Famílias distintas

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(P.O.V. Sirius)

(01/09/1973)

Eu chorara rios antes de sair de casa. Não sabia se eram lágrimas de raiva por me olhar no espelho e não me reconhecer ou se eram lágrimas de felicidade por finalmente ir embora daquela casa.

- Espero que tenha aprendido a lição dessa vez – foi o que ela sussurrou rente ao meu ouvido ao entrarmos na plataforma.

- Não se preocupe, mamãe – a olhei diretamente -, deixaram isso muitíssimo evidente para mim. Pode me soltar agora? – Seus dedos se distanciaram do meu braço, deixando-o avermelhado, e eu desviei o olhar do dela.

- Acho bom mesmo, Sirius. – Meu corpo se enrijeceu assim que a mão de Órion foi pressionada contra meu ombro. – Nenhuma palavra, me entendeu? – Tentei não olha-lo, mas ele colocou a outra mão em minhas costas e eu quis sair correndo. – Me entendeu?

- Entendi. – Mantive meus olhos distantes dos dele.

- Papai, Sirius. Diga.

- Eu. Entendi. Pa-pai – resmunguei por entre os dentes e ele tirou as mãos de mim.

- Agora vá e leve seu irmão junto com você – ordenou Órion, colocando a mão no ombro de Walburga, que me lançou um último olhar antes de sumir com ele.

- Você não ouviu o que eles disseram, não é?

- Eu ouvi, Reg. Cada palavra.

- Vai obedece-los... então? – Meu irmão se pôs à minha frente, esperançoso.

- Em casa? Provavelmente. Em Hogwarts? Garanto que eu vou ser muito pior a partir de agora.

- Sirius...

- Que foi? – Ele abriu a boca, mas a fechou. – Reg?

- Você é completamente louco! – Dei de ombros. – Você não...

- Não se preocupa comigo, eu...

- Eu te odeio! – exclamou e saiu em disparada em direção ao trem.

- Régulus! – Tentei correr até ele, mas minha perna esquerda não me deixou ir muito longe.

Sozinho. Era assim que eu me sentia... Completamente sozinho e desamparado depois de tudo que aconteceu. Até que...

- Sirius?

- James! – Praticamente me joguei em cima dele, o abraçando.

- Puta merda! – Jay pronunciou ao me soltar de um longo abraço. – O seu cabelo...?

- Podemos não falar dele? – James apenas assentiu.

- Há quanto tempo você não come, irmão?

- Eu comi antes de vir pra cá... – Sorri falsamente ao notar os olhos de tia Euph e de tio Monty fixos em mim.

- Ah, entendi...

- Cadê o Remus e o Peter? – perguntei, olhando em todas as direções possíveis.

- Eu acabei de chegar. Ainda não os vi. Quer esperar aqui ou prefere ir pra nossa cabine de sempre?

- Cabine. Eles conhecem o caminho.

- Ótimo. Tchau, mãe. Tchau, pai.

- Adeus, queridos. Tenham uma boa viagem! Não se esqueçam de me mandar cartas. Você vem pro natal, certo, Sirius?

- Se não for incomodar a senhora...

- Claro que não, querido. Você sempre será bem-vindo em nossa casa.

- Obrigado, tia Euph.

- Não tem de que. Não aprontem demais, crianças!

- Pode deixar, mãe, vamos tomar cuidado pra não sermos pegos! – Jay disse, rindo.

- Prometemos não ter tantas detenções esse ano, tia Euph! – completei, me juntando aos risos de James.

- Não foi isso que eu disse, vocês dois... – Mas já era tarde demais, estávamos longe o suficiente para que ela nem mesmo tentasse completar a frase.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora