Capítulo 107

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Capítulo 107

Sábado
17h45

Regina admirava o seu próprio reflexo no espelho e a forma como aquele vestido se encaixava bem no seu corpo, deixando-a com mais cara de adulta.

"Será que o Jack vai gostar? Eu estou muito bonita! Bem mais que aquela Bianca! Seria idiotice ele não gostar!", ela ajeitou o decote da vestimenta.

— Filha? - Ouviu a voz de seu pai e sorriu animada, olhando para trás e vendo Felipe, parado na porta do seu quarto.

— Oi, pai! - Ela se encolheu, envergonhada quando seu pai se aproximou.

— Que roupa é essa? - Ele perguntou com a sobrancelha erguida, pois nunca tinha visto Regina com aquele tipo de vestido.

— Ah, eu comprei! - Ela explicou, ainda sorrindo. - Gostou?

Felipe sorriu e colocou sua mão no rosto da filha. Apesar de ser um vestido "vulgar" e inapropriado para a idade dela, ele gostava de ver Regina feliz.

— Você conseguiu ficar ainda mais linda. - elogiou e a menina riu, vermelha.

Os sorrisos de seus filhos faziam Felipe esquecer do peso do mundo que desabava sobre seus ombros.

— Ah, pai! - Regina agarrou as mãos do Felipe. - Eu preciso te dizer uma coisa. - Sussurrou e o homem desviou o olhar. - Mas o senhor precisa prometer que não vai ficar irritado.

Felipe juntou as sobrancelhas, já irritado com a situação que ele nem sabia qual era.

Sua bebê já estava vestindo roupas de adulta, teria como ficar pior? 

— Eu prometo. - Ele mentiu, dando um falso sorriso.

— Eu conheci um garoto. - Contou e logo, toda a falsa felicidade de Felipe desapareceu ao escutar a última palavra.

A pior palavra do mundo.

— Um... - ele deu uma pausa. - Garoto? - repetiu e ela assentiu, tímida. - Que garoto? Mora aonde? Como ele é? Você gosta dele? Quantos anos ele tem?  - fez uma careta.

— Pai! - A mais nova riu. - Se acalma. O nome dele é Jack. Jack Hartmann. Ele é um príncipe comigo. Gentil, educado, amoroso e muito inteligente.

Felipe não confiava em pessoas assim.

— E, eu gosto dele. Ele tem dezessete anos. - completou a falsa ficha do rapaz.

— Dezessete anos? - Felipe arregalou os olhos.

Um cara de dezessete anos com uma menina de quinze. Felipe já sabia muito bem aonde isso iria dar.

Mas como explicar para Regina, a menina mais frágil e doce da família de que esse tal de Jack só estava querendo se aproveitar do corpo, inocência e das emoções que ela não sabia controlar?

— Ele é um bom rapaz, papai. - Regina tentou convencer.

— É disso que eu tenho medo. - ele sussurrou. - Não devemos confiar em quem se diz bom. As pessoas mentem e nossos sentimentos nos enganam. Nós achamos que alguém é bom pra nós, porque o amor é cego e na maioria das vezes, aceitemos qualquer coisa por estarmos desesperados para possuirmos aquilo que não temos. - Colocou uma mecha do cabelo de Regina atrás da orelha. - Ficamos loucos quando vemos que não é recíproco, começamos a achar que o problema está em nós, que não somos perfeitos o bastante, cometemos as piores loucuras para aquela pessoa não nos abandonar quando vemos que ela está preferindo outro alguém...

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