Capítulo 26

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Camila ✿

Estava me arrumando para ir a escola, porque até então eu ia pra escola.... Antes de pegar meu telefone.

Estava tomando café quando chegou a mensagem do Igor no meu telefone..

Tá acordada? / Ogro♡

Tomando café, pq?/ Camila 👑

Vai p escola não, brota aqui em casa/ Ogro♡

Essa hora? Pra que?/ Camila 👑

Pra nós contar carneirinho... Se faz de idiota, porra?/ Ogro♡

Santa ignorância em... Daqui a pouco tô aí. / Camila 👑

Tá, só não grita pq minha mãe tá dormindo/ Ogro♡

Visualizei a mensagem e fui escovar os dentes, iria ter que descer de uniforme e mochila pra minha mãe não desconfiar..

A gente meio que se voltou a se falar, no meu aniversario ela me deu os parabéns quase onze da noite, isso porque o Davi falou da festa em que a Tia Nadia (que é assim que ele a chama) fez pra mim. Mas por incrível que pareça ela não falou um aí com isso, nem pelo fato do Davi ter pisado na casa do Igor.

Depois o Davi caiu na escola e torceu o braço, lá vamos nós pro hospital e aí meio que trocamos mais algumas palavras... Davi meio que está sentindo tudo isso, e pergunta se a briga com a minha mãe pode afetar ele... De um modo isso me doeu, porque mesmo que eu brigue, xingue e às vezes não suporte, o Davi é meu filho de coração porque eu ajudei a criá-lo e nunca vou querer que algo entre mim e minha mãe venha refletir no Davi. 

Essa semana eu não estava indo no Igor porque o Davi estava em casa referente ao gesso. Numa tarde, estava no portão de casa com a Isa, Talita e Davi quando o Igor chegou, no começo eu meio que deu uma gelada ao fato do Igor e do Davi estarem no mesmo lugar (tirando o dia do meu aniversário) Mas o Davi se deu super bem com o Igor, até mais do que eu imaginei... Até uma partida de bola eles jogaram, dessa vez, o Davi quem comprou o guaraná...

Quando anoiteceu o Davi entrou e tomou um banho enquanto eu comecei a fazer a comida, o Davi chegou até a cozinha e perguntou pra mim.

— Mila, a mãe te bateu por conta do Igor? — assenti com a cabeça, sem o olhar — Mas por que? Ele é tão legal...

— Eu também não sei, filho.. Isso é uma questão dela.

— Ela deveria conhecer ele primeiro.. — ele disse secando o cabelo com a toalha —  Depois que ela conhecer ele, ela vai mudar de opinião e ver o quanto ele é maneiro, né? — soltei uma risada baixa e concordei com a cabeça..

Aquele momento ali me deu uma dor no coração, sabe? A inocência de uma criança. O Davi que já gostou de uma pessoa que nem sabe quem ela é de verdade... Minha mãe não poderia fazer o mesmo? Não que ela seria obrigada a aturar, mas respeitar pelo menos. Sei que esse apoio eu nunca terei da minha mãe se continuar com ele.

(...)

Tinha acabado de fechar a porta de casa quando vi Talita andando pela vila, caminhando em minha direção, fiz sinal pra ela apressar o passo e ela veio.

— Vou pra escola hoje não..

— Que? Então por que você está assim... — ela parou — Deixa, já entendi... Sexo matinal, né? — ela sorriu

— Que isso, Talita... Quer um microfone? — digo colocando a mão no rosto, enquanto descíamos a ladeira

— Ah, vai me falar que vocês vão dormir de conchinha, só? Eu em, me poupe com um bofe daquele — a olhei — Com todo respeito, claro

— Você me mata de vergonha às vezes, Talita. — ela sorriu

Seguimos até um certo ponto, depois eu virei na esquina da casa do Igor e ela terminou de descer a ladeira..

Cheguei na porta dele e mandei mensagem, logo ele apareceu na porta fazendo sinal de silêncio.

Ele me deu passagem e fechou a porta seguindo pro quarto dele e o segui, assim que entrei ele fechou a porta.

— Tava cheio de saudades, morena — ele segurou minha cintura me beijando

— Eu também, amor — digo retribuindo o beijo e sorrindo

Nossos beijos logo foram tomando mais voracidade, as mãos do Igor já seguravam minha cintura com força, o imprensando contra si, enquanto eu segurava sua nuca com força.

— Vem, — ele disse ao deitar na cama — só não faz barulho.. — sorri e engatinhei até a ele.

Sentei por cima dele o beijei, sua mão apertava minha bunda enquanto eu fazia questão de rebolar encima dele.

Aos poucos fomos nos livramos das nossas roupas e logo matamos nossa vontade..

(...)

— Toma aqui, chata da porra. — ele me entregou o copo d'Água.

— Você vai morrer seco por negar água! — ele sorriu e se deitou ao meu lado, beijando o topo da minha cabeça — Por que você não é como eu imaginei?

— Como assim? — ele me olhou

— O traficante que trai, que bate, que magoa..

— Isso porque você tem uma imagem muito relativa sobre as pessoas. — o olhei — Sabe o que é relativa, né?

— Lógico que sei, idiota! — bati nele e ri — Mas sei lá, é a imagem que vocês transmitem.

— Se você julgar um livro pela capa, sempre vai achar isso... Mas porque tu me perguntou isso?

— Porque você é carinhoso, é atencioso.. Às vezes é debochado e sem paciência, mas não é como todo mundo.

— E você achou que eu fosse como?

— Aquele que trai, que bate, que magoa.. — repeti

— Mas isso qualquer homem que não é traficante faz... Qualquer homem trai, assim como mulher. Não é porque tu entra na vida do crime que tu tem que ter um rótulo. Já vi pastor traindo, já vi mulheres batendo, já vi pessoas se magoando. Isso acontece por um erro, com qualquer pessoa! — concordei com a cabeça

— Você me trairia? — perguntei.

— Ih, já vi que vai começar. — ele revirou os olhos — E algo que eu não posso prometer — o encarei — O que? — ele riu — Tu também pode me trair, Camila.

— Mas eu não te trairia. — ri, mas falando sério

— Quem me garante? — ele riu

— Eu. — sentei em sua frente, enrolada no lençol — Eu acho.

— Tá vendo... É tudo sobre impulsos e emoções

— E me bater? — perguntei, ignorando sua resposta

— Há não ser que você me bata.

— Mas eu não bato em você, e isso é ser covarde.

— Você quando tá com raivinha fica outra pessoa, Camila. E estão te ensinando errado, se você gosta de bater em alguém, você também gosta de apanhar.

— Sabia que você tem uma filha mulher? — digo assustada

— Eu sei, a diferença é que ela tem pai, e o pai dela manuseia armas. — ele piscou pra mim e sorriu — Agora vem cá. — ele pegou pelos meu braços, me puxando para si — Ainda não matei toda minha saudade.. — ele puxou meu lençol

(...)

— Vamos pra um pagode hoje? — Igor disse

— Eu tenho que ver com a minha mãe, né. — digo enquanto prendo o cabelo

— Como estão vocês? — ele me olhou

— Só falamos no dia em que o Davi foi pro hospital, fora isso... — Igor me encarou e então disse...

— Por que você não vem morar comigo? — o olhei assustada

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