Igor ✕
— Eu não estou nem brincando contigo, Igor — ela disse se afastando
— Faz cu doce não, meu pau é diabético — ela me encarou — Relaxa aí, você não ia me aguentar mesmo.
— Você se acha muito, né?
— Eu não me acho, eu sou.
— Nosssssa — falou debochando — Será que os tiros já acabaram? Eu cuido de uma criançinha, tenho que pegar ela.
— Quem em sã consciência vai sair no meio dos tiros? Fica suave, ela é daqui do morro?
— É.
— Então a mãe dela é trabalhadora, não vai sair no meio do tiroteio.
— Mas a mãe dela não é trabalhadora. Eu olho ela, a mãe dela faz não sei o que..
— Vem cá, qual é o nome dessa menina? — perguntei quase convicto com da resposta.
— Isabela, a mãe dela é a Brenda. — disse — O Léo a conhece, ele quem me levou lá.
— Ah, é?
— Sim.
— Entendi — fui até a janela — Acho que tu já pode ir, os tiros já cessaram.
— Ah, sim.. — ajeitou a mochila nas costas — Então.. é, obrigada
— Minha obrigação é proteger os moradores, foi nada demais. — ela assentiu e saiu.
Fiz meu prato e coloquei no microondas, esquentei e comi, tomei um banho e peguei a chave da moto, indo pra boca.
Cheguei lá, Léo e Nandinho fumavam um balão quando bati nas costas do Léo que se assustou.
— Quer dizer então que você sabia que a Camila que olhava a Isabela.
— Ih, tu não sabia não? — ele riu passando o balão pra Nandinho — Pra mim tu sabia pô, Brenda falou que ia te mostrar a mina e os caralhos. — ele riu — Mas ela te contou pô?
— Fiquei sabendo pela boca da Camila.
— Como ela te falou?
— Ela tava lá em casa hoje?
— Que? O que ela estava fazendo lá? — se assustou
— A maluca estava subindo na hora do tiroteio — ele me encarou — Qual foi Léo, tá me olhando assim por que? A mina só foi na minha casa pô, fiz nem nada com ela, também, não vale meu esforço todo.
— Nada pô, é porque sei como tu é, Camila não é mina pra tu não.
— Ah, é pra você é, né??? Toma nesse cu pra lá.
— Camila pra mim é uma irmã.
— Ata pô, e eu nasci ontem né? Finge que me engana, que eu finjo que tô gostando. — montei na moto — Não vou fazer nada com ela enquanto ela não quiser, sou muleque por acaso?
— Por que logo ela? — ele perguntou — A mina nem faz teu tipo?!
— Quem tem que saber meu tipo sou eu! — respondi, imbicando com a moto.
(...)
— Brenda! — a gritei no portão da casa dela, ela tinha me mandado uma mensagem, pedindo pra passar na casa dela — Oh filha da puta!
— Calma, cara! — apareceu colocando o brinco — Ia te pedir um favor..
— Solta.
— Ia perguntar se tu não dormia com a Isa hoje, vou sair..
— Ih, vai pra onde? — perguntei
— Ih, minha vida te interessa? — filha da puta, custava falar? — Vai ou não?
— Vou né, porra..
— Então, pega ela lá na Camila, vou te passar o endereço dela, na tua casa tem roupinha dela, então tá tranquilo. Amanhã quando ela voltar da escola, pede pra ela passar na tua casa pra poder buscar ela.
— Não precisa, já sei o endereço dela.
— Hmmm.. — ela me encarou — Olha lá em, a mina é crente se bobear. — estalei a língua
— Pra que tá se arrumando tanto? Tá fazendo programa, Brenda?
— Vai se foder, Igor. — ela me deu dedo — Tomar nesse..
— É o que? — a encarei — Achei que tinha esquecido que não se manda sujeito homem ir tomar no cu!
— Cuida da tua vida! — ela entrou batendo portão .
Subi na moto e imbiquei pra casa da Camila.
(...)
Assim que virei no beco da casa dela, a avistei sentada no portão com aquela amiga dela que estava no baile e Isa sentada em seu colo, chupando um picolé.
Ela me encarou e vi suas bochechas ficarem vermelhas, só com a minha presença.
Parei a moto mas não desci, a desliguei e sustentei o peso da moto com o meu pé, que estava no parapeiro da rua.
— Pa.. Pai — Isabela abriu os braços ao me vê
— Oi princesa — a peguei pelo braço e cherei seu pescoço — Hum filha, tá cheirosa. — ela sorriu — Vim buscar ela, hoje ela vai lá pra casa.
— É, a Brenda me avisou. — ela disse, brincando com sua pulseira
— Amanhã quando tu voltar da escola, passa lá em casa e pega ela. — ela assentiu, sem me olhar — Valeu, tchau menina. — Disse pra garota ao seu lado
— Talita pra você! — ela respondeu e dei uma breve encarada enquanto eu colocava a Isa no tanque da moto.
Arrastei pra casa, e já da porta pude sentir o cheiro da comida da coroa.
— Hum princesa, vovó tá fazendo um papa bom! — disse enquanto entrava com ela.
— Papa!!! — Ela disse batendo palmas
Por mais que a Isa tenha um ano e meio, ela não fala direito, por mais que seja bem espertinha.. Diz a minha mãe que vai de criança pra criança, já que ela começou a andar muito cedo, ela demora um pouco pra falar.
— Oi neguinha da vovó — ela secou a mão no pano de prato e veio falar com a Isa — Meu filho, fiquei tão preocupada com você, fiquei sabendo dos tiros hoje.
— Relaxa, não estava no meio não, isso é pros novatos aprenderem a se virar e vê quem é de correr e quem não é!
— Meu Deus Igor, você fala nisso com uma facilidade!
— Ué? Te respondi só. — entreguei a Isa a ela — Isabela vai dormir aqui hoje.
— Tudo bem.. Nossa ela tá tão cheirosa, até que enfim a Brenda tá cuidando dela direito.
— Não, ela fica com uma babá agora, é daqui do morro mesmo.
— Ah, então essa moça da de parabéns, cuida melhor que a mãe! — sorri
— Segura ela aí mãe, vou tomar um banho.
Por várias vezes já pensei em alugar uma casa pra mim, mas eu não sou capaz de deixar a minha mãe sozinha, sabendo que sou a única pessoa de família por aqui da minha mãe, ser filho único nem sempre é vantajoso, né?!
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Lado Errado
Teen FictionCamila é uma jovem de 17 anos que mora no complexo do Lins junto a sua mãe e seu irmão. Sonha em ser uma fotógrafa e dar uma vida melhor a sua família, mas se ver conturbada ao ter a vida cruzada com Igor, de 19 anos que um garoto da vida errada com...