Capítulo 121

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Capítulo 121

Quarta-feira
19h09

– Bianca Müller

Abri meu armário e peguei minha bolsa, evitando a todo custo deixar que as vozes das meninas penetrassem na minha cabeça.

Principalmente a da Claire.

— Fazer o que, eu nasci com o dom! — Ela se gabava, rindo com as amigas.

Respirei fundo, vestindo meu casaco e fechando meu armário com tanta força que elas ficaram em silêncio por três segundos. Joguei minha mochila no ombro, ajeitando meus cabelos e pronta para ir embora.

Maldita Diana. Maldito concurso. Maldito sexto lugar.

É realmente uma pena que ter credibilidade com Tristan Tyler não faz de ninguém classificada pra competição... — Claire provocou, atiçando burburinhos de todas as meninas presentes no vestiário.

Puta.

Paralisei no exato momento em que essa frase entrou pelos meus ouvidos. Antes de abrir a porta, dei uma última olhada para Claire.

Ela estava removendo os laços das sapatilhas com um sorriso sarcástico nos lábios, mas suas amigas estavam olhando para mim sem ao menos disfarçar.

Elas estavam presentes quando Tristan convenceu Diana a me dar uma segunda chance e agora estão usando isso para caçoar de mim como se eu não fosse melhor que todas elas juntas.

Eu poderia ter gritado, xingado e ofendido cada uma delas, mas preferi ficar quieta.

Essa vagabunda da Claire é insegura. Esse concurso não é pra ela. O balé não é pra ela.

Ela acabou de ficar entre as cinco escolhidas para uma competição internacional e, ao invés de comemorar, faz questão de me provocar usando o nome de Tristan?

Soltei um risinho de desgosto, mordendo o canto da bochecha. Claire me encarou de forma inocente e inclinou a cabeça para o lado.

— O que foi, Bianca? Esqueceu alguma coisa? — Debochou, sorrindo e erguendo uma sobrancelha.

Respirei fundo, cravando as unhas na própria carne da minha mão e abrindo um sorrisinho falso.

— Boa sorte, Claire. — Sussurrei.

— Eu não preciso de sorte. — Ela rebateu, e eu balancei a cabeça, me virando e saindo do vestiário.

Assim que fechei a porta e coloquei meus pés no corredor, consegui ouvir as gargalhadas vindas de dentro da sala. Passei as costas da mão na bochecha quando uma lágrima escorreu, sentindo um pouco de maquiagem sujando minha pele.

Peguei meu celular com as mãos trêmulas e comecei a andar para fora do prédio. Engoli a seco e desci as escadas com pressa. Nesse meio tempo, disquei o número de Matheus e passei pela recepção, tendo a impressão de que a recepcionista falou comigo, mas não respondi nem voltei.

Abri a porta, sentindo o vento frio da noite sacudir meus cabelos enquanto caminhava apressada até o ponto de ônibus. O número de Matheus chamou várias vezes, até que ele finalmente atendeu.

Fala. — Disse do outro lado da linha, sua voz entediada e arrastada.

— Oi, pode vir me buscar aqui no balé? Vou te esperar no ponto de ônibus. — Avisei com a voz chorosa, secando minhas lágrimas.

Ah, tudo bem. — Ele assentiu, e eu agradeci antes de desligar.

Não fiz questão de manter a chamada, porque ele só iria me ouvir chorando. Quando cheguei ao ponto de ônibus, agradeci por estar vazio, pois assim pude chorar sem me importar em ter alguém me observando.

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