Capítulo 70

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Igor ✕

Tava subindo de moto depois de ter deixado minha mãe no mercado, quando vi a Camila descendo toda descabelada com o Thomás no colo.

— Ou? — a chamei, mas ela continuou descendo — Garota!

Dei a meia volta com a moto, e fui atrás.

— Que foi, Camila? — fui descendo, a acompanhando.

— Eu não sei, o Thomás tá com febre desde ontem, não come, só chora. — uma lágrima rolou de seu rosto.

— Vem, sobe logo aqui que te levo no posto. — ela subiu sem reclamar e dei partida na moto.

Eu não queria nem saber se estávamos sem capacete, ia voado pensando no Thomás, mal estacionei e a Camila já pulou da moto com o Thomás no colo, adentrando o hospital.

Passamos pela recepção e logo depois pela triagem, não tinha tantas crianças no postinho, estão o Thomás foi logo pra sala da pediatra.

Fiquei sentado do lado de fora, passou uns vinte minutos a Camila saiu da sala cheias de receitas médicas na mão.

— Vamos ter que esperar um pouquinho, ele vai passar pela medicação. — concordei com a cabeça, mas quando olhei a fila, tava dando volta.

Ela se sentou ao meu lado.

— Quer me dá ele? — ela concordou, me entregando o Thomás que dormia, mas com o sono fraco — O que ele tem?

— Ela disse que é garganta... — ela bocejou — Eu achei que ser mãe era fácil, mas não é não... — concordei com a cabeça.

— Tá com sono? — ela confirmou, depois de bocejar pela terceira vez

— Eu tô sem dormir com ele, faltei o trabalho, tô sem comer... — ela encostou a cabeça no meu ombro — Quando chegar a vez dele, me chama?

— Tá, dorme um pouquinho aí. — abaixei mais meus ombros, e ela encaixou a cabeça, se acomodando.

(...)

Faltavam umas três pessoas antes do Thomás quando a Camila acordou.

— Quer me dá ele? — ela perguntou e neguei.

— Por que não me ligou antes de vir pra cá? — perguntei sem encara-lá

— Na hora eu não pensei... Só queria trazer ele.

— Você estava sozinha? — ela concordou — Mas ele com febre alta, não pode dar esse mole.

— Eu já disse que na hora eu não pensei em nada... — ela se ajeitou na cadeira — E eu sou a mãe dele, então...

— E eu sou o pai. — interrompi — Eu já te disse, filho comigo não é brincadeira.

— Você já não está aqui? Tá reclamando por que? — ela perguntou num tom de deboche.

— Porque se eu não tivesse te visto descendo aquela ladeira que nem uma maluca, talvez eu nem soubesse que o meu filho está doente.

— Cara, você tá insuportável. — ela pegou o Thomás do meu colo quando seu nome foi chamado — Tudo pra você é motivo de discussões, pelo amor de Deus.

(...)

O caminho de volta pra casa foi quieto. Camila segurava o Thomás que estava enrolado no meu casaco, voltamos com um saco de remédios da farmácia e num silêncio profundo e ensurdecedor.

Parei no portão de sua casa e ela desceu, colocou o Thomás que dormia no cercadinho e voltou com meu casaco na mão.

— Toma. — ela me entregou e liguei a moto novamente — Você tem que saber ser mais leve em relação ao Thomás, Igor.

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