Capítulo 108

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Capítulo 108

Sábado
18h32

– Bianca Müller

Mikaela estava grávida.
Minha irmã mais nova, de apenas 16 anos de idade, estava grávida e eu iria ser titia.

Mas antes que eu soubesse disso, ela sofreu um aborto espontâneo sem dizer uma única palavra para mim ou para a nossa mãe.

Cubro Mikaela com o lençol e ela continuava calada, chorando desde o momento em que a tirei daquele chão e dei banho nela para limpar aquele sangue nas suas pernas. Depois disso, a ajudei a se trocar e a coloquei para se deitar no seu quarto.

— Não conta pra mamãe, pelo amor de Deus! - Ela implora com os olhos cheios de lágrimas.

— Mikaela, gravidez não é brincadeira, muito menos aborto. Você precisa ir no médico. - me sentei na cama.

— Se a mamãe descobrir, eu estou ferrada! Por favor, Bianca! Não diz nada! - Ela insiste.

Eu não sei o que fazer ou o que falar. Não sei de nada. A única coisa da qual eu sabia era que Mikaela precisava ir no médico.

Observo seus olhos lacrimejados e cheios de desespero, sinto um aperto no peito e engulo a seco. Meu Deus, é inevitável!

— Tudo bem. Eu não vou dizer nada pra ela. - Asseguro e ela seca suas lágrimas com as mãos trêmulas. - Mas precisa me contar quem é o cara. - pedi e os olhos dela mudaram.

Não. - Sua voz vacilou e ela desviou o olhar.

Não? Por que não? - A observei sacudir a cabeça.

— Porque eu não quero. - se encolheu e depois cobriu a cabeça com o lençol, mas eu o puxei.

— Mikaela, eu não estou brincando! - me levantei, mas ela agarrou o cobertor para continuar se escondendo.

— Caralho! Me deixa descansar! Eu estou com dor!

Eu soltei o lençol e ela continuou coberta, então, eu a escuto chorar baixinho.

Eu vou arrancar o pau desse filho da puta!

Começo a procurar o celular de Mikaela e o encontro carregando em cima da sua escrivaninha. Corro até ele, tiro do carregador e Mikaela escuta meus passos apressados, tirando o lençol da cabeça e arregalando os olhos ao me ver saindo do quarto com a maior prova do crime.

— Bianca, não faz isso! - Ela se levanta e corre atrás de mim, mas antes que pudesse chegar, eu me tranco no meu quarto. — BIANCA! ME DEVOLVE! - Diz, enquanto espanca a porta de forma sobrenatural.

Eu me assusto e me afasto, começando a desbloquear o celular dela com a data do nosso nascimento enquanto tento ignorar os berros assustadores de Mikaela.

EU NÃO ESTOU BRINCANDO COM VOCÊ, SUA VAGABUNDA DE MERDA!  - Grita, transtornada e socando ainda mais a madeira.

Abro suas conversas e mensagens, ignorando seu surto assustador e começo a vasculhar seus contatos.

Posso estar vacilando? Posso, mas é para o bem dela. Não posso deixar minha irmã ficar com um qualquer.

— BIANCA, POR FAVOR! - Ela para de gritar e começar a chorar, implorando para que eu abra a porta. - Não faz isso comigo! - Ela dá uma pausa e grita.

Seu grito ecoa pela casa e talvez pela vizinhança, demonstrando todo o pavor e desespero que ela estava sentindo.

Mas tudo fica em silêncio quando pesquiso a palavra "gravidez".

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