Capítulo 11

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Capítulo 11

Sábado
20:22h

- Tristan Tyler

Cortinas fechadas e luz apagada. O meu quarto estava na maior escuridão. A única luz ali era a da televisão ligada, que estava passando a série na qual um dia me ofereceram um papel de protagonista, mas infelizmente, fui obrigado a rejeitar.

Peguei o controle remoto novamente e desliguei a televisão, deixando o quarto mais escuro ainda.

Suspirei e peguei meu celular, abrindo o WhatsApp e checando se tinha alguma mensagem da minha mãe ou do meu pai.

Nada.

Eles devem estar ocupados no desfile. Espero que esteja tudo ocorrendo bem. Vou nos status e o da Alice era o mais recente. Abro e vejo uma foto dela junto com Miranda, Rafael, Valerian e Elliot juntos na festa. Eles estavam sorrindo e pareciam muito bem sem mim.

"Você ignorou eles a semana inteira e agora está triste que não foi à festa com eles?", diz uma parte do meu subconsciente. Olho para o lado e observo as cortinas fechadas enquanto navego nos meus pensamentos.

"Eles estão bem sem você por perto pra estragar a diversão! Eles não sentem sua falta, tanto que nem fizeram questão de que você fosse com eles!"

Por mais que fosse difícil admitir, eles realmente estavam bem sem mim.

E era exatamente isso que estava me deixando com raiva. Pego o controle remoto e o jogo longe, atingindo a parede e caindo no chão depois.

Para a minha sorte, ele não quebra, mas se quebrasse, não seria problema nenhum.

Que se foda!

Levanto da cama e acendo a luz, depois vou até o meu closet. As luzes dele se acenderam uma por uma, revelando as inúmeras roupas de marcas e vários pares de tênis caros, sem contar os relógios e os outros acessórios guardados em gavetas diferentes. Vou até os meus casacos que estavam separados no cabide e escolho um preto liso. Passo por cima da cabeça e depois volto para o meu quarto.

Pego meu celular, minha carteira e as minhas chaves e coloco dentro do bolso da minha calça de moletom. Apago as luzes e saio do quarto, descendo as escadas em silêncio.

Como os meus pais tinham saído, os seguranças aproveitavam para jantar mais cedo, ou seja, o portão principal estava livre para eu sair sem ninguém me ver.

Quando chego na sala, ouço as risadas dos seguranças e da Nádia vindo da cozinha. Balanço a cabeça negativamente e meu olhar cai sobre a mesa de vidro que ficava atrás do sofá, onde meu pai deixava seus melhores whiskys. Ando até ele e pego uma garrafa cheia que estava dentro do balde cheio de gelo.

Abro a porta devagar e saio para o jardim, fazendo o mesmo processo até o grande portão. Como eu já esperava, não tinha ninguém lá, então foi fácil sair.

A rua estava vazia. Mas como é sábado, com certeza deve ter alguém na pracinha do condomínio. Isso não era tão importante, eu só precisava correr para bem longe dali antes que alguém me visse e me trancasse de volta naquela "torre".

Quando me afasto o suficiente, paro de correr e fico atento se ver alguém da família estava por perto. Mas provavelmente, todos os adultos devem estar no desfile da minha mãe ou até mesmo saindo para um jantar de casal. Essas coisas que adultos fazem quando os filhos vão passear.

Enquanto caminho até a maldita portaria, abro a garrafa de whisky e a aproximo do meu nariz. O cheiro não era tão bom, mas quem sabe o gosto não seria melhor?

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