Capítulo 3

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Camila

— Ainda está com essa cara, Davi? — perguntei ao vê-lo com a cara emburrada no sofá.

— Queria ir pro jogo, Camila. — vi seu nariz mudar de cor pelo fato do Davi ser muito branco — Mas a mamãe nunca deixa nada, tudo acha que vai sair tiroteio. — disse cruzando os braços.

— Onde vai ser o futebol? — perguntei

— Na quadra da gambá. — disse

— Te levo se tu lavar louça pra mim.

— Tá falando sério? — pulou do sofá — Vai me levar mesmo? Se eu lavar e tu não me levar tu vai ver.

— Vou cara, vai logo lá! — ele saiu correndo e eu sorri, só assim pro Davi fazer alguma coisa.

Me joguei no sofá e mandei uma mensagem pra Talita.

Bora lá na quadra da gambá levar o Davi pra jogar?/  Mila 👑

Num sol desse, Camila? Andar da barreira até a gambá é chão pra caralho./ Gêmea 👭

Por favor!!!! Pago um açaí de 700ml pra tu./ Mila 👑

Com direito a Chantilly extra?/ Gêmea 👭

Tá, Talita! Vê se não demora em. Daqui a uns 05 min tô saindo./ Mila 👑

Moro na mesma vila que você, monamour. /  Gêmea 👭

Davi veio com as mãos molhadas e vestindo seu short de jogar bola, sentou no sofá e calçou as chuteiras e vestiu uma blusa.

— Anda Mila, tu vai pra uma quadra, não pra um desfile de moda! — ele gritou, enquanto penteava meu cabelo.

— Calma, tô indo. — fiz um coque mal feito no cabelo e ajeitei a blusa, calcei o chinelo e fui desligando a televisão e apagando as luzes — Bora. — ele passou em minha frente e tranquei a porta — Bora, Talita! — gritei e logo a mesma veio fechando a porta.

— Tá com o dinheiro?

— Tô, falsa. — ela riu

— Um açaí com chantilly extra é um açaí com chantilly extra né! Mas eu ia de qualquer forma eu ia, não ia perder por nada aqueles sarados jogando se blusa.

— Eca — Davi fez uma careta e nós rimos — Eu vou derrotar eles hoje.

— Oi Neymar! — Talita tirou sarro — Quando for rico não esquecer de mim.

— Fica brincando, Lita! — ele disse de cara fechada — Eu não vou te dar dinheiro nenhum — ri.

— Não zoa meu irmão, Talita. — disse prendendo o riso — Ele vai ser o próximo Pelé! — Talita riu e Davi fechou ainda mais a cara.

— Você também em! — disse cruzando os braços.

Apertamos o passo e chegamos a quadra, alguns meninos jogavam bola, e um outro time de meninos mais ou menos do tamanho do Davi estavam sentados na arquibancada.

— Achei que não ia vir, mano! — gritou Pierre, um amiguinho do Davi.

Logo Davi correu e foi até eles.

— Davi, vou comprar açaí, já volto! — gritei e ele concordou com a cabeça.


Fui na tia do açaí e paguei o meu e do Talita, esse açaí com chantilly é uma delícia, se deixar eu como toda hora.

Voltamos pra quadra e sentamos na arquibancada pra ver o jogo. Tinha quatro times, dois times mais ou menos da faixa etária do meu irmão, e outros dois times maiores o que eu achei meio injusto

O jogo foi fluindo, meu irmão jogou contra o time adversário e ganhou, logo era a vez dele jogar com os maiores.

O time adversário abriu o placar, tadinho do meu irmão, fez um bico muito engraçado. Logo um menino do time dele empatou, quando faltava poucos minutos pro jogo acabar um menino pegou a bola de um adversário e fez um gol maravilhoso

Meu irmão correu pra comemorar e se jogou na grade, garoto adversário pegou ele no colo e girou, Davi me gritou:

— Mila, viu o gol que eu fiz? — perguntou empolgado.

— Vi! — gritei, em resposta e notei o menino que girava o Davi me encarando.

Davi veio todo afobado com a sua turminha, e me abraçou. Mesmo todo suado eu abracei meu irmão, sabia como aquilo o deixava feliz.

Enquanto Davi amarrava sua chuteira, o menino do time contra veio até o Davi.

— Parabéns molecote, deu aulas ali em! — ele disse apertando a mão do Davi.

— Valeu — eles bateram a mão — Sabe que tá devendo um Tobi né?

— Que isso, era a vera? — Davi sorriu concordando — Já é, bora lá comprar.

— Não! — saiu antes que eu pudesse impedir.

O menino me olhou de cima a baixo e pude sentir os pelos do meu corpo arrepiarem na hora.

— Pode ficar tranquila que eu não vou roubar teu irmão não, mina. — levantou as sombrancelhas — Se quiser pode ir também, só vou comprar um refrigerante pro menor.

— Compra e trás aqui. — disse, o que estava acontecendo comigo?

— Trás você, sou seu empregado por acaso? — ele disse com total deboche e Talita gargalhou.

— Mila, por favor. Eu ganhei cara. — Davi pediu.

— Toma aqui — o menino estendeu a mão e deu o dinheiro a Davi — Fica com o troco. — ele me encarou e começou a caminhar.

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