Capítulo 9

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Capítulo 9

2 anos atrás...

O garotinho loiro entrou desesperado no seu quarto, fechando a porta e a trancando assim que ouviu os gritos do seu pai pedindo para ele subir imediatamente e se esconder em algum lugar.

Ele arregalou os olhos quando ouviu passos leves, calmos e intimidadores subindo as escadas, que com certeza não eram do seu pai.

- NÃO, EU IMPLORO! ELE É SÓ UMA CRIANÇA! - Gritava o homem no andar de baixo, demonstrando todo o seu desespero nos gritos.

E se algo acontecesse com o seu filho? Não iria se perdoar nunca! Precisava salvá-lo...
Por mais que odiasse pensar dessa forma, não tinha mais esperanças quando ouviu passos já no segundo andar da sua casa.

Dentro do quarto azul, o garotinho olhava ao redor, com medo e apavorado com o desespero de seu pai. Ele correu até a sua cama e pegou o ursinho de pelúcia que ganhou quando ainda era um bebê, depois se escondeu embaixo da sua cama e apertou o ursinho com força.

Ele se encolheu naquela escuridão e apertando mais o ursinho quando viu a luz do corredor que passava por debaixo da sua porta desaparecendo. Alguém estava de frente para a porta e para o alívio do menino, estava trancada.

Mas, esse alívio durou pouco quando ouviu a terrível risada do outro lado. Parecia uma risada de vilão dos filmes que assistia.

- Por favor vai embora, por favor vai embora... - Ele desejava baixinho, sentindo as lágrimas querendo descer.

A porta foi aberta com um chute, fazendo as peças da fechadura caírem no chão e se espalharem pelo chão do quarto.
O garoto apertou mais o ursinho com uma força que nem sabia que tinha e não conseguiu conter as lágrimas de medo quando a luz do corredor invadiu o quarto. Ele fechou os olhos, ainda tendo esperanças de que tudo aquilo era um pesadelo.

- NÃO FAÇA ISSO! ELE É UMA CRIANÇA! A SUA IRMÃZINHA É UMA CRIANÇA! PENSE NELA! - Gritava o homem no andar de baixo, fazendo o garotinho abrir os olhos e se desesperar quando viu botas pretas passeando em passos calmos pelo quarto.

O garotinho reparou que além de usar botas pretas, a pessoa também usava um sobretudo de couro escuro. Aquele tipo de roupa deixava tudo mais assustador.

- Você pode correr, mas não pode se esconder, Jojo! - Dizia a voz masculina e rouca, destacando um sotaque que foi rapidamente identificado pelo loirinho, e isso assustou ainda mais aquela criança.

Aquele homem continuava passeando pelo quarto, tornando aqueles minutos da vida do pequeno Jojo os mais aterrorizantes possíveis. Ele sabia do seu apelido que apenas os seus familiares e amigos o chamavam.

De repente, o homem parou em frente a cama e virou seus pés, aproximando os seus passos do móvel.

Ele sabia. Ele sabia que Jojo estava ali e isso foi confirmado quando o homem começou a se abaixar lentamente e segundos depois, os olhos azuis do menino se encontraram com os olhos pretos do homem.

Para a surpresa de Jojo, não era um homem. Era um garoto de face bela e jovem, mas isso não melhorava a sua situação, muito pelo contrário, o garoto sorria tão largo e isso apavorava mais Jojo. Porque o sorriso estava carregado de maldade...

- Achei você! - o garoto esticou a mão e o grito que estava preso na garganta de Jojo escapou.

A risada divertida do garoto era alta, o choro de Jojo também era alto, os gritos de seu pai e o latido agitado de um cachorro se misturaram ali também. Tantos barulhos. Tanto medo, tanto rancor. Mas ninguém ouvia nada. Seus únicos vizinhos eram os animais que viviam naquela floresta.

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