fez um bico e ri, beijando sua boca.
Camila tinha uma cicatriz no queixo que odiava, ela tinha caído de bicicleta quando pequena e havia ganhado pontos. Eu amava aquela cicatriz, já ela, não.
— Isso é porque ainda não viu minha bunda. — ela levantou a roupa hospitalar me mostrando sua perna.
A parte da bunda e sua perna estava uma mistura de sangue preso e marcas roxas. Parecia que o carro havia passado por cima dela.
— Algum ferimento grave? Alguma sequela? — perguntei, já abaixando a roupa do hospital e ela riu.
— Pelo que o médico disse, não. Só dois meses com o gesso, e as cicatrizes mesmo. — ela bufou — Será que vou ficar feia? — ri.
— Impossível. Nem se você fosse atropelada por um caminhão. — ela riu — Você é linda pra mim, isso é que importa. — ela se esticou, selando nossos lábios mas logo gemeu de dor — Ei, sem esforços. — coloquei deitada na maca.
— Quero minha casa, meus filhos... Até a minha mãe... — ela parou pra pensar — Aliás, tu avisou a ela? — neguei
— Eu saí que nem um desesperado amor, não pensei na hora, mas a minha mãe com certeza avisou.
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Lado Errado
Novela JuvenilCamila é uma jovem de 17 anos que mora no complexo do Lins junto a sua mãe e seu irmão. Sonha em ser uma fotógrafa e dar uma vida melhor a sua família, mas se ver conturbada ao ter a vida cruzada com Igor, de 19 anos que um garoto da vida errada com...