Capítulo 100

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Capítulo 100

Sexta-feira
17h57

– Tristan Tyler

Segurei o papel do contrato trêmulo, tentando conter minhas emoções enquanto Brad falava sobre gravar uma nova temporada da série em Paris e ficaríamos lá durante o período das gravações.

Meu corpo imediatamente rejeitou a ideia, começou a ficar fraco e eu tive que me sentar para não cair.

— E se eu não for? - Tomei coragem para perguntar e passei os dedos pelos meus olhos, sentindo todo o peso da culpa e dor de cabeça me atingirem como um raio.

— Você não tem escolha. - Brad deu de ombros, acendendo o seu cigarro e dando um trago. - Você vai ou eu acabo com você, com a sua família e com a bela carreira da sua mãe.

A mesma maldita chantagem.

— Ainda resta alguma aqui pra você acabar? - Cuspi as palavras, sentindo meu corpo tremer de raiva por lembrar de tudo o que ele tirou de mim.

— Mais do que você imagina, meu neném. - Sorriu de maneira cruel. - Se você não aceitar ir, eu digo para a Eliza. Ela vai saber o que fazer. - Eu solto um risinho em deboche e balanço a cabeça desacreditado de que estava acontecendo de novo. - Ela sempre soube o que fazer.

— Você não sabe nada da minha mãe. - Rebati.

— Sei mais do que você pensa, Tristan. - Ele dá mais um trago no cigarro.

— Não. Não sabe. - Encarei os olhos dele, sentindo meu corpo estremecer. - A única coisa da qual você sabe é que meu avô era um alcoólatra. Que minha vó era uma prostituta que só virou prostituta porque tinha que sustentar a minha mãe e a minha tia... - Ele me interrompeu.

— E você acha que o mundo conservador em que vivemos vai aceitar uma história terrível como essa se eu levar adiante? - Ele sorriu.- Espera só quando descobrirem que sua mãe também era uma garotinha de programa. - Não consigo disfarçar o meu choque, para a satisfação de Brad. - Ou você não sabe dessa parte? - Se levantou, e eu fiz o mesmo. - Ah, típico da antiga Eliza, sempre ocultando verdades para se dar bem!

— Não fala da minha mãe. - sussurro, minha voz falha e eu amasso o papel nos meus dedos, tentando me acalmar de alguma forma.

— Você é tão estúpido, Tristan. - ele se apoiou na mesa. - Acorda! Sua mãe era uma fodida! Como acha que ela subiu na vida? Trabalhando honestamente? - Questionou, irônico e ao notar o meu desespero, a minha confusão, ele decide dar continuidade. - Pois bem, meu querido, eu vou te contar a doce história da sua mamãe. - Ele apagou o cigarro.

— Não. - Balanço a cabeça negativamente. - Eu não quero saber. Você está mentindo.

Eu não quero saber que história é essa. Eu não quero saber o que a minha mãe fez. Eu não quero saber de nada!

— Mentindo? Se eu estou mentindo, como acha que você parou aqui comigo? - ele zombou e eu paralisei quando uma terrível memória se passa diante dos meus olhos.

~×~

Há 8 anos...

Eu tinha apenas oito anos quando conheci Brad, um famoso e gentil homem que era amigo da mamãe.

Quando ela nos apresentou, a primeira coisa na qual eu notei foi a maneira como eles se olhavam.

— Então, esse é o Tristan? - Brad se agachou, ficando a minha altura e eu me escondi atrás da minha mãe, envergonhado.

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