Capítulo 45

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Igor ✕

Sai do banheiro e fui para sala, logo vi a Camila sentada a mesa, estranhei pelo fato da Camila não gostar de acordar cedo.

— Tá fazendo o que acordada uma hora dessas? — passei por ela, lhe dando um selinho.

— Te falei que tinha médico hoje.

— Tá passando mal? — perguntei

— Não né Igor, é minha ginecologista, vou fazer a rotina e pedir pra ela trocar o anticoncepcional, não tá se dando no meu corpo.

— Você ainda quer tomar isso... — falei colocando um copo de suco.

— Não começa em.

— Vai querer que eu te leve lá?

— Não, eu vou com a Talita que ela também tem consulta. É aqui embaixo no postinho.

— Tá bom, qualquer coisa me liga. — ela concordou com a cabeça e continuou me olhando — Que foi?

— Nada... — ela abaixou a cabeça e seus olhos estavam marejados.

Eu sabia do que se tratava, ontem quando chegamos eu e Camila tivemos uma conversa séria, contei a ela tudo que eu estava acontecendo. Sobre o marreta, o que eu teria que fazer, quando eu teria que fazer... É óbvio que ela surtou, Camila é muito protetora, é muito família, nunca que ela iria ficar tranquila sabendo de tudo isso, por isso que numa parte eu preferia esconder dela, evitava que ela sofresse, mas descobri que ela sofre de qualquer jeito, sabendo ou não.

— Camila, já conversamos sobre isso.

— É que eu não entendo Igor, só isso.

— Isso é consequência. Eu aceitei essa vida, não posso correr. E não adianta me dizer que é só sair, porque não é tão fácil assim.

— Tá Igor... — ela levantou, pegando sua bolsa — Eu vou deixar você fazer o que você quiser, é sério não vou mais sofrer por isso... É uma consequência como você mesmo disse, se você morrer é só uma consequência. — ela saiu, batendo a porta.

— Camila! — gritei mas ela não voltou... Essa garota é foda cara, mexe com a minha mente legal!

Coloquei o prato na pia e fechei a casa, peguei a moto e fui direto pra casa do marreta, essa semana só finalizariamos o plano pra ninguém ser pego igual a outra vez.

Deixei minha moto na calçada, coloquei a chave no pescoço e entrei, logo vi Nano com um balão na mão, só assim pra ficar suave.

— Qual foi? — fizemos o toque

— Qual foi, foi ontem — peguei o balão da mão dele, dando um trago

— Ih, que que tá pegando?

— Camila entrando na minha mente logo de manhã, mexe com minha mente legal.

— Morde a cara, bebê! — ele riu — Tá achando que casar é só trepar? Tá fodido.

— E tu, quer falar o que? — o encarei

— Tô correndo de laço, filhão! — ele riu

— Meu pau, todo mundo sabe que tu é gamadona na Priscila ali da biqueira, sai dessa.

— Ih filhão, papo torto isso aí, — ele gargalhou — Sou bicho solto, me prendo a ninguém!

— Torto é meu pau, quer mentir pra mentiroso, rapá — dei dedo e ele riu.

— As mocinhas vão ficar de papinho gostoso aí? Querem chá também? — Marreta apareceu nos chamando.

— Acordou virado hoje... — Nano disse e entramos.

(...)

Filho, eu já estava de cabeça quente, puta que pariu.

Já eram seis da noite, Camila já tinha chegado em casa há décadas! Minha cabeça tava latejando, não aguentava mais ouvir o marreta falar.

— Tem que ser tudo assim, desse jeito. — ele disse — Se nós fizer como planejado, ninguém roda.

— Tem certeza disso cara? Assaltar o mesmo banco no qual tu rodou? — Smith perguntou

— É o banco que eu conheço de cabo a rabo. — Marreta disse — E se algum cana aparecer, nós descarrega o pente mesmo, o que eu não posso é rodar de novo.

— Mas quer botar a cara a tapa de novo, pô. — disse e Smith concordou.

— Quem é dessa vida não pode correr! — marreta disse — Tu sabe disso, tu mesmo já pôs em prática! — ele disse com uma risada sarcástica e Smith me olhou.

— Mas se é assalto em banco, pra que tu quer o Igor? Ele só não é bom é conta, como tu mesmo disse? — Smith perguntou

— Iguin já me mostrou que ele é mais que um cérebro bom de conta, né não moleque? — marreta me perguntou e eu engoli a seco.

Smith me olhou e fechou o cenho, com toda certeza ia vir interrogatório.

Senti meu celular vibrar novamente e era mensagem da Camila.

Já tá vindo pra casa? Acabei de fazer a comida, trás refrigerante, tá? / Doida 🔥

Igor vem rápido, preciso falar com você! / Doida 🔥

Vou tirar um cochilo, quando chegar me acorda. / Doida 🔥

Bloqueei o telefone e coloquei no bolso, pronto, mais uma pra minha cabeça.

Marreta terminou a palestra dele e eu fui o primeiro a levantar, queria meter logo o pé dali, só queria minha casa e um remédio pra dor de cabeça.

Assim que sai, senti uma mão apertar meu ombro, olhei pra trás e era Smith, o que já era de se esperar.

— Que papo foi aquele do Marreta lá dentro?

— Nada. — digo andando até a quitanda da Dona Maria.

— Nada? Tá achando que eu nasci ontem, Igor?  — Smith me conhecia muito bem

— Caralho, já disse que não é nada! Sabe como o Marreta é. Ele já tem olho em mim não é de hoje!

— Que ele tem olho eu já sei, agora o que eu não tô entendendo é o motivo. Ele admirava tua inteligência, mas agora já é outro motivo!

— E eu vou saber? Para de se drogar em noiado.

— Brinca mesmo, tu sabe que uma hora eu vou descobrir. — peguei o refrigerante e desci, Smith só vem de papo errado pra cima de mim, eu em.

Entrei em casa e Camila dormia no sofá, a acordei e ela foi tomar um banho e eu fiquei vendo tv.

(...)

Na mesa estávamos calado. Camila não abria a boca pra falar um "aí" ela estava mais branca que papel

— Camila, tu tá me deixando nervoso! Porra, me mandou mensagem falando que queria falar comigo agora tá nesse silêncio todo, o que aconteceu?

— Aí cara... — ela começou a chorar...

— Camila, o que aconteceu? Tu me traiu? Alguém te bateu? Porra, já tô puto.. — digo, segurando o garfo forte.

— Eu tô grávida, Igor. — soltei o garfo na mesa — Eu tô grávida de dois meses.

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