Camila ❁
Às coisas com o Igor estão se ajeitando aos poucos. Lógico que as vezes se trombamos mas eu tenho que entender que acima de tudo está o meu filho, que tem direito de ficar com o pai, porque o pai é vivo.
Sei que errei e fui ingrata, sei reconhecer onde erro, deixei muito meu emocional e minhas mágoas com o Igor refletirem no meu filho, mas meu problema é com o Igor, não com o pai que ele é pro meu filho, um pai excelente por sinal.
Essas semanas estarei em casa, escorreguei no trabalho e desloquei o braço, peguei três semanas em casa. O bom é que o Bruno está de folga também, depois de dobrar, ele conseguiu ficar dois dias em casa comigo.
O Bruno apareceu numa fase muito louca da minha vida. Eu descobri que estava grávida do Thomás quando tinha 17 semanas (4 meses e 1 semana) e a minha cabeça ainda estava perturbada com a prisão do Igor, eu tentando sempre ir lá e nada, nem da fila eu saía.
Nesse tempo eu não comia, não bebia... Só trabalhava e chegava em casa e chorava, chorava por tudo, por me sentir culpada, por ódio e por amor...
Eu só descobri da minha gravidez quando passei mal aqui em casa e Talita me levou pro hospital, foi um baque tão grande... Como fiquei grávida tão rápido?
Já aí, eu me resguardei de muita coisa, só eu sabia como foi a minha gravidez passada, então todo dia eu dobrava meus joelhos no chão e pedia a Deus para que protegesse meu filho de tudo, e que se fosse para levar alguém, que fosse eu, porque eu não aguentaria mais um filho se tornando um anjo.
Graças a meu bom Deus e a todas as orações e rezas, independente da religião meu filho nasceu saudável, e esbanjando alegria. Na minha gravidez eu não contei quase a ninguém, só mesmo os próximos, mas eu coloquei tanta barriga que não dava pra esconder. E eu fiquei linda, tão linda na gravidez do Thomás... Ele foi o meu baby arco íris, o bebê que é a calmaria depois da tempestade.
O Bruno se envolveu comigo eu ainda estava grávida do Thomás, de sete meses. Foi uma coisa bem louca, nem eu mesma sei como isso tudo aconteceu. A minha mãe já conhecia a mãe dele, e ele foi quem cuidou do Davi quando quebrou o braço e do Igor, quando ele tomou um tiro.
Eu confesso que no momento em que me envolvi com ele eu me sentia bem carente, meus hormônios de grávida gritavam por mim, mas por incrível que parece tudo aconteceu naturalmente nada muito apressado, mas foi algo tão espontâneo... Meu coração precisava de alguém ali, precisava de um colo, um ombro amigo e encontrou no Bruno.
De princípio, não iríamos morar juntos, começamos a namorar depois de um mês saindo juntos, todos os dias. E aí ele começou a vir aqui pra casa com sua mochilinha de roupa depois de um dia do trabalho, e cada vez que ele vinha, era como se minha mente entendesse que eu estava completa e não deixava mais ele ir embora.
Da mochilinha veio uma malinha, da malinha veio uma mala grande, quando paramos pra ver, seu guarda roupa todo já estava aqui e nem demos conta.
Ele foi uma peça fundamental na minha gestação saudável (vantagens de namorar um médico) mas ele me trazia uma paz que era coisa de outro mundo. Eu acho que foi isso que me impulsionou a não contar nada para Igor, ter medo dessa paz toda acabar.
Eu sempre fui muito aberta com o Bruno, nunca precisei esconder nada, desde como conheci o Igor ao nosso término, e ele nunca me julgou, ao contrário, me deu conselhos que só ouvia da boca da Talita. Era bom ter alguém pra contar.
O Bruno me ajudou com tudo, desde ao enxoval ao quarto do Thomás. Tanto financeiramente quanto emocionalmente, quando eu acordava de madrugada chorando achando que não daria conta de ser mãe, ou quando eu sonhava que perdia meu filho e acordava desesperada e ele sempre ali comigo.
Quantos dias ele já teve que dobrar no trabalho, pra ficar comigo quando eu sentia uma cólica sequer. Eu sabia que o Bruno era tudo que eu precisava pra mim naquele momento.
No dia em que o Thomás nasceu quem estava ali do meu lado era minha mãe e a Talita, mas o Bruno estava vendo tudo, pelo vidro. E por ter conhecidos ali, ainda deu o jeitinho de entrar ali, pra me apoiar mais ainda.
Naquele momento eu senti raiva do Igor, sim, raiva. Que por mais que eu quisesse ali, ele não estaria por um erro dele. E foi naquele momento em que firmei em minha cabeça que o Igor não deveria ter conhecimento da vida do meu filho. (Uma decisão idiota, claro)
Eu tive o maior apoio do mundo em relação ao pós parto, situações do Bruno chegar de madrugada dos plantões e me ajudar a fazer o Thomás dormir enquanto ele berrava com cólica. Sempre, o Bruno estava ali comigo.
Ver todo o carinho e amor que o Bruno teve/tem com o meu filho, fez com que a minha paixão se elevasse a amor. Sim. Eu amo o Bruno.
É do jeito que amei o Igor? Sinceramente não. É um amor mais calmo, mais doce. O meu amor pelo Igor foi avassalador, rápido, selvagem, era como uma necessidade...
Só quem é mãe sabe o carinho que pegamos por uma pessoa quando tratam nosso filho bem, se for uma pessoa desconhecida, você já até considera parte da família e com o Bruno não seria diferente.
Quando o Thomás fez nove meses, eu e Bruno completamos um ano. Já estávamos morando juntos, então era como se fôssemos casados. Mas o Bruno fez questão de pedir isso. Sem anel, sem pedido especial com balões, flores e etc, mas foi tão especial por que estava ali as pessoas que importavam, eu, ele e o meu filho. Depois de um bolinho comemorando mais um mês do meu bebê arco íris. E é claro que aceitei. Queríamos uma coisa pequena, só os amigos íntimos e familiares, sem festão, sem toda essas bobeiras, não que eu nunca tenha sonhando com o meu vestido branco, com meu véu e grinalda. Mas naquele momento tínhamos prioridades muito maior.
Deixamos para marcar a data depois do aniversário de um ano do Thomás. Acabou que ainda não marcamos, mas o pedido está de pé, ainda mais da aliança que ele comprou pra mim.
Eu não vou ser hipócrita em dizer que não me mexeu quando eu soube da saída do Igor da cadeia. Tive muito tempo longe e esqueci uns 80% da sua existência, mas tinha sempre alguém ali que me lembrava esses 20%.
Eu tenho que aprender novamente a viver sem o Igor na minha vida literalmente falando. Sim, ele precisa é ser presente na vida do meu filho e é isso que nos liga, apenas.
— Você disse que daria pausa no filme se começasse! — Bruno disse, ao se sentar ao meu lado no sofá.
— Esqueci, me desculpa — ri, enquanto comia a pipoca.
— Olha o braço. — ele me ajudou a ajeitar o braço com gesso, e se aconchegou mais ao meu lado.
— Hoje é a tarde só de filme, tá? — falei, depois que selamos nossos lábios.
— Mas já estou sentindo falta do Thomás. — ele falou, manhoso
— Oi, pode ficar só um pouquinho com sua noiva? — ele riu — A mãe também merece descanso, né? — ele concordou com a cabeça
— E você, está tranquila em relação a isso? — ele perguntou, se referindo ao Igor.
— Se eu não tivesse, teria que ficar né? Ele é pai, tem direitos, não posso negar.
— Pelo menos passou aquela onda de discussões, não aguentava mais. — ri.
— Me desculpa por te envolver nisso tudo, tá?
— Em breve vou ser seu marido no papel passado, seus problemas também serão os meus... Mas isso pode de começar de agora né, que mal tem? — ele riu e me deu um selinho.
Eu sou grata. Grata hoje pela minha vida, pela minha família e pelo marido maravilhoso que tenho, que é exatamente tudo ao contrário do que tive.
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Eu tô amando a interação de vocês, sou grata por tudo! ♡
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Lado Errado
Teen FictionCamila é uma jovem de 17 anos que mora no complexo do Lins junto a sua mãe e seu irmão. Sonha em ser uma fotógrafa e dar uma vida melhor a sua família, mas se ver conturbada ao ter a vida cruzada com Igor, de 19 anos que um garoto da vida errada com...