Capítulo 102

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Camila ❀

— Bora Thomás. — digo pegando sua mochila.

— Eu não quero ir pra escola hoje, mamãe. — ele diz na frente da televisão.

— Tem que ir sim, filho. Quer ficar burro? — ele me olhou com cara feia — Já te disse que não tenho medo de cara feia não em mocinho! — ele veio até a mim — Vamos.

Igor como sempre tava na rua, como tô em casa, dispensei a menina da condução, tô com tempo atoa mesmo.

Deixei ele na escola e passei no mercadinho no começo do morro... Sabe aquela sensação de sentir que te observam? Então, era isso que eu sentia agora. Olhei para os lados e nada, não vi ninguém; peguei meu telefone e liguei para o Igor; no terceiro toque atendeu.

Oi amor...

Oi, tá ocupado? — tinha uma barulheira no fundo

Um pouco.. mas é importante?

Não.. — respirei fundo — bobeira, deixa pra lá.

Tem certeza?

Tenho.

Tá bom então, daqui a pouco eu vou pra casa, beijo. — ele desligou.

É coisa boba não quero preocupar o Igor atoa, porque ele vai ficar todo paranoico, vai acabar me deixando paranoica também.

Saí do mercado e comecei a subir a ladeira; faz dois meses que estou desempregada, Igor bate na tecla dizendo que eu não preciso trabalhar, mas é por mim, o que eu vou ficar fazendo da vida em casa? Eu não sou mais novinha que podia ir pra todos os lugares sem se preocupar, agora tenho um filho, uma casa, uma família e de verdade, eu gosto disso. É claro que eu tenho que sair de vez enquanto, porque filho também cansa, às vezes dá vontade de sumir por conta de estresse, mas levar o motivo do estresse com você...

Eu tô pensando em abrir um negócio meu, sabe? Talvez de roupa, ou algo que eu me identifique, não quero ficar parada, eu não consigo mais ficar parada.

O Igor tá estranho esses meses, por mais que ele jure de pé junto, conheço muito bem a peça na qual eu durmo do lado todos os dias. Eu consigo sentir quando o Igor tá me escondendo, quando vai fazer ou tá fazendo algo. Eu sou muito intuitiva e acredito muito nessa intuição. O pior é que não sinto que é algo ruim, tipo um traição ou algo do tipo. Que é uma coisa ruim é, mais o que é, eu não sei.

Faz uma semana que eu tô com uma pulguinha atrás da orelha sobre minha menstruação que não desce por nada... Eu tomo remédio tal, mas sei que só isso não é 100% eficaz, nem camisinha eu uso, enfim... Não seria nenhuma má notícia pro Igor se eu tivesse grávida, mas, pra mim não é o momento certo; não sinto que eu tô preparada pra gerar um segundo filho, sinto que tenho um objetivo específico antes de colocar uma outra criança no mundo. Thomás veio pra me tornar a mulher que sou, a próxima criança que vier, vai ser pra unir mais o meu laço ao Igor, disso eu tenho certeza.

Fui pra casa e fiz esse bendito teste, eu não estava nervosa, mas também não estava tranquila. Não era algo que eu queria nesse momento, mas também não seria algo que eu recusasse.

Comecei a temperar a carne, queria ocupar minha cabeça pra não ficar na ansia de conferir o teste; resolvi ir na minha mãe.

(...)

Gritei no seu portão, hoje era o dia de folga dela e Davi estava na escola; logo ela apareceu com o rosto inchado, fiquei logo preocupada.

— Bença mãe, o que houve? — perguntei assim que entrei.

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