Capítulo 73

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Camila ❁

Três semanas assim. Trabalho, casa, casa, trabalho. Estava foda.

Era difícil acreditar de como eu tinha deixado tudo chegar aquele ponto. Eu estava perdida, na verdade.

E eu tô cansada de ouvir as pessoas dizer que eu deveria seguir a minha vida. Eu sei, essas necessitam tempo, e eu ainda não estou no meu tempo, mas não é o que dizem. Sei que também não faço nada a favor, mas eles tem que respeitar o meu tempo.

— Vamos Camila, por favor! — Talita pediu mais uma vez.

— Não, eu não vou cara... — coloquei uma camisetinha qualquer no Thomás e o coloquei no chão

— Amiga, vai esparecer a cabeça cara, sai de casa, passou, tem que seguir a vida. — a encarei.

— Talita, eu não quero ir.

— Eu não vou sair daqui enquanto você não falar que vai. Cara, e avó do teu filho, você tem uma relação ótima com ela. 

— Thomás vai, hoje é o dia do Igor.

— E daí? Ela quer você lá. Mano, eu vou te mandar a real. Tu tá muito chata! — a encarei, espantada — Não me olha assim, eu tenho o passe livre pra falar. Mano, você virou mãe, tá, tem teu filho agora, mas tu não pode perder tua vida. Tu é mãe, não é prisioneira. Era por isso que tu tava com o Bruno né? Pra fugir um pouco dessa rotina.

— Talita!

— Ué, é a verdade mano! Me diz, quando foi a última vez que tu curtiu um pagode pelo menos?

— Não lembro...

— Tá vendo? Mano, não é só porque tu teve filho que tu tem que ser do lar. Não, olha a Deise aí, é uma mãezona mas curte igual. — revirei os olhos — Se tu não for eu vou parar de falar com você, no sério.

— Que isso, cara.

— Mas é, não vou ver amiga minha ficar deprimida por nada, anda logo. Vai ver uma roupa, fazer esse cabelo, dá uma pintada nessa unha... Bora mona, vamos acordar pra vida! Vem Thomás, que dindinha vai te levar pra dar um giro, também.

— Talita, não precisa disso cara.

— Se eu voltar aqui com o Thomás e tu nem tiver pintado a unha, pode esquecer que sou tua irmã, em. — revirei os olhos e ela pegou o Thomás, saindo com ele.

— Que garota atentada, cara... — falei comigo mesma.

(...)

Tava terminando de pranchar o cabelo quando a Talita chegou com o Thomás.

— Ih alá Thomás, tua mãe tá gatona.

— Mamãe tá gatona — ele repetiu e rimos.

— Toma, — entreguei o dinheiro a ela — compra pra mim lá uns engradados de Brahma.

— Hm, vai até beber... — ela colocou o Thomás no chão e pegou o dinheiro da minha mão — Tá pras foda hoje, né?

— Não começa, em. — ela riu

— Oito horas tô vindo aqui pegar vocês, tá? — concordei com a cabeça e ela saiu.

(...)

— Meu Deus, eu trabalhei muito bem nessa criança, porque meu filho é muito lindo! — falei, o apertando.

— Vou concordar, porque olha... — Talita disse, rindo.

— Segura ele que vou tirar um foto!

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