Capítulo 118

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Capítulo 118

Terça-feira
09h17

– Alice Tyler

Me encontro dobrada sobre o vaso sanitário, vomitando sem entender por que meu corpo está reagindo assim. O enjoo veio de repente. Cada vômito é seguido por uma sensação de fraqueza, como se parte de mim estivesse sendo arrancada.

Foi aquele olhar amaldiçoado que Jack lançou sobre mim...

Finalmente, consigo me erguer e, cambaleante, chego até a pia. Ligo a água e deixo-a correr, sentindo a dor queimação nos olhos. Permito-me chorar, as lágrimas se misturando com a água da torneira.

Meu corpo inteiro treme e eu só queria que aquele pânico passasse. Era tão desesperador querer parar de chorar e não conseguir...

Evito olhar para o espelho acima da pia. Não quero ver o reflexo da confusão e do fracasso que estou sentindo.

É então que a porta do banheiro se abre. O som ecoa no ambiente, alertando-me da presença de alguém. Levanto um pouco o olhar e vejo Miranda parada na entrada. Ela me encara por um momento, antes de seus olhos começarem a demonstrar  preocupação e curiosidade.

— Meu Deus, Alice! O que aconteceu? — Ela pergunta, avançando lentamente em minha direção.

Eu tento formular uma resposta, mas as palavras não saem. Apenas balanço a cabeça em um gesto negativo, sentindo-me vulnerável e exposta diante dela.

Miranda se aproxima e coloca a mão em meu ombro com delicadeza.

Não suporto chorar mais.

Miranda me envolve em um abraço reconfortante, seus braços quentes envolvendo meu corpo trêmulo. Ela tenta me acalmar.

Eu me permito afundar um pouco mais em seu abraço, buscando conforto e alívio. Mas a culpa pesa em meu peito, e é difícil ignorá-la por mais tempo.

Com um suspiro tremido, confesso a verdade que me consome por dentro.

— Eu vi a Athena no documentário... — minha voz sai num sussurro, carregada de dor e remorso.

— A Athena...? - Pergunta. - A mãe dos...

— E eu vi o Skyler também. - completo antes que ela terminasse de falar.

As palavras saem como uma confissão pesada, liberando um pouco do fardo que venho carregando desde aquele dia terrível. O abraço de Miranda se torna mais solto.

— Ah, Alice... — Ela lamenta, beijando o topo da minha cabeça.

Ele morreu por minha culpa. — Afasto-me, sentindo-me sufocada naquele abraço.

Miranda arregala os olhos e balança a cabeça.

— Mas é claro que não! Alice, foi uma tragédia! Você não teve culpa de nada!

Eu poderia ter evitado! — Escondo o rosto, agarrando-me à pia para não cair. — Eu fui uma idiota egoísta! Tristan sempre esteve certo, sou egoísta, patética!

— Não, Alice! — Ela tira as mãos do meu rosto, forçando-me a encarar seus olhos verdes sérios. — Você não teve culpa de nada do que aconteceu! Pare de dizer isso! Por que está falando essas coisas?! É loucura!

Talvez porque seja só isso que tenha me restado: loucura, medo e remorso.

— Quer que eu ligue para o tio Peter vir te buscar? — Pergunta, limpando minhas lágrimas.

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