Capítulo 30

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Camila

Hoje o Igor sai do hospital depois de dois dias.. Nesses dois dias eu não vi minha mãe, fui em casa quando ela não estava e consegui pegar algumas coisas minhas básicas, passei a maior parte do tempo no hospital com o Igor que já estava desesperado pra ir pra casa.

Os médicos decidiram deixar o Igor lá esses dias pra que ele saísse totalmente recuperado, como foi de raspão a bala não se alojou em nenhum local de perigo, ele só estava com os pontos que já caíram.

Mas é claro que o Igor não aceitou isso bem né? Xingou os médicos, não queria ver quase ninguém e diz todo dia que a culpa é nossa de ter deixado ele aqui, e por não vê Isa.

Esse tempo todo a Isa está com a Brenda já que eu e dona Nádia estamos aqui, e o Igor tá ficando maluco.

Diz que a Isabela não pode ficar esse tempo todo com a Brenda porque ela não cuida bem, e disse até que tem mais confiança em mim com a Isa do que com a Brenda que é a própria mãe da menina.

(...)

— Devagar, Igor. — dona Nádia quase gritou

— Eu já disse que tô bem! — ele disse ao se ajeitar na cama — Já fiquei dois dias deitado, quer mais o que?

— Que você cale a boca e me respeite! — ela disse com o rosto fechado — Eu já estou muito velha pra ficar tomando susto, filha da puta. Chega de dor de cabeça, você vai ficar aí até quando eu disser e se tu sair eu vou te dar a cossa que tu tá merecendo há anos! — ela estalou os dedos

Olhei pro Igor e sua cara estava fechada, ele me olhou e me encarou.

— Se tu rir vai levar logo um bandão, eu em.— prendi o riso e concordei com a cabeça

— Olha ele pra mim, Camila? Vou fazer uma comida pra ele..— assenti com a cabeça e ela saiu do quarto.

Continuei em pé no pé da cama o observando, ele ajeitava o travesseiro atrás dele.

— Quer ajuda? — ele me olhou

— Vai me ajudar a sair daqui? — neguei — Então não.

— Você tá parecendo criança, sabia? — fui até ele, ajeitando os travesseiros

— Tá preparada pra isso? — ele perguntou e sentia seu olhar sobre mim

— Isso o que?

— Ser minha mulher, cuidar de mim, conviver com isso.. — o olhei rápido — Isso poderá acontecer de novo.

— Não brinca com essas coisas.. — digo, sem o olhar — Não sei se tenho estruturas pra essas coisas.. Por que você não sai dessa vida? — o olhei.

Ele me puxou, me fazendo sentar em sua frente

— Nem se eu te desse mil explicações você iria entender. Eu gosto disso, gosto de estar lá, gosto dessa adrenalina...

— Gosta de estar no hospital? De ver sua família sofrer? — o interrompi

— As pessoas tem gosto diferentes, Camila. — riu

— Isso não é uma brincadeira, Igor. — disse seria e ele pegou na minha mão.

— Camila, não tem porque tanto estresse. Eu não faço nada demais, eu só trafico. Eu não saio pra roubar, nem do morro saio direito, não tem perigo.

— Nem tem, não é atoa que você acabou de sair do hospital né?

— Por ironia do destino, pode ser qualquer um, até mesmo você. Para de paranóia cara.. Nós vamos ter essa conversa ainda um milhão de vezes porque você sempre vai me pedir isso.

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