Capítulo 94

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Igor ✕

E nada de um médico vir, nenhuma notícia.

Depois de ouvir a Camila gritar no telefone, eu já surtei. Quando Camila me contou o que houve ainda em prantos no telefone eu não pensei em nada, apenas peguei a moto e fui até elas.

Nessa sala de hospital já estamos aqui a horas e nenhuma notícia.

— Senta amor... — Camila disse, com a voz fanha e os olhos inchados de tanto chorar — Vai fazer um buraco no chão daqui a pouco.

Me sentei ao seu lado e debrucei minha cabeça em seu ombro, Camila pegou minha mão e cruzou nossos dedos, soltando um suspiro longo... Só por conta dela eu ainda não fiz um escândalo aqui nesse hospital.

Júlio estava no nosso lado, trocava poucas palavras e só ficava de cabeça baixa. Ele veio depois trazendo os documentos da minha mãe, na hora em que recebi a notícia eu não avisei ninguém, que depois tive que ligar avisando.

Minha mãe tem um plano de saúde por conta da dor estomacal que ela vivia tendo crises, mas essa porra tá parecendo público, ninguém dá notícias de nada!

Na hora em que cheguei minha mãe ainda estava consciente, ela gritava de dor, imóvel. O filha da puta não parou pra prestar socorro, mas minha mãe disse que viu o rosto do motorista antes de desmaiar. Minha mãe não aguentou da dor e desmaiou antes mesmo da ambulância chegar.

Eu estou rezando, pedindo pra Deus e todos os orixás que minha mãe fique viva, que ela fique bem! Porra, hoje era pra ser um dia de festa, todo mundo bem! Não aceito perder minha mãe.

— Vou lá na recepção de novo, vê se tem alguma notícia. — ia levantando quando a mão da Camila segurou minha perna.

— Amor, faz dez minutos que você foi lá e eles disseram que não tem notícias, espera.

— Camila, estamos aqui a horas, daqui a pouco tá escurecendo e nada!

— Amor, sua mãe foi atropelada... — ela deu uma pausa — Com certeza ela está no centro cirúrgico, não apressa, eles vão vir aqui falar com a gente!

Concordei com a cabeça e me sentei novamente.

(...)

Camila cochilava em meu ombro quando o doutor adentrou a sala de espera, perguntou o que éramos da paciente e eu respondi que era filho.

— Bom, o caso dela não é muito fácil, serei sincero... — o Doutor já começou, sem enrolação — Bom, sua mãe teve diversos ferimentos, no rosto, no corpo todo... Mas o pior é na medula espinhal. O impacto da batida foi muito forte e a medula foi lesionada, mas pelo inchaço não sabemos se foi completa ou incompleta.

— Como assim? — Camila perguntou.

— Sendo incompleta, ela pode perder algumas sensações e algumas funções motoras, já que a medula espinhal é comandada pelo cérebro.

— E se for completa? — pergunto, não querendo ouvir a resposta.

— Ela pode perder o movimento das pernas.

Camila soltou um suspiro pesado, colocando a mão sobre a cabeça e eu não pude evitar a lágrima que desceu sem que eu pudesse intervir.

— Fora essa lesão, ela teve algo a mais? — Júlio perguntou

— Ela teve uma lesão no fêmur que foi pouca coisa comparada a isso, com fisioterapia ele se restaura, agora é só esperar e vê se ela responde aos movimentos.

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