Igor ✕
- Algum progresso doutora? - perguntei a fisioterapeuta da minha mãe.
- Tem mais alguma coisa pra ela progredir? - ela riu - Sua mãe é quase um milagre Igor, ela basicamente já anda sozinha! Só é preciso as muletas por conta de ser um pouco recente.
- Ih quatro meses já, tô pronta pra outra! - minha mãe disse rindo
- Brinca nem com isso em! - digo e a doutora ri - Chega de susto na minha vida! - minha mãe ri.
- Então, mês que vem você só vem fazer um exame pra vê se está tudo bem e tá liberada, ok? - minha mãe concordou - Então, até mês que vem.
Ajudei minha mãe até o carro e entrei.
- Filho? - ela disse colocando o cinto - Agora eu posso te fazer aquela pergunta..
- Aí mãe.. - ponderei - Tu já sabe a resposta, quer mais o que?
- Filho... Você estava tão perto de sair dessa vida, meu bem.
- Mãe, era você lá. Se fosse a Camila ou os meus filhos, eu faria a mesma coisa!
- Mas não precisava continuar lá...
- E eu ia deixar você morrer? - a encarei, olhando nos seus olhos - Tirando a Camila e meus filhos, você é a minha família. Como acha que eu viveria sabendo que você morreu por um descuido meu.
- Não foi você quem me atropelou e nem nada.
- Mas eu tive a oportunidade de te salvar! Peguei o dinheiro e fiz, mas se eu não tivesse pego e você tivesse morrido, acha que estaria feliz? - ela negou com a cabeça - Eu faria mais mil vezes se precisasse! Você é chata mas é a minha vida, coroa!
- Eu te amo! Te amo, te amo, te amo! - ela disse me beijando.
- Também te amo, mas só tô de olho na senhora, tá? Nada de me trocar pelo Júlio não! Desde que ele chegou não fez mais nenhum almoço pra mim! - ela riu.
- Os únicos homens da minha vida são você e o Thomás, ok? - ri, beijando sua testa.
- Se for assim eu quero. - ela riu.
(...)
Chegamos no morro e deixei minha mãe casa, almocei lá e bateu a maior preguiça.
- Maior preguiça... - falei
- Ué, fica aí.
- Tenho que pegar as crianças na escola, mãe..
- Tá bom então, - me levantei e beijei sua testa - Fica com Deus, meu filho.
- Bença. - peguei a chave do carro e sai.
(...)
Camila já estava em casa a noite com as crianças quando cheguei da boca, dei um beijo na Isa que estava no sofá e beijei Thomás que estava na cadeira com um bico do tamanho do mundo.
- Que cara é essa? - perguntei, ao Thomás.
- Tô de castigo. - ele respondeu com a cara fechada.
- Por que ele tá de castigo, Camila? - perguntei a ela que estava na cozinha
- Pergunta aí pra Isabela o que ele fez! - ela falou, bolada.
- O que foi, filha?
- Minha mãe pediu pra catar os brinquedos porque íamos tomar banho pra comer, aí ele não queria catar, mas eu catei. - ela explicava - Só que ele tava tirando tudo do baú de novo! Aí eu briguei com ele, e ele tacou o brinquedo na minha cabeça! - ela mostrou a marca - Minha mãe brigou com ele e colocou ele de castigo por isso.
- Deu mole, vacilão! - falei ao Thomás - Já disse pra tu respeitar a tua mãe. A hora que ela te bater eu não vou falar nada não!
Camila era incrível em relação as crianças, era raro bater porque ela não gostava, mas sempre educou muito eles, desde o obrigada até a nunca mentir. É raro ela brigar com a Isa, até porque ela já segue o ritmo da Camila, mas o Thomás é foda! Ele é a minha cópia, os mesmos problemas. O foda é que eu era filho único, ninguém me dedurava, já ele tem a Isa que fala mesmo. Já imagino a convivência dos dois quando crescer.
- Tá muito abusado! - Camila disse, arrumando a mesa do jantar - Tá achando que vai me ganhar na marra tá muito enganado! Crianças, vão lavar a mão e vem comer!
As crianças foram e levantei, abracei Camila por trás que suspirou.
- Relaxa... - beijei seu ombro - É criança, sabe como é.
- Tudo ele acha que pode bater nela, Igor. Não é assim. É porque a Isabela não bate nele, mas se batesse ia ser bem feito!
- Quando for assim, manda ela bater pra aprender. Enquanto não tiver se matando, deixa. São irmãos, sabe como é. - ela riu.
- Ótima lição! - ela debochou e ri
- Ou aprende por bem, ou por mal!
- Tá, vamos comer.
(...)
Estávamos no quarto prontos pra dormir, quando lembrei de um bagulho que não saía da minha cabeça.
- Camila? - a chamei e ela me olhou - Marreta já falou alguma coisa contigo?
- Falar, como assim?
- Te cantou, jogou alguma piada..
- Não, não que eu me lembre... - a encarei - Igor, você sabe que não gosto nem de ficar perto dele! Mas por que está me perguntando isso?
- Sei não, Marreta fica perguntando o tempo todo por você, vive jogando piadinha..
- Tu acha que ele tá afim de mim? - ela gargalhou - Pelo amor de Deus amor, ele tem um monte de mulher, pra que ia me querer?
- Primeiro porque ele não te tem, já é um bom motivo. Segundo que você é linda, terceiro que ele gosta de afrontar e arrumar problema com os outros.
- Mas não tem um juramento do c.v? "Não cobiçar a mulher do próximo?"
- Quando se trata do Marreta não tem juramento nenhum, Camila. Ele não ganhou esse morro de forma limpa, não duvido nada dele. Não quero você perto dele, tendeu?
- Ih amor, tu acha que sou doida? Primeiro que não te trocaria por ele, mil vezes você. - ela disse sorrindo e me deu um selinho - Tu sabe que me arrepio todo vez que chego perto dele...
- Então é isso, continua longe. Marreta não é uma pessoa que se possa confiar, ele é sujo pra caralho. Não sei nem o que faço com ele se ele chegar perto de você.
- Chega desse assunto, vai... - ela passou a mão pelas minhas costas - Faz o seu e deixa o dele... Eu prometo que fico longe. - concordei com a cabeça, puxando seu corpo pra mim.
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Lado Errado
Novela JuvenilCamila é uma jovem de 17 anos que mora no complexo do Lins junto a sua mãe e seu irmão. Sonha em ser uma fotógrafa e dar uma vida melhor a sua família, mas se ver conturbada ao ter a vida cruzada com Igor, de 19 anos que um garoto da vida errada com...