Capítulo 65

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Capítulo 65

Segunda-feira// 07:52am

– Bianca Müller

Rafael ainda mantinha seus olhos azuis presos aos meus e confesso que fiquei um pouco tensa por ter o encontrado sozinho ali. Tinha medo dele me dar alguma bronca por ter destruído seu momento de paz ou privacidade.

— Ah, oi, Rafael! Não sabia que era você! - solto um risinho sem graça e me aproximo do muro no qual ele estava sentado.

— Como você veio parar aqui? - Pergunta e para o meu alívio, não encontro grosseria no seu tom de voz, então rapidamente busco respondê-lo.

— Eu vi a porta aberta e resolvi subir para procurar a Alice. - explico e ele me avalia de cima à baixo. - Aliás, você sabe onde ela está?

— Não. - responde, abaixando o olhar e meu coração se parte ao meio quando ouço isso.

Eu subi essa porra toda pra nada?!

Jogo a cabeça para trás, sentindo vontade de chorar. Me apoio no muro e começo a massagear meus pés que estavam extremamente doloridos.

— Aonde essa garota se meteu? - Pergunto à mim mesma, olhando para o céu.

Alice, eu juro que quando te encontrar, vou te xingar muito!

Olho novamente para Rafael assim que ouço uma tosse sinistra saindo da sua garganta e acabo ficando surpresa ao ver um cigarro entre seus dedos.

Eu não sabia que ele fumava ou que podia fumar, até porque ele é filhinho de mamãe e papai! Nunca se passou pela minha cabeça que o moreno gostava de usar essas porcarias...

Levantei as sobrancelhas e olhei para o seu rosto, vendo que seus olhos estavam um pouco inchados e vermelhos.

Ele estava chorando?

— Você está bem? - Pergunto automaticamente e desvio o olhar, temendo tomar um fora do garoto ao ver o mesmo tentando esconder o cigarro.

Rafael me encara com a sobrancelha erguida como se não tivesse entendido a minha pergunta.

— Acho que sim. - Me lançou um sorriso tímido, olhando para os meus pés. - Quem não parece bem aqui é você. Não deve estar acostumada a subir tantas escadas, não é? - brinca e eu solto um risinho.

— Não mesmo! - Balanço a cabeça. - Quando eu encontrar a Alice, vou matá-la por me fazer subir até aqui. - Reclamo e ele sopra um risinho.

— Você quer? - Oferece o cigarro e eu faço uma careta.

— Não, obrigada, não fumo quando estou sóbria. - apoio minhas mãos no muro e me impulsiono para sentar ao seu lado.

— Só quando está bêbada? - Questiona.

— Muito bêbada. - Limpo minhas mãos na saia preta do uniforme.

— Você não tem cara de quem bebe ou fuma. - Ele balança a cabeça em negação e eu solto um riso descontraído com o seu comentário.

— Não me entenda errado, mas quem tem cara de quem não faz nada disso aqui é você. - Confessei, olhando para a vista atrás de mim e quando volto a olhar o garoto, ele tinha jogado o cigarro fora.

Rafael tombou a cabeça para o lado e soprou uma fumaça no ar. Olho para baixo e tento não entrar em pânico ao ver a altura daquele prédio, mas o meu pré-desespero logo desaparece, porque a pedra era grossa o suficiente para que duas pessoas andassem em cima dela.

— Olha, tem como você não contar para a Alice que me viu usando isso? - Ouço o garoto sussurrar, como se estivesse com medo da minha resposta.

— Usando o que? - Levantei uma sobrancelha, me fingindo de desentendida e o garoto sorriu. - Relaxa, eu não vou contar nada pra ela!

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