Capítulo 82

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Igor ✕

Hoje era o dia que eu não queria levantar da cama por nada, e nem deixar a Camila levantar. Mas hoje era o dia que o Marreta me convocou lá na casa dele, boa coisa ele não quer.

— Você tem que ir mesmo? — Camila me perguntou, vestindo a calça.

— Tenho né. — fechei a bermuda — Ele tá me chamando há uma semana, eu só enrolo.

— Olha lá em, Igor. — disse, penteando o cabelo — Você me prometeu.

— Eu sei o que eu te prometi, Camila. — passei, lhe dando um beijo no pescoço — Mas você sabe que não vai ser na velocidade da luz. — ela me encarou — Não adianta fazer cara feia não em.

— Vai se foder, Igor. — ri, mulher esquentada, cara.

— Vai querer que eu te busque hoje no trabalho?

— Não precisa, eu não vou sair tão tarde, pego o ônibus com as meninas.

— Tá bom, — lhe dei um selinho — bom trabalho.

— Obrigada, e Igor, por favor, não faz nenhuma besteira mais.

— Fica tranquila, tô indo. — lhe dei outro beijo e sai.

O Thomás tinha dormido na minha mãe, mais tarde eu o pegaria lá.

(...)

Cheguei na casa do Marreta e logo aqueles seguranças me deram passagem, segui aquele corredor e o chamei, o mesmo mandou abrir a porta.

— Fala meu menino de ouro! — ele disse segurando uma nota com uma carreirinha — Servido?

— Não, tô longe disso. — me sentei no sofá

— Que isso, desperdiçando o bom da vida? — ri sem graça — Efeito Camila, esqueci.

— Tenho um família e uma vida, prezo isso, obrigada. — ele riu.

— Você me faz lembrar o meu eu do passado, preza por uma vida, arrumou uma gata... Mas é passageiro, daqui a pouco o amor acaba.

— Se ela continuou me amando depois de tudo que fiz pra ela e depois de dois anos preso, parceiro, esse amor não acaba. — ele riu de canto.

— Na vida a gente tem luxo ou amor né, não se pode ter os dois. — eu ia dar uma resposta, mas acabei seguindo, quero saber qual é essa que ele tá planejando.

— Vai, desembucha. O que tu tá querendo fazer?

— Um corre na pista, tá ligado? — já fui negando com a cabeça — Qual foi?

— Da última vez que fiz um corre, fiquei recluso dois anos e pouco. Eu não sou um 157, se ligou?

— Tá arregando agora? Quem é dessa vida não pode correr, filhão!

— Marreta, com todo respeito. Da última vez o único que se fodeu foi eu! Eu não vi meu filho nascer, não vi meu filho fazer um ano e nem filho eu sabia que tinha, por estar lá dentro. Aquele lugar é um inferno e tu sabe bem, tu já esteve lá várias e várias vezes. Tu entra de um jeito e sai pior, mas graças a Deus que tive minha família ao meu lado pra me amparar, senão, eu estava fodido. Eu não vou fazer corre na pista, entendeu? Tu sabe que meu trabalho aqui nunca fui esse, já te mostrei tudo que sou capaz, o que tu quer mais de mim?

Ele riu

— Quem é dessa vida não pode correr, acha que é tudo moleza? — respirei fundo.

— Eu não vou fazer.

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